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A Justiça do Acre decretou a prisão preventiva do líder indígena Isaka Ruy, suspeito de estuprar a turista chilena Loreto Belen durante uma estadia na Aldeia Me Nia Ibu, do povo Huni Kuî, localizada em Feijó, no interior do estado. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, que agora considera o investigado como foragido.
A denúncia foi registrada por Loreto Belen na delegacia de Feijó em 23 de junho. Ela relatou que chegou à comunidade no dia 15 de maio para participar de uma vivência na floresta, com duração de várias semanas. Durante o período, afirmou ter sido vítima de ao menos três episódios de abuso sexual, sendo o último no dia 17 de junho.
De acordo com o delegado Dione dos Anjos Lucas, responsável pela investigação, a prisão foi solicitada logo após a conclusão de exames médicos da vítima, que indicaram indícios de estupro mediante fraude. O mandado foi expedido pela Justiça no dia 27 de junho.
“Com base nos exames, pedi a prisão para preservar a investigação e evitar constrangimento à vítima”, declarou o delegado à imprensa local. Ele também informou que foram realizados exames de lesão corporal e sexologia forense, e que há investigações em andamento sobre outras possíveis infrações, como furto ou roubo de um celular, cárcere privado e tentativa de ocultação de provas.
A Polícia Civil apura se o indígena deixou Feijó com destino a São Paulo, mas essa informação ainda não foi confirmada oficialmente. “Consideramos ele foragido. Tentei contato diversas vezes, até por respeito à comunidade indígena, mas ele não responde”, disse Dione.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Loreto Belen relatou detalhes da sua experiência na aldeia. Segundo ela, o primeiro abuso teria ocorrido quatro dias após sua chegada, durante um banho medicinal. A turista contou que o segundo episódio se deu durante um período de isolamento na floresta, e o terceiro, em uma área de mata próxima à aldeia, quando, segundo seu relato, foi estuprada após recusar um envolvimento afetivo com o líder indígena. Ela também afirma ter sido agredida fisicamente pela esposa de Isaka logo após o abuso.
A turista ainda relatou que familiares do suspeito pediram que ela apagasse vídeos gravados durante os episódios e ofereceram desconto no valor do pacote adquirido — de R$ 5,5 mil para R$ 2,5 mil — além de convidá-la a permanecer na comunidade sem custo adicional.
Após retornar ao Chile, Loreto afirmou ter decidido tornar o caso público para encorajar outras mulheres a denunciarem situações semelhantes. Ela recebeu apoio do Departamento Bem Me Quer, da Polícia Civil, e do Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM).
Isaka Ruy nega as acusações. Em entrevista à imprensa local, disse que prefere não comentar o caso, mas que está confiante de que provará sua inocência. Ele não informou se pretende se apresentar à polícia.
As investigações continuam sob responsabilidade da Polícia Civil do Acre. A aldeia Me Nia Ibu é uma das várias comunidades do povo Huni Kuî que realizam vivências com visitantes nacionais e estrangeiros interessados na medicina tradicional da floresta.
Fonte: gazetabrasil