“A CELAC pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU, elegendo a primeira mulher secretária-geral da organização”, disse o presidente.
“Quando pensamos em uma figura latino-americana na ONU, isso representa não apenas um avanço na representatividade geopolítica da região — reforçando as vozes latinas e ampliando a inserção desses países nos debates globais, como os relacionados à mudança climática e à desigualdade econômica —, mas também uma oportunidade de demonstrar certa coesão política ou, ao menos, um esforço nesse sentido, especialmente em um contexto de fortalecimento de iniciativas como a CELAC”, afirma.
“Esses temas são centrais não apenas para a América Latina, mas também para a renovação da própria ONU, que enfrenta críticas por seu desequilíbrio de poder e lentidão decisória. Dessa maneira, idealmente, a nomeação de uma secretária-geral latino-americana reforçaria a pressão por mudanças concretas. Todavia, mesmo com a nomeação, diante da crise do multilateralismo e da própria ONU em um cenário de tensões internacionais, pode ainda não surtir tanto efeito prático, mas sim mais simbólico”, observa a especialista.
“Será necessário enfrentar a crise do multilateralismo, as crises econômicas e financeiras que podem emergir diante da guerra comercial entre China e EUA. Precisará lidar com a aceleração da crise climática, com o aumento de crises relacionados a migrações, as guerras que têm se proliferado ou intensificado. Precisará entender como pensar novas tecnologias e a propagação da informação e desinformação, além de enfrentar potencialmente uma reforma da ONU”, avalia Camoça.
“Tem outros espaços, outras organizações, que já têm mulheres em posição de comando, então isso [uma latina no comando da ONU] seria relevante. E também porque quando as mulheres alcançam posições de comando, isso gera um efeito positivo para que avancem as agendas importantes nos países. A capacidade de ação não só de representatividade, mas também de colocar agendas que são relevantes, também ganharia um outro olhar”, explica a especialista.
“Por outro lado, vai lidar com a diminuição de financiamento americano, e isso já tem impacto nas ações da própria ONU, em ajuda humanitária, em ajuda ao desenvolvimento. Então o próximo secretário-geral vai lidar com um cenário ainda mais complexo e crítico para que a organização se reformule e, nesse processo de transição, ganhe novamente um protagonismo. Então, um cenário muito mais complexo, não só do ponto de vista geopolítico, de segurança internacional, como também da própria existência da organização”, conclui a analista.
Fonte: sputniknewsbrasil