Durante 17 dias, pesquisadores brasileiros navegaram rumo a um dos lugares mais remotos do Brasil. A bordo do navio DeepSea, entre 16 de junho e 4 de julho, percorreram as águas que cercam o Arquipélago de Martin Vaz e o Monte Colúmbia, a mais de 1.200 quilômetros da costa do Espírito Santo. Lá, foi realizada uma expedição científica para coletar informações que irão orientar a formulação de estratégias que fomentem a conservação e a gestão sustentável de recursos marinhos em áreas consideradas extremamente vulneráveis a impactos ambientais. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) participou da missão, que foi coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O coordenador do Ação Avaliação, Monitoramento e Conservação da Biodiversidade Marinha (Revimar), da Secretaria Nacional de Bioeconomia do MMA, Rafael Medeiros Sperb, integrou a expedição. “A aplicação de metodologias modernas de amostragem nos proporcionou dados de valor inestimável, fundamentais para orientar estratégias de conservação e gestão sustentável dos recursos marinhos em ambientes de alta sensibilidade ecológica”, pontuou.
A expedição reuniu ainda equipes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar/USP) e da Associação Voz da Natureza. A missão teve suporte do Projeto TerraMar, iniciativa do MMA e do ICMBio, em parceria com a GIZ, que apoia o planejamento ambiental da zona marinha e costeira do Brasil
Ao longo da jornada, foram testadas tecnologias inovadoras que ajudaram a revelar a riqueza da biodiversidade local. Mais de 100 espécies de peixes, tartarugas, tubarões e corais foram registradas. Há ainda o potencial de identificação de novas espécies pela ciência brasileira, o que será possível confirmar quando as análises forem completadas.
Além da realização de 17 censos marinhos, feitos por mergulho, os pesquisadores promoveram 28 operações com o sistema Bruv, técnica de vídeo subaquático que permite a pesquisa de peixes, 16 lançamentos com veículos operados remotamente, além de registros de imagens áreas e do fundo do mar.
As informações geradas pela expedição vão apoiar a implementação de medidas de ordenamento pesqueiro e a formulação de estratégias de conservação marinha alinhadas aos compromissos do Brasil na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. O trabalho também contribui diretamente com os esforços de elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que reconhece a biodiversidade marinha como ativo estratégico para a construção de uma economia mais inclusiva, inovadora e sustentável.
Arquipélago
O Arquipélago de Trindade e Martin Vaz e o Monte Colúmbia formam um conjunto de ambientes marinhos de alta relevância ecológica e estratégica para o Brasil. Essa área é protegida por diferentes categorias de unidades de conservação federais, todas sob gestão do ICMBio.
As 200 milhas náuticas ao redor das ilhas integram a Área de Proteção Ambiental (APA) do Arquipélago de Trindade e Martin Vaz e do Monte Colúmbia, criada para garantir o uso sustentável dos recursos naturais, permitir pesquisas científicas e disciplinar atividades como a pesca artesanal e a navegação. Em 2018, também foi criado o Monumento Natural (Mona) das Ilhas de Trindade e Martim Vaz e do Monte Columbia, para proteger áreas marinhas e insulares raras e importantes para a biodiversidade brasileira.
A Ilha da Trindade, que compõe esse complexo, é território federal desde 1957 e tem a administração compartilhada entre a Marinha do Brasil, responsável pela presença permanente na região, e o ICMBio, que conduz as ações de conservação ambiental.
As áreas protegidas por lei são essenciais para conservar habitats sensíveis, rotas migratórias e formações de corais profundos, além de garantir que pesquisas como a expedição realizada ampliem o conhecimento científico sobre uma das porções mais preservadas do Atlântico Sul.
Revimar
A Ação Revimar fornece suporte científico para políticas e estratégias de conservação da biodiversidade marinha e uso sustentável dos recursos marinhos, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Suas metas incluem gerar, integrar e compartilhar dados de monitoramento e diagnósticos sobre a biodiversidade marinha, além de colaborar com outras iniciativas do PSRM. A iniciativa busca estabelecer uma base informacional sólida para subsidiar políticas públicas e ações em ambientes costeiros e marinhos.
Desde 2024, o MMA, por meio da Secretaria Nacional de Bioeconomia, atua para potencializar a ação como ferramenta estratégica, constituída de cinco frentes de atuação: mapeamento de habitats marinhos para estabelecimento de referencial cartográfico para planejamento, gestão e conservação; desenvolvimento de uma rede colaborativa de monitoramento, em articulação com programas já existentes; realização de cruzeiros oceanográficos; implantação de uma infraestrutura de dados sobre biodiversidade costeira e marinha, em harmonia com o Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr); e captação de recursos financeiros para garantir a sustentabilidade da iniciativa em longo prazo.
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Fonte: gov.br