BRICS busca ‘liderar pelo exemplo’, diz Ana Toni, diretora-executiva da COP30


Em entrevista coletiva a repórteres nesta quinta-feira (17), Ana Toni, diretora-executiva da COP30, comentou algumas preocupações com a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP30), que será realizada em novembro deste ano em Belém (PA).
Dentre as principais apreensões está o retorno de Donald Trump à Casa Branca e sua política de retirada dos instrumentos multilaterais, especialmente aqueles que lidam com questões climáticas e humanitárias.
Ana Toni destacou aos jornalistas presentes que esta não é a primeira vez que o governo dos Estados Unidos se retira de algum acordo global do tipo, mas sua ausência não pode ser minimizada. “É muito ruim para o clima porque a gente não tem tempo a perder.”
Dentro desse contexto, os países do Sul Global com seu estilo de governança colaborativa se revelam ainda mais importantes para liderar as discussões climáticas na COP30. “Imagino que a liderança dos países do Sul vai ser ainda mais importante na COP30, por razões óbvias.”
Respondendo a uma questão da Sputnik Brasil, a diretora-executiva da Conferência da ONU ressaltou que os países do Sul Global, em especial do BRICS, já lideram os esforços da transição energética.
“No caso brasileiro, olhe a nossa NDC. Diminuímos [a meta] das emissões de gases de efeito estufa para 67%.”
Outro exemplo dado por Toni é a redução de 55% no desmatamento e os esforços governamentais, tanto em âmbito federal quanto estadual, que superam até mesmo colaborações internacionais, como o Fundo Amazônia.

“Então já estamos liderando o combate ao desmatamento no que estamos fazendo, que a China e outros países estão fazendo. Essa liderança já está lá.”

Os países do BRICS, afirma a diretora-executiva, são extremamente ativos em mobilizar seus próprios recursos, retirando até mesmo de áreas socialmente importantes como saúde e educação. “Na China, por exemplo, toda a revolução industrial e tecnológica que ela fez […] não dependeu de recursos de fora. A China está gastando o seu próprio recurso para implementar a sua própria indústria.”
“Os países do BRICS já estão gastando mais”, crava Toni.
Esse tipo de liderança — “pelo exemplo” — dos países emergentes é extremamente importante, uma vez que esses são os países com recursos para não só realizar suas transições energéticas, como também financiar por meio de mecanismos, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), focado em investimentos do tipo, os demais países do Sul Global.
“Países muito menores, como os mais vulneráveis da África ou as ilhas do Pacífico, não têm esses recursos”, lembrou a diretora-executiva. “Então é um liderar coletivo. Por isso que na carta da presidência da COP30, do embaixador André Corrêa do Lago, a gente falou muito da palavra mutirão.”

“Essa ação tem que ser coletiva, e a liderança tem que ser coletiva. Liderar pelo exemplo, não liderar pela força e não liderar só pela fala. A gente quer liderança pelo exemplo.”

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Fonte: sputniknewsbrasil

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