Teste: Fiat Argo 1.0 é um dos últimos carros manuais do país; vale a pena?


O Fiat Argo é um hatch compacto que não passou por grandes mudanças no Brasil desde seu lançamento em 2017. A atualização mais expressiva aconteceu nesta linha 2026, quando o compacto recebeu nova grade e faróis de LED nas versões mais caras. Portanto, quando a configuração de entrada, Drive 1.0, chegou à redação para teste, meu primeiro pensamento foi: será que vale a pena?

Antes de responder, vale um contexto sobre preços. O Fiat Argo mais barato, equipado com câmbio manual de cinco marchas, está tabelado em R$ 94.990. Entretanto, o modelo foi contemplado pelo programa ‘Carro Sustentável’, do Governo Federal, que zera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Dessa forma, o hatch compacto tem desconto de R$ 8 mil e sai por R$ 86.990.

Sei que não é valor lá tão acessível, mas o peso é maior no caso do carro da Fiat. Isso porque o hatch não envelheceu tão bem quanto outros concorrentes no mercado, como Volkswagen Polo (o carro de passeio mais vendido do Brasil), Hyundai HB20, Citroën C3 e Chevrolet Onix.

Justamente por isso, a Fiat já tem na manga a próxima geração de seus carros compactos. Estes serão baseados na plataforma Smart Car, que também dará vida a outros modelos de segmentos distintos. O lançamento deve acontecer nos próximos dois anos. Até lá, é provável que não tenhamos tantas novidades no Argo, que perderá espaço futuramente para o Grande Panda.

Dito tudo isso, acho importante falar que esse foi o meu primeiro contato com o Fiat Argo (na vida). Confesso que é um carro simples, mas justo em alguns pontos. Se me permitem dizer, é sim uma boa opção de compra para quem está em busca de um primeiro carro para chamar de seu. Quem, por exemplo, acabou de tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Explico o motivo. O Fiat Argo é um carro fácil de dirigir. Responde bem no pedal e tem uma boa relação entre motor e câmbio — tópico que abordarei mais adiante. Fora isso, também tem um valor de cesta de peças chamativo: R$ 8.177, segundo o levantamento do Qual Comprar 2025 feito por Autoesporte. Isso mesmo com os desejados LEDs nos faróis. Então, em casos de pequenos acidentes, a reposição não é tão salgada.

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A minha primeira impressão é de ser um carro despojado. No caso da versão de entrada do Fiat Argo 2026, que desvendaremos nesse teste, as rodas são de 14 polegadas com calotas, mas que mesmo assim têm um perfil alto (175/65 R14).

Entretanto, o que me chamou atenção no Argo foi o espaço razoável (o hatch tem 4,03 metros de comprimento). Em contrapartida, o entre-eixos de 2,52 metros não permite que passageiros mais altos viagem com tanta tranquilo no banco traseiro. Para se ter uma ideia, o Volkswagen Polo tem 4,07 m de comprimento e 2,56 m de entre-eixos, o suficiente para garantir maior conforto.

As outras medidas do compacto da Fiat, de 1,72 m de largura e 1,51 m de altura, estão na média do segmento. O porta-malas oferece uma boa capacidade de 300 litros, considerando a categoria. Não é ideal para uma família grande, mas um casal não passa sufoco. Porém, é fato que o banco traseiro inteiriço limita a modularidade do compartimento.

Agora, quando o assunto é acabamento interno, caímos em um denominador comum. Afinal, os hatches compactos de entrada acabam por pecar nesse aspecto. No Argo não é diferente, já que a cabine traz muito plástico áspero ao toque e pouca variação de texturas. Entretanto, o que mais me chamou atenção (de forma negativa) foram as rebarbas em algumas peças das portas e painel. Falta um requinte, mesmo sendo um carro de proposta acessível.

Um ponto positivo é a central multimídia UConnect. Sim, é pequena, com apenas 7 polegadas, mas o sistema é fácil de mexer e tem ótimo funcionamento, além da conexão para Android Auto e Apple CarPlay sem fio — recurso adotado na renovação da linha. A tela, contudo, já foi substituída em outros carros da marca por versões maiores e mais modernas. Isso porque, com o espelhamento ativo, a área útil é ainda menor por contar com elementos fixos.

De fato, o Argo tem uma proposta mais básica. Porém, a Fiat deixou de lado um recurso muito importante na hora das manobras: a câmera de ré — que faz parte de pacote opcional “Drive Top”, que custa R$ 2.300 e inclui ainda calotas exclusivas, ar-condicionado digital e chave presencial. Portanto, se você não quiser desembolsar uma grana extra, o compacto traz apenas sensores de estacionamento.

A lista se completa com controles de estabilidade e tração, assistente de subida e freios ABS. Todavia, o hatch deixa a desejar (e muito) quando o assunto é segurança. Afinal, vem equipado com apenas os dois airbags frontais exigidos por lei. Para efeito de comparação, HB20 e Onix, por exemplo, têm seis almofadas de ar, enquanto o Polo Track tem quatro.

Agora vamos ao desempenho. Na versão de entrada, o Fiat Argo é equipado com o conhecido motor 1.0 Firefly de 75 cv de potência e 10,7 kgfm de torque com etanol, sempre associado ao câmbio manual de cinco marchas. Esse conjunto tem como ponto positivo a baixa manutenção e os engates macios.

Na prática, assim que engatei a primeira, o carro já deu aquela “empurrada”. É uma resposta imediata típica da relação curta dos câmbios Fiat. Ou seja, é muito fácil sair da inércia. A segunda, por sua vez, tem acerto que compensa, especialmente, em uso urbano, a timidez do 1.0 aspirado.

Com sua relação mais encurtada, os giros até que se elevam, mas mantém o carro no jeito. Na segunda marcha, por exemplo, cheguei aos 45 km/h. Aqui, no entanto, já é bom procurar a terceira buscando por economia de combustível.

Todo esse cenário faz com que o Argo seja ideal para o uso urbano. Afinal de contas, embora seja possível manter boa velocidade e trabalhar as reduções nos casos de trajetos rodoviários, o Argo é lento nas retomadas.

Como temos uma quinta bem alongada e uma quarta que não é longa o suficiente, o motorista tem de apelar para a terceira marcha (com escalonamento adequado para ciclo urbano e rodoviário). Assim, garante fôlego suficiente para que o modelo não sofra tanto em retomadas e ultrapassagens.

Além deste pequeno incômodo, principalmente, nas retomadas entre 80 km/h e 100 km/h, o exemplo também se reflete no 0 a 100 km/h feito em 13,9 segundos, de acordo com dados da própria marca.

Outro detalhe, porém, que vai agradar alguns motoristas é a suspensão macia. Confesso que, no meu caso, prefiro acertos mais firmes, com menor rolagem de carroceria e direção mais precisa. Então, na minha opinião, portanto, o Argo é meio “molenga”, com acerto que preza mais pelo conforto de condutor e passageiros.

O hatch compacto, bom ainda dizer, também é econômico. De acordo com as médias do Inmetro, com etanol, o compacto faz 9,4 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada. Já com gasolina temos 13,6 km/l e 14,5 km/l, respectivamente. No percurso urbano, cheguei a fazer uma média de 12,5 km/l; então, nesse quesito o motorista não vai precisar se preocupar tanto com o bolso.

De modo geral, o Fiat Argo é um carro “barato” de manter. Ainda de acordo com o Qual Comprar 2025, levantamos que as cinco primeiras revisões do modelo têm preço definido em R$ 4 mil. Mesmo assim, entendo que é difícil de usar o termo “barato” hoje em dia, embora o Argo custe a partir de R$ 87 mil com o desconto do IPI.

Algo que posso dizer é que o Argo pode não agradar motoristas mais experientes e que primam por um maior desempenho na hora de dirigir. Mas é um carro simples, que cumpre a função de facilitar a vida do condutor que fica atrás do volante por muito tempo no anda e para das cidades.

Por isso, o hatch também chama a atenção de motoristas de aplicativo, bem como condutores iniciantes. Mesmo clamando por uma atualização, é um carro econômico e, para os dias atuais, justo.

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Fonte: direitonews

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