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O número de operações financeiras suspeitas comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aumentou 766,6% entre 2015 e 2024. Enquanto em 2015 foram registrados 296.183 alertas, este ano o total já ultrapassou 2,5 milhões. Os dados fazem parte do estudo “Lavagem de dinheiro e enfrentamento ao crime organizado no Brasil: Reflexões sobre o Coaf em perspectiva comparada”, divulgado nesta quarta-feira (25) pelo grupo Esfera em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
As comunicações de operações suspeitas (COS) são relatadas por instituições como bancos, corretoras, cartórios, juntas comerciais, contadores e corretores de imóveis, quando identificam indícios de ilícitos como fraude, movimentações financeiras incompatíveis, uso de terceiros e fragmentação de valores. Essas informações são enviadas ao Coaf, órgão responsável por analisar os casos e encaminhar para o Ministério Público quando há indícios concretos de lavagem de dinheiro — prática que visa ocultar recursos provenientes de atividades criminosas para conferir-lhes aparência legal.
Além do aumento das COS, o número de Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) produzidos pelo Coaf também cresceu significativamente: de 4.304 em 2015 para 18.762 em 2024, um aumento de 335,9%. Os RIFs são documentos gerados quando o Coaf identifica indícios suficientes para recomendar investigação.
O estudo destaca três setores que têm se mostrado especialmente relevantes no contexto das operações suspeitas: fintechs, plataformas de apostas online (BETs) e criptoativos. Segundo o levantamento, a demora na regulamentação das fintechs no Brasil — estabelecida apenas em 2021 — permitiu que diversas instituições financeiras operassem sem autorização do Banco Central por anos.
Além disso, a regulação do setor foi prevista de forma escalonada, concedendo um prazo de oito anos para que as fintechs solicitem autorização para funcionamento, com prazo até março de 2029. O credenciamento é de responsabilidade das próprias empresas, o que, diante da limitada capacidade de supervisão do Banco Central, possibilita que muitas operem “fora do radar” das autoridades.
O relatório, que reúne dados de análises financeiras enviados às autoridades competentes para investigação, enfatiza a importância da estratégia “follow the money” (siga o dinheiro) para o enfrentamento do crime organizado, buscando fortalecer as instituições brasileiras por meio da inteligência financeira.
O lançamento do estudo ocorreu em evento no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília, e contou com a presença de autoridades como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Fonte: gazetabrasil