“A Rússia tem feito um projeto de modernizar sua infraestrutura no Extremo Oriente, principalmente a integração com a China, um pouco também com a Coreia do Norte, para criar uma grande zona econômica que visa acelerar, integrar as cadeias produtivas daquela região […] que vai reduzir de maneira muito significativa o frete e uma série de custos, levar turismo, integração das cadeias produtivas em termos de minérios, e várias outras coisas”, contou o pesquisador da UFRJ.
“A Arábia Saudita é um grande exportador de petróleo […] A maior parte do PIB [Produto Interno Bruto] é a produção e exportação de petróleo, e eles têm investido em tecnologia para não ser tão dependentes da exportação de petróleo, porque fizeram um estudo e, nesse estudo, foi identificado que o petróleo saudita vai acabar em 2100”, frisou ela.
“Normalmente, esse suporte não vem das empresas, porque as empresas preferem, por vezes, cortar e preferem utilizar e adaptar inteligência artificial ou as outras tecnologias robóticas por causa de custos”, defendeu ele ao afirmar que China, Índia e Rússia são exemplos de governos que estão se preparando para esse processo, ao investir em educação e capacitação.
Isolamento dos EUA e fortalecimento do BRICS
“Dá pra se perceber claramente que os países asiáticos, por exemplo, que são os mais afetados pelas tarifas, vão ser necessariamente os países que vão ter que passar por um processo de maior integração com o BRICS, porque vão sofrer o maior peso desse processo de fragmentação das cadeias produtivas”, explicou ele.
“O debate sobre propriedade intelectual, sobre democratização da informação, democratização do uso da inteligência artificial, isso pode ser benéfico e os BRICs podem atuar nessa área. Da mesma forma, não só da propriedade intelectual, mas também sobre a proteção de dados, de uma maneira geral”, elencou Calandrin.
Dentre os desafios, vontade política
“O Brasil abandonou a produção industrial para dar mais foco à exportação de produtos primários e às commodities. Então, quando a gente fala do foco da indústria, o Brasil, dentro do BRICS, é o que menos tem dado destaque para isso”.
“Questões de autoria, entre outras coisas que aparecem envolvendo o desenvolvimento dessas tecnologias e que precisam ser definitivamente legisladas, de normativas para que não haja, por exemplo, roubo de autoria de trabalhos científicos, artísticos de países que são países do Terceiro Mundo, países do Sul Global, por países do Norte. Ou então, por exemplo, a coleta e análise de dados de países do Sul Global apenas nos países do Norte […] algumas coisas que necessitam de governança e de leis”.
Fonte: sputniknewsbrasil