Da Redação
A Bronca Popular
Ele já foi tudo: presidente da Aprosoja, “líder rural”, aliado de Mauro Mendes, bolsonarista de conveniência e, claro, defensor dos “valores conservadores” — tudo isso enquanto ainda precisava enganar o eleitor para ocupar uma cadeira no Senado, na eleição suplementar de 2020. Conseguiu.
Carlos Fávaro (PSD), o hoje senador licenciado e ministro da Agricultura de Lula, representa como poucos a arte da metamorfose política em sua forma mais cínica e calculista. De produtor rural engajado em selfies com a bandeira do Brasil a entusiasta do petismo — com direito a abraços públicos e apertos de mão com Lula — o político mato-grossense parece ter encontrado o único limite que respeita: a falta de limites.
A trajetória de Fávaro é um case clássico de oportunismo político. Conquistou a confiança do governador Mauro Mendes, embarcou na onda bolsonarista para pescar votos da direita, e, uma vez em Brasília, virou o jogo. Deu as costas para Bolsonaro, ignorou a base que o elegeu, traiu aliados e aderiu ao projeto lulista sem o menor constrangimento — como se trocar de lado fosse só uma questão de agenda.
O resultado? Desgaste. Queimado com a direita, rejeitado por grande parte do setor agro, desacreditado por eleitores que já enxergam nele apenas mais um político de carreira agarrado ao poder. Hoje, já se fala nos bastidores que Fávaro não deve sequer tentar a reeleição ao Senado. E não por humildade — mas por puro instinto de sobrevivência. Disputar uma vaga majoritária seria um suicídio político.
Agora, o ministro traça um novo plano: articula uma aliança com o consórcio da esquerda em Mato Grosso para montar uma chapa proporcional forte, onde possa escorregar para a Câmara dos Deputados. Seria mais seguro. Mais conveniente. Menos exposto.
Afinal, quando se vive de conveniências, a coerência passa longe. E Carlos Fávaro é, hoje, o retrato fiel do político que prefere estar do lado do poder — mesmo que precise trocar de lado sempre que a maré muda.
Fonte: abroncapopular