“Recebi a notícia com indignação, mas sem nenhuma surpresa. E ela me permitiu conectar os pontos, montar um quebra-cabeça que eu já vinha tentando montar desde 2020”, conta o docente.
🗣 ‘Recebi a notícia com indignação, mas sem nenhuma surpresa’, diz jurista incluído em relatório da Abin paralela
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Evandro Menezes de Carvalho (@evandrocarvalho), jurista e especialista em China, contou como recebeu a notícia de que seu… pic.twitter.com/QlyiE9SQPd
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Professor como alvo: qual o simbolismo dessa escolha?
“Já havia uma orquestração de colocar a China como um inimigo político, ou como o país que representa uma ideologia que os bolsonaristas elegeram como inimiga, como se o Brasil aqui tivesse algum tipo de ameaça comunista.”
Ao ser perguntado sobre o que representa um professor ser monitorado por um órgão de inteligência, Carvalho (@evandrocarvalho) respondeu que, ao passo que “quem tem boas relações econômicas aqui no Brasil com a China é a direita brasileira e a extrema-direita”, uma vez que “o… pic.twitter.com/xLkTTx5zx5
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“Você tinha uma máquina estruturada para espionar os considerados inimigos político-ideológicos do bolsonarismo, daquele grupo que estava lá, aquela organização criminosa que operava também dentro da Abin e que depois ainda acionava o gabinete do ódio para destruir reputações, espalhar medo e ameaças às pessoas que eram alvo. Nesse caso, eu fui um desses alvos e recebia ameaças de morte, inclusive”, acrescenta o analista.
“Esse pessoal todo não passou pelo crivo dessa organização criminosa bolsonarista. O ataque teve que ser ao professor, que é obviamente um dos alvos preferidos do bolsonarismo”, atesta.
O paradoxo das relações Brasil-China: da realidade ao imaginário
“No fundo, não se quer entender a China, se quer é o dinheiro chinês. Não se quer abrir o mínimo espaço para uma compreensão dilatada, ampla, fora dos estereótipos. […] A extrema-direita tem um discurso anticiência, ela trabalha com espaços onde procura obscurecer onde há luz, onde há esclarecimento. Então isso acaba prejudicando muito o trabalho, sobretudo de pessoas que estão indo na contramão dos interesses políticos, estratégicos ou até mesmo táticos dessa extrema-direita.”
🗣📌Jurista afirma que elites não querem que estudo sobre a China sejam aprofundados
Para Carvalho (@evandrocarvalho), no Brasil, as elites econômicas, que detêm as commodities que são negociadas com a China, não querem que o conhecimento e os estudos sobre a China seja… pic.twitter.com/iKf1XYsbwG
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“É uma volta do nazifascismo se aliando às democracias ou capturando as democracias, com a roupagem de eles serem democratas. Mas não são: está aí o exemplo da Abin paralela, entre outros fatos relacionados ao governo Bolsonaro, que mostra que não tinha nenhuma vocação para um regime democrático e escolhe o comunismo como inimigo — e a China simbolizaria isso. Naturalmente esse tipo de discurso cai como uma luva para os Estados Unidos, que vê a China como uma ameaça ao seu poder hegemônico”, finaliza.
Fonte: sputniknewsbrasil