O Polo, ao menos por ora, é o carro mais vendido da Volkswagen no Brasil. No mês passado, por exemplo, liderou o ranking de emplacamentos no país, com 10.932 licenciamentos. No acumulado do ano, 32.813 unidades do hatch compacto foram comercializadas — perdendo apenas para a Fiat Strada (39.973). Os dados são da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias.
O hatchback é um modelo absolutamente estratégico para a montadora alemã no Brasil. Afinal, o Polo é um carro que vai bem tanto nas vendas diretas (18.832 licenciamentos no acumulado) como no varejo (14.431 emplacamentos).
Mesmo assim, com a chegada do Volkswagen Tera por preço sugerido a partir de R$ 99.990, uma dúvida paira sobre a cabeça de muitos consumidores: será que, com a chegada do SUV compacto derivado do próprio Polo, o hatch vai sair de linha?
Embora as dúvidas sejam justas, a resposta, pelo menos por enquanto, é a seguinte: não, o Volkswagen Polo não irá sair de linha com a chegada do Tera. O hatch ainda é fundamental para que a montadora alemã mantenha a liderança (hoje apertada) sobre a Fiat no segmento de automóveis — isso sem considerar os comerciais leves.
No ano passado, a VW fechou o ano com 17,3% de participação de mercado, contra 14,9% da rival italiana no mesmo segmento. E segue líder no período entre janeiro e abril de 2025, porém com menor margem: 16,4% ante 15,8% da concorrente que pertence ao grupo Stellantis. Desse modo, a alemã precisa de dois modelos competitivos.
Para manter o Polo em boas condições de jogo, sem que seja atropelado pelo Tera e continue vendendo bem, a Volkswagen teve de cortar algumas versões do hatch. O modelo chegou a ter oito configurações e passa agora a quatro: Track, Robust, Sense e Highline, tendo perdido as opções MPI, TSI, Comfortline e, claro, a GTS — que abriu espaço para o Nivus GTS.
Com o novo esquema, o Polo parte de R$ 95.790,00 e vai a R$ 131.650. O Tera, por sua vez, tem preços entre R$ 99.990 e R$ 139.990. Em suma, ainda que a Volkswagen tenha conseguido formar uma escada adequada, os valores das duas linhas seguem próximos. Isso mesmo levando em consideração o reajuste de R$ 4 mil que a fabricante irá promover na versão de entrada do SUV, que passará a custar R$ 103.990 após a unidade 999 vendida.
Concessionários ouvidos por Autoesporte dizem confiar na força do Polo. Ninguém duvida da capacidade comercial do produto. No entanto, temem que sua configuração de topo, Highline, comece a encalhar nas lojas caso não tenhamos futuros reajustes nos preços das versões do Tera.
O Volkswagen Polo Highline vem com o mesmo motor 170 TSI, 1.0 turbo flex, três-cilindros, que também se faz presente nas opções mais caras do Tera. A calibração, inclusive, é a mesma: o conjunto rende até 116 cv de potência e 16,8 kgfm de torque com etanol. O câmbio é automático de seis marchas.
Na lista de equipamentos, o Polo Highline tem rodas de liga leve de 16 polegadas, quadro de instrumentos digital de 10,25″, central multimidia VW Play com tela de 10,1″ e carregamento de smartphone por indução como destaques.
Concessionários dizem que esperam que a Volkswagen passe a dar ainda mais ênfase na comercialização do Polo na modalidade venda direta. Assim, as versões Robust e Track, que ainda constam no configurador como linha 2025, serviriam como catalisadoras dos emplacamentos do carro.
De fato, por compartilharem a mesma plataforma, a MQB A0, os dois carros têm o mesmo entre-eixos: 2,57 metros. Todavia, o porta-malas do Tera, o “SUV da família ou do solteirão”, tem capacidade para 350 litros — 50 a mais que o bagageiro do Polo.
A Volkswagen não esconde de ninguém que deseja que o Tera se torne o carro mais vendido do Brasil. E nesse cenário? Como o Polo se encaixaria?
Aqui o redator abre espaço para conjectura. É provável que segmento de hatches se eletrifique e dê margem para o crescimento da seara de SUVs compactos. Estes podem até vir da costela dos hatchbacks, mas entregam experiência de condução pouco mais elevada e próxima a de utilitários esportivos de “verdade”.
No momento, o Polo é importante para a manutenção da liderança da Volkswagen. Daqui a alguns anos, contudo, existe a possibilidade de que, tal qual o Gol, o modelo suba no telhado graças ao Tera. Há, sim, uma chance de que o hatchback olhe para o SUV em breve e dispare um “Até tu, Brutus?”, ofegante, espantado e melancólico. A aguardar cenas da trama.
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Fonte: direitonews