Analista: se Marinha dos EUA passa aperto para lidar com houthis, imagina com a ‘jaganata’ da China


Nos últimos dias, o porta-aviões USS Carl Vinson e seu grupo de escolta e ataque finalmente chegaram ao mar Arábico. Com isso, os navios se unem ao grupo liderado pelo porta-aviões USS Harry S. Truman e está em alcance para lutar contra o movimento iemenita Ansar Allah, também conhecido como houthis.
Nas redes sociais, o Comando Central das Forças Armadas norte-americanas propagandeia a campanha incessante contra alvos das forças iemenitas. Até mesmo o capitão do USS Harry S. Truman, Christ “Chowdah” Hill, divulga cenas das ações.

Os ataques dos Estados Unidos contra o Ansar Allah ocorrem desde janeiro de 2024, quando o Ansar Allah anunciou um bloqueio naval no mar Vermelho em uma campanha de solidariedade aos palestinos da Faixa de Gaza. Os houthis também têm lançado ataques de drones e mísseis contra Israel.

No entanto, a operação norte-americana não parece ter tido efeito algum no grupo. Na segunda-feira (14), Ali Al-Qahoum, membro do comitê político do Ansar Allah, afirmou à Sputnik que os quase mil bombardeios estadunidenses lançados contra o território do Iêmen no último mês não tiveram impacto na capacidade militar do movimento.
Já na última sexta-feira (11), Yahya Saree, porta-voz do governo iemenita, informou que os militares do país revidam os ataques estadunidenses com mísseis de cruzeiro e drones. “Cedo ou tarde, o inimigo perceberá que o povo do Iêmen não se submeterá”, afirmou.

‘Uma revolução em assuntos militares’

Se por um lado os Estados Unidos falharam em atingir alvos vitais do Ansar Allah, por outro o grupo já causou alguns danos significativos, pelo menos financeiramente, aos norte-americanos.
Só nas duas últimas semanas, os houthis derrubaram quatro drones de combate MQ-9 Reaper. Considerado um dos mais poderosos — capazes de atingir 15 quilômetros de altitude e lançar mísseis Hellfire —, ao todo 19 unidades desse veículo aéreo não tripulado foram destruídas. Estima-se que cada uma tenha um valor de US$ 56,5 milhões.
Momento do lançamento do míssil a bordo da fragata Independência - Sputnik Brasil, 1920, 13.12.2024

Para Francisco Carlos Teixeira, professor titular da cadeira de história moderna e contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a efetividade do Ansar Allah em se manter ativo, seus contra-ataques e o fato de terem feito a Marinha dos Estados Unidos terem despedindo dois porta-aviões em seu combate evidencia uma “revolução em assuntos militares”.
“Essa é uma expressão técnica que tenta marcar o momento onde alguns avanços tecnológicos, doutrina e de tática podem mudar claramente o equilíbrio de forças.”
Diferentemente do caso do Vietnã — outro atoleiro em que as Forças Armadas norte-americanas se meteram —, desta vez não é apenas a mobilização popular que se sobrepõe à superioridade tecnológica norte-americana. Os houthis, diz, não contam com meios “quase artesanais de luta”; pelo contrário.
Supostamente fornecidos pelo Irã, esses mísseis e drones possuem “mecanismos de navegação e de direção de rumo muito sofisticados”, afirma Teixeira. Além disso, trata-se de “uma balística barata e de grande mobilidade, por vezes disparada de pequenos veículos utilitários 4×4 de grande movimento, o que torna a represália muito difícil”, diz à Sputnik Brasil.

“O uso de foguetes, mísseis e drones tem transformado a arte da guerra. É uma vitória da tecnologia contra meios financeiros abundantes.”

Vergonha para a Marinha dos EUA?

Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil comandante Robinson Farinazzo destaca que esses resultados infrutíferos eram vistos por oficiais da Marinha norte-americana como consequência das restrições impostas por Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos.
“Agora Trump soltou a mão da Marinha”, comenta Farinazzo. “Mas aí eu te pergunto: os resultados estão aparecendo? Se não aparecerem resultados dentro de alguns meses, isso vai provar que essa visão da Marinha estava equivocada.”
Desde que assumiu, o atual mandante da Casa Branca, Donald Trump, reforçou a retórica militar norte-americana no teatro asiático — seja no Oriente Médio com o maior belicismo contra os houthis e atritos com o Irã, seja na escolha direta da China, como principal oponente geopolítico dos Estados Unidos.
Nesse último embate, Trump iniciou uma guerra tarifária contra a China, mas até agora se recusa a comentar se suas forças agiriam caso haja problemas em Taiwan.
À reportagem, Farinazzo compara ambas as situações. “Os houthis têm uma capacidade bélica bastante razoável, mas eles não têm a massa de drones e mísseis para fazer uma saturação na Marinha norte-americana, nem a capacidade de aquisição de alvos para garantir os acertos. A China tem.”

“Não é difícil de aprender que se você não consegue enfrentar um exército semirregular sem a logística adequada, que sem as plenas condições técnicas já há toda essa angústia, imagina enfrentar uma ‘jaganata’ que nem a Marinha e Força Aérea chinesa. Lembrando que a China tem satélites à sua disposição, muitos.”

Diferentemente dos houthis, que lançam alguns mísseis por vez, a China tem capacidade de lançar “uma centena de vetores” até esgotar as defesas dos navios estadunidenses. Conforme explica o especialista militar, a defesa da frota é feita por lançadores verticais que, uma vez esgotadas, só conseguem ser repostas no porto.
“Então, vamos supor que há cinco cruzadores defendendo um porta-aviões. São 450 mísseis de defesa. Se a China lançar 600 drones — que não é nada —, acabou a defesa. Aí começam a vir os mísseis. E 600 drones para a China é a produção de alguns minutos de uma fábrica.”

“Quer dizer, a chance de a China afundar um porta-aviões americano, um navio capital, é bastante grande.”

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Fonte: sputniknewsbrasil

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