Teste: Honda HR-V 2026 justifica ser o SUV compacto mais caro do Brasil?


Se você tem algum dinheiro guardado e uma conta em banco, já deve ter ouvido de seu gerente diversas recomendações para investir sua grana naquela instituição. Normalmente, o primeiro passo é traçar o perfil com base em suas ambições: quanto mais agressivo, maior o potencial de retorno, porém, com riscos mais altos. Diria que o Honda HR-V 2026 é o oposto disso: um fundo para quem é conservador do ponto de vista dos investimentos.

Em relação ao modelo anterior, mudou apenas onde era estritamente necessário: tem rodas maiores (apenas nas versões com motor turbo), grade com acabamento interno redesenhado, novo para-choque, lanternas de LED com novo arranjo interno de luzes e uma central multimídia sem a moldura que fazia lembrar uma televisão de tubo da época em que a moeda era o cruzeiro.

Infelizmente, uma outra mudança indesejada veio a tiracolo. Os preços estão até R$ 7,1 mil mais salgados. Veja, abaixo, a tabela completa e a lista de equipamentos:

Itens de série: assistente de descida, freio de estacionamento eletrônico, câmera de ré, airbags frontais, laterais e de cortina, frenagem automática de emergência, controlador de velocidade adaptativo, alerta de saída de faixa com correção no volante, faróis de LED com acendimento automático e facho alto adaptativo, acesso por chave presencial, partida por botão, rodas de 17 polegadas, ar-condicionado digital, carregador de celular por indução, central multimídia de 8 polegadas com conexões Android Auto e Apple CarPlay e quadro de instrumentos parcialmente digital com tela de 7 polegadas;

Itens de série: equipamentos da EX, mais faróis de neblina de LED, sensor de estacionamento dianteiro, ar-condicionado digital de duas zonas, sensor de chuva, retrovisor interno eletrocrômico e bancos de couro;

Itens de série: equipamentos da EXL, mais motor 1.5 turbo, ponteira dupla de escapamento, rodas de 18 polegadas, modo Sport e grade com trama interna de colmeia;

Itens de série: equipamentos da Advance, mais porta-malas com abertura elétrica e sensor de aproximação, banco do motorista com ajustes elétricos, partida remota do motor na chave, lanternas de LED e pisca sequencial na dianteira.

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Sim, para colocar o HR-V 2026 na garagem, o investimento é elevado. A versão Touring, testada por nós, já tinha o título de SUV compacto mais caro do Brasil. Agora, abriu vantagem ao ultrapassar, e muito, a barreira dos R$ 200 mil. O contraponto é o discurso da marca japonesa, que promete proteger o valor do bem como qualquer banco suíço na hora do pós-vendas. Na última edição do Qual Comprar, em que o HR-V se saiu campeão entre seus pares, a desvalorização ficou na média.

Lembra da história do perfil moderado? Pois então. A Honda decidiu não investir em motores 1.0 turbo nas opções de entrada e trouxe, ainda em 2022, um novo motor 1.5 aspirado com injeção direta. Se o torque de 15,8 kgfm fica abaixo dos rendimentos da poupança, os 126 cv de potência o equiparam aos rivais turbinados.

A ousadia ficou mesmo para as duas variantes mais caras, que têm uma unidade de mesmo deslocamento, 1,5 litro, mas turbinada, levando os números para bons 177 cv e 24,5 kgfm. O câmbio é sempre automático do tipo CVT. Na linha 2026, nenhum dos propulsores teve alterações em números de potência e torque.

Voltando ao nosso teste com o HR-V Touring 1.5 turbo, o SUV entrega mais do que um CDB, que paga 120% do CDI. Para ir de 0 a 100 km/h, são necessários 8,5 segundos. Nada mal para um investimento conservador. A totalidade de torque em baixa rotação (1.700 rpm) garante que não falte força para ultrapassagens, ao mesmo tempo em que o conta-giros se mantém comportado a 120 km/h.

E, já que o assunto é poupar, o consumo é surpreendentemente baixo, considerando o enorme potencial de desempenho.

Números do Inmetro apontam médias urbanas de 8,1 km/l (etanol) e 9,1 km/l (gasolina) e rodoviárias de 11,5 km/l e 12,9 km/l, na mesma ordem de combustíveis. Em um trajeto misto de cerca de 120 km, com gasolina no tanque, ar-condicionado ligado, um pouco de trânsito e vários trechos de subida, encerramos o teste com média de 14 km/l. Com o pé leve, em rodovias, é fácil alcançar os 19 km/l.

Sem mudanças mecânicas, o HR-V preserva a conhecida boa dirigibilidade. Nem mesmo as rodas maiores, de 18 polegadas, calçadas por pneus 225/50 deixaram o SUV menos confortável. Prova de que o acerto de suspensão é bom, a engenharia sequer precisou fazer ajustes para amenizar qualquer efeito colateral que tirasse o sossego dos ocupantes.

Diversificando a conversa, hora de falar do interior do HR-V. A cabine agora tem console central simétrico para facilitar o acesso ao carregador de celular por indução pelo passageiro. Fora isso, encontramos o nível de acabamento na média para o segmento e mordomias como freio de estacionamento eletrônico, ar-condicionado digital de duas zonas, quadro de instrumentos parcialmente digital, partida do motor por botão e banco do motorista com ajustes elétricos.

A Honda diz que a central multimídia de 8 polegadas tem melhor resolução, bem como a câmera de ré. De fato, as imagens estão mais nítidas. Mas bem que a tela poderia ser maior. Rivais já ostentam sistemas com 10 polegadas. Falando em ostentação, esses mesmos concorrentes desfilam por aí com teto solar, algo indisponível no HR-V.

Quem explica a ausência é Douglas Giatti, supervisor de planejamento de produtos da marca. “Na troca de geração, fizemos estudos para colocar o teto solar. Descobrimos que muitos dos clientes falavam que gostavam, mas a utilização era muito pequena”. Outra razão para a ausência é que o teto solar disponível para o HR-V era do tipo panorâmico, sem possibilidade de abertura. Uma consequência é um investimento maior em reforços estruturais no teto. “Isso deixaria o projeto caro demais. Então, optamos por outros equipamentos”, completa.

Com ou sem teto solar, o HR-V 2026 corrigiu defeitos pontuais e manteve virtudes para seguir entre os carros mais vendidos para pessoas físicas. É rentável para a Honda e suficiente para seu público cativo. Mas, pelo menos na versão topo de linha, alcança um patamar de preços em que já existem rivais maiores, mais equipados e até eletrificados.

Vale lembrar que a resposta da marca japonesa só virá em 2028, com uma nova geração híbrida flex. Até lá, a aposta é seguir oferecendo esse investimento de baixo risco ao público.

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Fonte: direitonews

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