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A ex-atriz e psicóloga Suzy Camacho, de 64 anos, está sendo investigada pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de desviar aproximadamente R$ 42,2 milhões do empresário Farid Curi, com quem foi casada. O empresário, que foi um dos fundadores da rede Atacadão, morreu em 2022, aos 85 anos.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), o caso foi apurado pelo 4º Distrito Policial (Consolação), por meio de inquérito que investigou possíveis crimes previstos nos artigos 102 e 107 do Estatuto do Idoso. O procedimento foi concluído em 6 de junho e encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se oferece denúncia à Justiça.
O artigo 102 trata da apropriação ou desvio de bens e rendimentos de pessoa idosa, enquanto o artigo 107 se refere à coação para que o idoso realize atos como doações, contratos ou concessão de procurações.
A investigação teve início a partir de uma denúncia feita pelos filhos de Farid. Segundo o advogado que os representa, Rodrigo Carneiro Maia Bandieri, Susy Camacho teria se aproveitado do quadro de saúde fragilizado do empresário — com comprometimentos cognitivos e físicos, intensificados a partir de 2019 — para assumir o controle de suas finanças.
De acordo com Bandieri, análises de declarações de Imposto de Renda, movimentações bancárias e relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicaram um aumento patrimonial incompatível com os rendimentos declarados por Susy à Receita Federal. A suspeita é de que ela tenha transferido recursos para contas próprias, de familiares e também para o exterior, em locais como Mônaco e Miami, onde teriam sido identificadas movimentações que somariam mais de R$ 18 milhões.
Ainda segundo a investigação, ela teria isolado o empresário do convívio com os filhos e com a funcionária de confiança que cuidava de suas finanças. A gestão dos recursos teria sido transferida ao irmão de Susy, Pompilio Camacho, que passou a ser cotitular de uma das contas bancárias do ex-marido. Essa conta teria sido usada para saques em espécie e transferências consideradas atípicas.
A defesa de Susy Camacho, representada pelo advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, contesta as conclusões do inquérito. Em nota, o advogado afirma que o relatório policial “faz juízo de valor sobre provas e depoimentos colhidos, focando somente uma das partes, os filhos do sr. Farid, que travaram uma verdadeira guerra contra o pai e contra a minha cliente”.
D’Urso também alega que o inquérito teria utilizado dados do Coaf sem autorização judicial, e lembra que os filhos do empresário chegaram a ser investigados por denunciação caluniosa, perseguição, ameaça, violência psicológica contra Susy, corrupção de testemunha e escuta ambiental ilegal.
A defesa também sustenta que o casal vivia sob regime de separação total de bens desde o casamento em 2013, e que os filhos chegaram a processar o pai para impedir que ele utilizasse R$ 10 milhões que havia reservado para despesas pessoais na velhice.
O Ministério Público de São Paulo ainda analisa o inquérito e não há, até o momento, decisão sobre eventual apresentação de denúncia criminal.
Fonte: gazetabrasil
