Teste: Volkswagen Polo Comfortline vale a pena com o Tera chegando?


Meados de 2025, um cliente entra numa concessionária Volkswagen e diz ao vendedor que tem R$ 120 mil para investir em seu próximo carro. O funcionário mostra duas opções. Em um canto da loja está o Polo Comfortline vermelho das fotos, modelo 2025, já em fim de carreira, pois a marca restringiu as opções do hatch na linha 2026.

A segunda… Bem, é o novíssimo Tera, onipresente no showroom e que, bem verdade, compartilha com o Polo plataforma, motor e câmbio. Mas traz uma roupagem inédita, moderna, além dos tão desejados centímetros extras de altura em relação ao solo que o brasileiro ama nos SUVs.

Antecipando esse cenário, trazemos a seguinte reflexão: com a chegada do Tera, fará sentido comprar um Polo? Para responder à pergunta, ficamos uma semana com a versão Comfortline, segunda mais cara e completa na gama do hatch compacto, que custa R$ 120.490. Vale lembrar que, quando a avaliação foi escrita, a Volkswagen ainda não tinha apresentado a linha 2026 do hatch sem a versão testada.

O Polo Comfortline tem muitos dos itens que também estarão presentes no Tera, como quadro de instrumentos digital de 8 polegadas, central multimídia VW Play de 10,1″ com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, chave presencial, partida por botão, volante multifuncional, controle de cruzeiro e faróis de LED. As rodas de 15″ são de liga leve e casam com o estilo do Polo, ainda que haja opções maiores em outras configurações.

Até aqui, o pacote de equipamentos parece condizente com um veículo dessa faixa de preço. Se o cliente decidir conhecer o hatch por dentro, vai se decepcionar ao comparar o estilo da cabine e o acabamento do Polo com o do Tera. E isso é perfeitamente compreensível, afinal estamos comparando um projeto lançado em 2025 com outro de 2017, que praticamente não mudou por dentro.

As mudanças, é preciso apontar, deixaram a cabine mais simples. Os bancos, por exemplo, agora trazem encostos de cabeça fixos. Além disso, são revestidos com um tecido mais simples e áspero do que o utilizado na versão pré-reestilização. Para quem viaja no banco traseiro, não há reclamações quanto ao espaço interno (pelo menos para passageiros que medem até 1,80 metro). Porém, a Volkswagen decidiu trocar a saída de ventilação que havia ali por duas portas USB-C.

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Outra coisa que mudou no hatch foi a calibração do motor 1.0 170 TSI. Os ajustes foram feitos para atender à oitava fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) e tiraram parte do fôlego do Polo. O motorista terá que se acostumar com as respostas mais morosas e atrasadas do pedal do acelerador.

Quando o hatch embala, no entanto, o excelente motor turbo flex de três cilindros, 12 válvulas e injeção direta, de 116/109 cv de potência (gasolina/etanol) e 16,8 kgfm de torque (com qualquer combustível), cumpre bem seu papel e proporciona uma tocada ágil para o uso cotidiano.

O problema mesmo é a fase inicial do acelerador, inclusive em manobras. Esse foi o ponto que mais me incomodou no Polo 2025. Quando o motorista tira o pé do freio, o carro avança por alguns metros, mas logo para, contrariando o que se espera da função creeping. Aí, é preciso acelerar, mas o escalonamento do pedal é impreciso — ou não move o veículo, ou manda força demais para as rodas, causando movimentos bruscos.

Quando necessitamos de fôlego imediato para uma aceleração ou retomada mais vigorosa, o Polo Comfortline TSI se mostra mais pacato do que outros hatches compactos com motor turbo. Em nossa pista de testes no Rota 127 Campo de Provas, em Tatuí (SP), a versão Comfortline levou 11,5 segundos para ir de zero a 100 km/h, número acima dos 10,1 s oficiais do Chevrolet Onix turbo ou dos 10,7 s do Hyundai HB20 TGDi. E mais de 1 segundo acima do Nivus 2025 (10,4 s).

Você pode dizer que o Nivus é mais potente (128/116 cv), mas é preciso considerar que o Polo é 67 kg mais leve. Na ponta do lápis, a relação peso/potência dos dois é quase igual. O consumo, ao menos, está muito melhor. Em nosso padrão, abastecido com gasolina, o Polo Comfortline cravou ótimos 20,8 km/l. Na cidade, foram 11,1 km/l com o ar ligado.

Ótima também é a dirigibilidade, ainda a melhor entre os hatches compactos nacionais. Aqui, qualquer comparação com o Tera é meramente especulativa, já que só vamos acelerar o novo SUV de entrada daqui a alguns meses. Meu palpite é que a dirigibilidade do Tera será mais apurada, assim como as modulações do pedal do acelerador serão corrigidas, visto que o novo projeto já nascerá sob exigências mais severas.

Ao fim da visita, nosso cliente fictício não parece ter dúvidas. Como um bom early adopter, termo criado para definir pessoas afeitas a novidades, a escolha foi o Tera. Essa cena deve se tornar não apenas real como muito comum nos próximos anos. E mostra que a Volkswagen está atenta.

Algumas versões do Polo, como a Comfortline, estão saindo de cena aos poucos para que o Tera seja o grande protagonista da montadora no Brasil. O papel do Polo deve ser reduzido diante da importância histórica construída ao longo de cinco décadas: sobreviver com versões mais baratas destinadas a frotistas, vendidas com generosos bônus, como você pode conferir na sequência.

Pontos positivos: Espaço acima da média; consumo de combustível comedido
Pontos negativos: Mudanças para atender à lei de emissões deixaram o Polo mais moroso

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Fonte: direitonews

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