Você certamente já leu, viu ou ouviu alguma notícia sobre a fábrica da BYD em Camaçari (BA). Seja pela apresentação dos primeiros carros montados no local, ou pelas denúncias de condições análogas à escravidão de trabalhadores chineses, o complexo tem sido tema frequente da imprensa. Com a inauguração da primeira fase se aproximando, mais detalhes da operação da unidade começam a ser divulgados.
Em entrevista exclusiva, Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD, afirmou que uma das licenças que impedem a abertura da fábrica já foi emitida. A segunda deve sair nos próximos dias. Além disso, o executivo disse que, nos primeiros 12 meses de operação, ou seja, até o final de 2026, serão montados no local oito modelos diferentes.
A fabricante chinesa já confirmou metade dos modelos que planeja montar na unidade. A operação começa com o elétrico Dolphin Mini e os híbridos Song Pro e King. Ainda em 2025, conforme antecipado por Autoesporte, o Dolphin também passará a ser finalizado em Camaçari. Desse modo, restam outros quatro modelos a saber.
A tendência é que o Song Plus também entre para a lista, já que é um dos carros mais vendidos da BYD no Brasil. Considerando o posicionamento estratégico de seus segmentos, os SUVs elétricos Yuan Plus e Yuan Pro devem reforçar a lista, chegando a sete o número de carros montados por aqui. Com isso, restaria uma vaga.
Em entrevista, Baldy afirmou que nem todos os veículos que serão montados na Bahia já foram lançados. Podemos deduzir, então, que o oitavo modelo muito provavelmente é a picape intermediária derivada do Song que será apresentada ainda em 2025, com vendas começando no ano que vem. Uma fonte ligada à marca afirmou que ser montada no Brasil é condição primordial para um bom posicionamento no mercado.
Certo é que, quando for inaugurada, provavelmente entre agosto e setembro, a fábrica vai operar em esquema SKD (semi knocked-down), ou semi-desmontado, na tradução livre, por pelo menos um ano. Isso significa que as peças chegam importadas já prontas, em caixas. A montagem se dá unicamente para juntar todos os componentes, um processo bem menos complexo do que uma produção propriamente dita.
Pelo baixo nível de produção local, a tributação dos kits importados é a mesma de veículos já prontos. As alíquotas atualmente são de 28% para híbridos plug-in e 25% para elétricos. A BYD tenta, junto ao governo, uma redução das tarifas. Se conseguir, se compromete a deixar de importar os modelos que montar na Bahia.
Por outro lado, existe a desconfiança de que, caso seja bem-sucedida na empreitada, pode desacelerar as obras para ter uma fábrica plena no Brasil. Durante evento de apresentação da unidade, Baldy reforçou a promessa de ter etapas verdadeiramente produtivas em Camaçari.
Os chineses também apresentaram um projeto para homologar mais de 160 fornecedores locais. Quando a fábrica for aberta, ao menos os pneus dos modelos serão feitos no Brasil. A Continental foi a primeira empresa habilitada a fornecer componentes para os carros chineses.
Para conseguir avançar no índice de nacionalização, a BYD precisa, antes, concluir as obras no complexo. E isso passa pela maior crise enfrentada pela fabricante no Brasil: as acusações de trabalho análogo à escravidão nos canteiros de Camaçari.
Após denúncias da Agência Pública com imagens de trabalhadores em condições degradantes e abertura de processo pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), a BYD rompeu contrato com a construtora chinesa responsável por trazer trabalhadores do país para as obras da fábrica.
Agora, a BYD afirma que contratou uma empreiteira brasileira para seguir com a construção de outros galpões. Baldy afirmou que os embargos às obras já foram suspensos. Autoesporte procurou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em nota, a pasta confirmou a informação, e disse que as obras foram liberadas em 8 de julho.
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Fonte: direitonews