A manifestação ocorre após Trump criticar investigações da Justiça brasileira relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023 e levantar questionamentos sobre a relação comercial entre os dois países.
No comunicado, o governo brasileiro afirmou que “o Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o processo judicial contra os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado é competência exclusiva da Justiça brasileira, sem espaço para “ingerência ou ameaça” que fira a independência das instituições nacionais.
O texto também defendeu a regulação das plataformas digitais, dominadas por empresas dos EUA, afirmando que, “no contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”. E acrescentou: “No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.”
Quanto à crítica de Trump sobre um suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil, a nota rebateu: “É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de US$ 410 bilhões [R$ 2,28 trilhões] ao longo dos últimos 15 anos.”
O governo brasileiro também advertiu que “qualquer medida de elevação de tarifas, de forma unilateral, será respondida à luz da Lei de Reciprocidade Econômica.”
Medo do BRICS?
Em resposta ao risco “BRICS”, o presidente dos EUA decidiu, nesta quarta-feira (9), taxar o Brasil. Foram impostas tarifas de 50% sobre produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.
Segundo analistas ouvidos pela Sputnik, o tarifaço atinge o Brasil momentos depois de declarações do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre soberania e sobre o país ser recíproco nas tarifas.
Trump, durante uma recente reunião de gabinete, disse que os países do BRICS pagarão tarifa de 10% na entrada de seus produtos em território estadunidense.
“Se fizerem parte do BRICS, terão que pagar uma tarifa de 10% só por isso.”
O presidente dos EUA também afirmou que o grupo foi criado para “destruir” o dólar norte-americano e, eventualmente, substituí-lo como moeda de reserva.
Essa não foi a primeira vez que Trump declarou intenções de contrapor as iniciativas de desdolarização do BRICS. Em dezembro do ano passado, quando montava seu tarifaço, ele demonstrou pela primeira vez se sentir ameaçado pelo grupo.
A ameaça foi vista com maus olhos pelos membros do BRICS. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, reagiu na segunda-feira (7), durante o encerramento da cúpula de chefes de Estado no Rio de Janeiro, e também nesta terça-feira (8), durante encontro com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
“Não acho muito responsável o presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficar ameaçando o mundo através da Internet. Não é correto. Ele precisa saber que o mundo mudou. Não queremos imperadores, somos soberanos. É equivocado e irresponsável”, disse o líder do Palácio do Planalto.
Já o ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, reagiu dizendo que a declaração de Trump evidencia que o BRICS está ganhando força no cenário mundial.
“O BRICS está ganhando autoridade. Trump disse que haverá uma tarifa extra de 10% para quem apoiar o BRICS, ou seja, estamos no caminho certo!”
Fonte: sputniknewsbrasil