A história da Neta acaba de ganhar (mais) um capítulo. De acordo a Reuters, a emissora estatal chinesa CCTV confirma que a Hozon Auto — controladora da fabricante — entrou oficialmente em processo de falência na última semana.
Segundo a plataforma nacional de divulgação de falências corporativas da China, um credor entrou com uma petição de falência contra a empresa no mês passado. O Bangkok Post ainda informa que o pedido ocorreu após uma dívida não paga de 5,3 milhões de yuans, o equivalente a pouco mais de R$ 4 milhões em conversão direta. No total, a Neta já deve US$ 1,4 bilhão (quase R$ 8 bilhões).
As publicações também relatam que diversas concessionárias da Neta estão sendo fechadas na China e até que “funcionários foram às ruas para protestar após não receberem seus salários desde novembro de 2024”. Além disso, até mesmo revendedores se reuniram na porta da fábrica da marca em Tongxiang, na província de Zhejiang, reivindicar providências diante de um suposto calote.
Inclusive, foi exatamente em novembro de 2024 que a Neta fez a sua estreia no Brasil. Desde então, a marca vendeu apenas 51 carros em pouco mais de sete meses de operação. Em maio de deste ano, quatro unidades do Aya foram comercializadas e apenas uma do X foi emplacada no país, de acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).
Nesse período, as redes sociais da empresa no Brasil, como Instagram e LinkedIn, saíram do ar, bem como o site oficial, que se encontrava “em manutenção”. Agora, tudo foi reativado e há até novas publicações.
A empresa desenha novas estratégias para impulsionar os números no Brasil, o que pode passar por vendas diretas. Até porque, fontes salientam que a chinesa ainda tem cerca de 800 veículos no porto de Cariacica (ES) que precisam ser vendidos.
Em seu site, a Neta segue oferecendo os dois elétricos: o Aya, a partir de R$ 133.900, e o X, por R$ 209.990. E os modelos são vendidos com desconto de R$ 10 mil sobre o preço de tabela.
Na China, a queda nas vendas é de 98% após paralisação na produção. Segundo dados da consultoria Marklines, parceira da Autoesporte, a Neta não produz veículos no país desde fevereiro de 2025. Naquele mês, 740 unidades foram feitas — o que representa queda de 55% ante o mesmo período de 2024. Em janeiro, apenas oito automóveis foram fabricados.
Também é importante lembrar que a Neta esperava receber um aporte de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) até abril para quitar dívidas e reativar suas fábricas chinesas, mas o investimento prometido não se materializou e a situação ficou ainda mais complicada.
Desde então, a empresa já teve que promover cortes de gastos e reduziu em até 75% os salários dos colaboradores. Fora isso, ainda deixou sua antiga sede devido ao término do contrato de locação do imóvel. Para piorar, a Neta está envolvida em mais de 400 disputas judiciais e cerca de 90 processos de execução.
Joseph Zhu, gerente geral da Neta Auto Brasil, afirmou à Autoesporte que a “operação da empresa no país segue firme e forte”. O executivo completou que “vários concessionários” ainda trabalham com a marca e que “novidades sobre a subsidiária serão, em breve, comunicadas”.
Em carta oficial, a empresa ainda diz que irá começar oficialmente o seu processo de reorganização. “Esta reorganização é uma ação ativa de auto-resgate liderada pelo governo, sob a supervisão do Tribunal Popular Intermediário de Jiaxing, na Província de Zhejiang. O objetivo é resolver a crise da dívida, introduzir parceiros/recursos estratégicos, otimizar o sistema de gestão e abrir um novo caminho para o desenvolvimento sustentável da empresa“.
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Fonte: direitonews