Da Redação
A Bronca Popular
Na tarde desta terça-feira (8), data em que Cuiabá comemorava seus 306 anos, o presente foi amargo. A forte chuva que caiu sobre a cidade não apenas alagou ruas e destelhou casas — ela escancarou, mais uma vez, o descaso histórico com a população mais pobre.
O que era para ser dia de festa, virou tarde de sofrimento, desespero e vergonha.
Nos bairros mais humildes, onde a drenagem pluvial inexiste e a infraestrutura urbana é uma promessa velha e nunca cumprida, moradores viram suas casas serem invadidas pela água barrenta.
No Santa Marta, o vento arrancou telhados como se fossem papel.
No Dom Aquino, uma casa desabou.
Famílias que já viviam no limite, agora enfrentam a dor de perder tudo — de novo.
No Jardim Leblon, a situação foi ainda mais cruel: o muro da UPA desabou, as águas invadiram o interior da unidade e pacientes tiveram que ser transferidos às pressas.
O Hospital Municipal de Cuiabá e o antigo Pronto Socorro também foram inundados, provando que nem as estruturas de saúde estão preparadas para a chuva que a cidade já deveria saber enfrentar.
Enquanto isso, no Shopping Popular, comerciantes ainda se recuperando do incêndio de 2023 viram suas esperanças serem arrastadas pela enxurrada.
“Perdemos tudo de novo”, lamentou um deles, em vídeo emocionado.
A humilhação é dobrada: perder, reconstruir, perder outra vez — sempre sob os olhos indiferentes do poder público.
Carros boiando no Jardim das Américas, teto do shopping cedendo, transporte público parado com usuários ilhados na estação Bispo.
Na capital mato-grossense, a chuva é só o estopim — o problema real é a negligência que se acumula ano após ano, gestão após gestão.
Cuiabá fez aniversário, mas quem mais sofreu foram os mesmos de sempre: os invisíveis.
Fonte: abroncapopular