A Singer Vehicle Design não poderia ter nome mais apropriado. Fundada por Rob Dickinson, ex-vocalista da banda shoegaze Catherine Wheel, a empresa é notória por reimaginar unidades do Porsche 911.
E agora uma de suas criações é apresentada em caráter oficial no país, por meio de parceria com a GTO Car Specialists. Pequeno grupo de jornalistas e influenciadores puderam ver nesta sexta-feira (4) o Singer Brazil Comission, projeto desenvolvido, assim como os demais, com carinho artesanal, na unidade da companhia na Califórnia (EUA).
O modelo é avaliado em R$ 10 milhões. Isso se levarmos em consideração o preço de um Porsche 911 964 de 1989 com repaginações e custos complementares (como importação). Ou seja, o valor pode ser, com tranquilidade, muito maior, já que o proprietário evitou revelar o montante.
Aliás, este é o único Singer Classic oficialmente registrado no Brasil entre uma série limitada a 450 unidades, que terá fabricação encerrada ao fim deste ano. Todos os abastados já fizeram seus pedidos.
Comprado em nosso país, o Porsche 911 964, com a chancela do colecionador, rumou para os Estados Unidos a fim de passar pelo processo de “reimaginação” da Singer Vechicle Design. Para receber o veículo de volta em plenas condições, o proprietário aguardou, além de fila de espera de dois anos, mais um um ano e meio para repaginação do modelo.
A carroceria vem na cor Dark Sapphire Metallic. O esmerado interior, por sua vez, tem couro em tom Vivaldi no revestimento de bancos, painel inferior e laterais de porta. Além de acabamento em madeira na manopla do câmbio, no volante Momo e em outras searas do habitáculo, há ainda detalhes em Azul Oxford. O painel de instrumentos é absolutamente elegante, sem deixar de lado o aspecto retrô.
Mas não é só isso. Temos ares de modernismo para motorista e ocupante do Porsche mais caro do Brasil. Há, por exemplo, o sistema de comunicação clássico da marca, o PCCM, com tela de 3,5 polegadas e conectividade com Android Auto e Apple CarPlay. Ademais, como opcional, o 911 964 Singer Classic conta com carregador de smartphone por indução devidamente posicionado no console central.
Além disso, os 911 reimaginados pela Singer passam por processo minucioso de desmonte. A empresa fortifica o aço por meio de soldas contínuas e lixa o monocoque. A carroceria, por sua vez, é em fibra de carbono (à exceção das portas) a fim de garantir menor peso ao modelo. Ele tem, inclusive, 1.200 kg.
Para completar, o motor dos 911 preparados pela Singer é uma belezura. Antes a empresa invariavelmente trabalhava com os Cosworth. De uns tempos para cá também apela para as obras de arte do “velho mestre” Ed Pink, que nos deixou em abril. Aqui, justamente, temos um Pink 4.0 que entrega 390 cv de potência e 41 kgfm de torque entre 4.000 e 6.000 rpm. O câmbio é o manual G50 de seis marchas.
O conjunto, vale frisar, também é opcional e sai por quase R$ 500 mil em conversão direta. Do original, bom dizer, só resta o bloco. Individual Throttle Body (sistema de alimentação de ar para motor de combustão interna), camisas e pistões são totalmente distintos.
Embora os freios sejam a disco, GTO e tampouco Singer não optaram por cerâmica. Trata-se de um carro de 1.200 kg e o sistema de frenagem demoraria a atingir temperatura ideal de funcionamento.
A suspensão, no caso da unidade observada, é Ohlins, opcional r voltada para pista. Usualmente, a Singer Vehicle Design oferece conjunto com amortecedores ajustáveis da KW, com braços traseiros em alumínio. A direção, como não poderia deixar de ser, é hidráulica.
A Singer nasceu em 2009, meio as colinas de Sun Valley, na Califórnia. Seu fundador, o britânico Rob Dickinson, foi músico de sucesso nos anos 1990 por meio da já citada Catherine Wheel. A banda criou dois dos melhores discos de showgaze no período: Ferment (1992) e Chrome (1993).
Ao fim das atividades do grupo, no início dos 2000, Dickinson (primo do também icônico cantor Bruce Dickinson) verteu seu amor pela música para os Porsche — mais especificamente os 964. Mas por que, exatamente, esta encarnação?
O 911 964 têm suspensão com molas helicoidais, facilitando o processo de modificação. Para melhorar as coisas, são refrigerados a ar e dispõem de estrutura original, com equilíbrio preciso entre peso e rigidez. Em suma, temos aqui um chassi robusto, dos melhores que a engenharia da Porsche poderia proporcionar principalmente para os adeptos das reimaginações — como Dickinson e a Singer.
Sem associação com a fabricante alemã, a empresa é um baluarte do segmento de restomods. Configura seus carros no chão de fábrica de modo, conforme já mencionamos, artesanal.
É um verdadeiro trabalho de apaixonados, que só pode ser adquirido por entusiastas abastados. Vale dizer que a GTO já anunciou que um novo 911 já está preparado para se tornar o segundo modelo brasileiro reimaginado pela Singer — neste caso, um Turbo.
Este provavelmente receberá um Mezger flat-six 3.8 simplesmente com par de turbos BorgWarner diretamente de um 911 992. O modelo deverá rumar para as dependências da Singer entre setembro e outubro. Assim, espera-se que teremos um novo restomod de primeira linha em nosso país daqui a dois anos. É de cair o queixo. Catherine Wheel, a banda de Rob Dikckinson, jamais foi tão barulhenta.
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Fonte: direitonews