Conheça o estranho avô do Jeep Avenger que antecipou moda de SUVs


Estamos em 2025 e nós, que vivemos essa época, esse tempo atual, podemos dizer que somos testemunhas da realidade que se imaginava que seria o futuro há um quarto de século — ou seja, no ano 2000.

Olhando daqui, naturalmente, é fácil apontar o dedo e mostrar algumas decisões de 25 anos atrás que hoje soam pelo menos controversas, particularmente na indústria automobilística. Talvez (ou provavelmente) façam o mesmo conosco daqui um quarto de século, ou seja, em 2050, mas já que temos a chance de fazê-lo agora, vamos aproveitar.

Imagine o Salão de Detroit do ano 2000. O primeiro salão (realizado logo em janeiro) daquele ano tão mítico, esperado, simbólico, notável, um milhar redondo, algo que tão poucas gerações ao longo da história podem dizer que atravessaram. O ano em que o futuro imaginado décadas antes chegaria.

Uma das surpresas da mostra foi um modelo da Jeep que deixou a todos no mínimo intrigados: ele se chamava Varsity. Bem resumidamente, era um EcoSport da Jeep — só que o próprio EcoSport só seria lançado dali a três anos. Não bastasse antecipar esse verdadeiro filão de mercado, ainda por cima tinha a traseira com o vigia inclinado, estilo coupé, exatamente como conhecemos nos dias atuais em modelos como Nivus e Basalt.

Naturalmente que o Varsity (o nome vem de associação com a palavra versatilidade, em inglês) foi apresentado como conceito, mas ele era 100% funcional, com motor V6 3,5 litros. A própria Jeep nem ousou considerá-lo utilitário esportivo ou SUV, mesmo que compacto, tamanha a diferença em relação à sua linha (então resumida a Wrangler, Cherokee e Grand Cherokee). Preferiu dizer simplesmente que se tratava de “proposta aventureira urbana”. Já ouviu isso, não? Pois é.

Um vice-presidente da Chrysler chegou a falar que o Varsity era “o mais próximo possível de um Jeep”, causando revolta nos fãs puristas da marca, ainda que o conceito tivesse tração 4×4.

Claro que os destaques principais eram seu porte e sua proposta: um SUV compacto desses que atualmente vemos às toneladas em nossas ruas, porém construído e apresentado antes de qualquer modelo de outra fabricante. E justamente pela marca que nunca produziu um hatch ou sedã na vida. Pior: num mercado acostumado a veículos gigantescos e beberrões.

E se a Jeep tivesse de fato lançado o Varsity ali, no começo dos anos 2000, em vez de tratá-lo como mero devaneio estilístico, como acabou ocorrendo? Agora é cômodo analisar e por princípio soa como clamoroso erro estratégico, mas a verdade é que nunca saberemos — pois o sucesso de um modelo também passa por chegar ao mercado na hora certa, nem antes nem depois, algo dificílimo de mensurar. Se tivesse acontecido, pode ser que hoje a Jeep fosse a verdadeira dona e capitã desse segmento, um dos mais desejados e rentáveis no mercado em 2025. Mas poderia também ter sido um verdadeiro e retumbante fracasso comercial.

Ah, mas e o Renegade? Bem, ele só foi lançado em 2014, portanto praticamente uma década e meia depois da apresentação do conceito em Detroit em 2000. E o Renegade ainda era maior que o Varsity, diferentemente do Avenger, que é idêntico em largura (1,77 metro) e menor em comprimento (4,22 m ante 4,08 m).

Temos de considerar que a própria Jeep percorreu caminhos tortuosos desde lá: como parte da Chrysler, na época convivia em associação com a Daimler, desfeita em 2007. Quase faliu em 2008, na crise financeira global; depois se juntou à Fiat na FCA e, mais tarde, ainda viu esse conglomerado se unir à PSA Peugeot Citroën, formando a Stellantis.

Por isso e mais um pouco, nem lasca sobrou do conceito, destruído como tantos outros por aí. Mas, além da proposta visionária, o Varsity deixou uma pequena referência para 25 anos à frente: seu nome, assim como Avenger, tem sete letras — o mesmo número de aletas verticais das tradicionais grades dos modelos Jeep.

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Fonte: direitonews

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