“Só que esses acordos não vingaram. O TPP até vingou, porém não foi levado adiante por Trump, que o cancelou já no seu primeiro dia do primeiro mandato [2017–2021]. Então nós temos aqui, sim, a necessidade de um mundo não apenas multipolar, mas com organizações alternativas àquelas lideradas pelos EUA, porque fica claro que uma vez que essas organizações, como a OMC, não mais satisfazem os interesses americanos, eles tendem a deixá-las de lado”, explica Vieira.
“Com uma aliança União Europeia e BRICS, vejo, sim, a possibilidade de manter essas organizações sem a participação americana. E, claro, é necessário o apoio dos demais países do mundo. Então algo que envolva o BRICS, a União Europeia, já seria suficiente, a meu ver, para atrair o restante do G20, deixando os EUA relativamente isolados”, observa o professor.
“Então a China tem de decidir se vai ocupar ou não o espaço dos EUA, mas ainda que ela ocupe o espaço dos EUA, sozinha, ela não teria capacidade, a meu ver, de fazer grandes coisas. Porque, embora em decadência, a Europa ainda goza de grande status no cenário internacional, então […] nós temos a necessidade de a China fazer uma parceria com a União Europeia. Porque a China tem o poder econômico, mas a União Europeia ainda desfruta de amplo status, poder simbólico no ambiente internacional.”
“O próprio fim da guerra na Ucrânia é um objetivo econômico americano. Ele não é visto como um objetivo geopolítico maior, é uma forma de tentar tirar uma pressão da economia no curto prazo.”
“O BRICS acaba sendo um desafogo, uma possibilidade da criação de um sistema global econômico e político alternativo a essa ordem sob domínio americano. Por isso, desperta tanto interesse do chamado Sul Global”, conclui o analista.
Fonte: sputniknewsbrasil