Da Redação
A Bronca Popular
Criado em 1991 pelo ex-prefeito Frederico Campos e consolidado ao longo de mais de três décadas por gestões como as de Roberto França, Wilson Santos, Chico Galindo, Mauro Mendes e Emanuel Pinheiro, o projeto Peixe Santo foi simplesmente aniquilado pela atual gestão do prefeito Abílio Brunini (PL), sem qualquer justificativa plausível — exceto a sua já conhecida mistura de incompetência administrativa, radicalismo ideológico e, talvez, uma pitada de desprezo pelo povo que mais precisa.
A iniciativa histórica garantia, durante a Semana Santa, o acesso da população mais humilde ao pescado — tradição religiosa e cultural do período. O projeto promovia a venda de peixes como pacu, tambacu e tambatinga a preços populares, com apoio de órgãos como a Aquamat, a Polícia Militar, a Sema e a Vigilância Sanitária. Além de beneficiar o consumidor, gerava renda direta para dezenas de piscicultores da Baixada Cuiabana.
O absurdo fica ainda maior quando se relembra que o atual líder do prefeito na Câmara, Dilemário Alencar, foi um dos maiores defensores do projeto quando era secretário na gestão de Chico Galindo. Em 2010, ele exaltava os resultados: “O projeto Peixe Santo tornou-se uma tradição em nossa cidade”, dizia, empolgado, ao celebrar a venda de 400 toneladas de peixe — número que chegaria a 500 no ano seguinte.
Hoje, silencia diante da canetada desastrada de seu chefe. Nenhuma consulta aos produtores. Nenhuma alternativa apresentada. Nenhuma consideração pelas famílias que contavam com o Peixe Santo como uma das poucas oportunidades de manter viva a tradição sem comprometer o orçamento.
Abílio não apenas desrespeitou uma tradição popular e religiosa. Ele jogou contra os pequenos produtores, contra os consumidores carentes e contra a própria história de Cuiabá. O gesto é revelador: para um prefeito cada vez mais refém do palanque digital e da pregação ideológica, projetos com viés social não têm vez.
Em meio à sujeira acumulada nas ruas, buracos, ônibus sucateados e um caos administrativo generalizado, a extinção do Peixe Santo é apenas mais um sintoma do que a gestão Abílio se tornou: um desastre que se esconde atrás do celular enquanto a cidade afunda.
Fonte: abroncapopular