“A diversificação que o Brasil possui em sua pauta comercial, somada a um mercado doméstico relevante, passou a apresentar o país como um local de proteção. Na comparação com seus pares, o Brasil pode se destacar justamente por essa diversidade”, declarou ele durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Por outro lado, Galípolo ponderou que os embates tarifários podem contribuir para a manutenção das altas taxas de juros e que o banco estuda se aumentará a Selic, taxa básica de juros da economia, para conter a inflação. Segundo ele, o “dinamismo excepcional” da economia brasileira está pressionando a inflação para além da meta fiscal, com destaque para o setor de alimentação, o que força o BC a ser o “chato da festa”:
“A inflação acima da meta está bastante disseminada […]. A gente está tateando agora nesse ajuste, se a gente está num patamar restritivo suficiente ou qual é esse patamar restritivo suficiente ao longo desse ciclo de alta que nós ainda estamos fazendo”, declarou ele aos senadores presentes.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC subiu na última reunião, do mês passado, a taxa Selic em 1 ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano, a quarta mais alta do mundo em termos reais.
Senadores criticaram a alta dos juros no encontro, como o parlamentar Cid Gomes (PSDB-CE), que afirmou que os especuladores são os principais beneficiários das altas taxas determinadas pelo Copom:
“Qual atividade econômica neste país que dá, com segurança, uma remuneração de 10%? Talvez vender cocaína, mas com muito mais risco. Isso é uma mamata”, disse o senador. “Não faltam empresários que defendam essa coisa maluca [juros altos], porque resolveram desistir dos negócios, da indústria, do comércio, da agricultura e resolveram colocar todo o seu dinheiro aplicado e viver de renda.”
Por sua vez, Galípolo deu como justificativa para o quarto lugar do Brasil na lista de maior taxa de juros do mundo o que chamou de “canais entupidos de política monetária” e emendou que para mudar isso são necessárias reformas que não dependem da autoridade monetária nacional.
Segundo o mais recente boletim Focus, a inflação gira em torno de 5,65%, acima da meta de 3%, com limite inferior de 1,5% e teto de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguida pelo Banco Central.
A alta inflacionária é um dos principais problemas enfrentados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta queda de popularidade, sobretudo por conta dos preços dos alimentos, a apenas um ano das eleições.
Fonte: sputniknewsbrasil