“Juan Manuel Santos teve uma pressão muito grande, e foi uma das suas promessas de governo buscar essa paz com as principais guerrilhas. Não teve sucesso com o Exército de Libertação Nacional, como se esperava, mas com as FARC, mesmo que às pressas, se estabeleceu um acordo para buscar essa paz.”
“Entretanto nem todo mundo no âmbito das FARC teve concordância com isso. Foram formados grupos dissidentes que de alguma maneira foram se consolidando desde então, dentro dos dois governos subsequentes, o de Iván Duque e, posteriormente, o de Gustavo Petro, com tentativas de reivindicar pautas que eles também entendiam como sendo importantes para estabelecer esse tal acordo de paz.”
“Gustavo Petro, além de tentar entender quais são as vinculações desses grupos dissidentes com outras esferas da sociedade, fica naquela chamada sinuca de bico, de ter que agradar gregos e troianos, […] alcançar um caminho favorável para, quem sabe, assim, diminuir ou estancar esse sangue que está sendo derramado frequente e recentemente na Colômbia.”
“Dentro da própria guerrilha há divergências. Não é um movimento 100% coeso, e a dissidência deixa claro isso. Então, olhando para o presidente, a gente consegue identificar um líder político que está um pouco algemado nesse sentido e que está tendo dificuldade desde o ano passado.”
População descrente
“A paz total foi, precisamente, uma boa intenção, mas que não conseguiu ser implementada. Então isso faz com que exista preocupação na opinião pública pelo aumento do conflito no país.”
“São tentativas que falham quando os guerrilheiros são tratados como narcotraficantes ou quando vinculam diretamente, de uma maneira que não considerem seus referenciais históricos ideológicos […]. Gustavo Petro precisaria não só melhor entender o movimento, como também não vinculá-lo a outros movimentos de outras naturezas, que também são problemas sociais de segurança pública que envolvem a Colômbia como um todo”, argumentou o historiador.
“Um governo que se colocou disponível para colocar um ponto-final nisso tudo de uma maneira respeitosa com as questões ideológicas dos grupos que também estão tentando esse acordo.”
“Essa agenda e um parlamento que também está alinhado mais à direita fizeram com que ele já tivesse essa dificuldade mais macro”, comentou.
“Se a esquerda vai conseguir se manter no poder é um cenário que a gente ainda vai […] analisar […], mas os altos e baixos e as desigualdades ainda são explícitos na Colômbia. Não vai se resolver em três, quatro anos. Então tudo isso não nos dá garantias de que a esquerda vai se manter no poder”, ponderou Gomes.
Fonte: sputniknewsbrasil