Ibrafe: Investimento privado reduz importação de feijões em 90%


Importar feijão pode fazer parte de uma estratégia eficaz de abastecimento. Durante certas épocas do ano, o Brasil exporta feijão e, posteriormente, recompõe seu estoque com importações, particularmente da Argentina. Contudo, essa estratégia ainda não foi amplamente adotada pelo Brasil. Até agora, as importações brasileiras concentraram-se em variedades que não produzimos internamente e, até 2023, também em feijão-preto, devido à falta de gestão pública que impediu o reconhecimento da possibilidade de produção local dessas variedades que estávamos importando.

No ano passado, o Brasil importou 12.540 toneladas — uma redução de 90% em relação a 10 anos atrás, quando, em 2014, importamos 135 mil toneladas. Este tem sido um progresso notável. Em 2016, durante um período de estiagem severa, o país importou 342 mil toneladas. É provável que parte desse avanço esteja relacionada às ações do IBRAFE, que destacou a capacidade do Brasil para produzir feijões vermelhos, rajados, pretos e, mais recentemente, Alubia. A ação de exportadores e empacotadores associados ao IBRAFE tem feito diferença, ainda que o investimento ainda tenha seus riscos evitáveis, como a pirataria, quando o comerciante entrega grãos para produtores plantarem. Ou quando os produtores, em uma pseudo-expertise, plantam o grão mesmo sabendo que isso é um tiro no pé, se não imediato, no médio prazo, pela falta de pesquisa.

Um caso a ser observado tem a ver com a primeira safra significativa de feijão Alubia, que está a caminho, resultado de uma colaboração entre LC Sementes, Arbaza Alimentos e o IAC (Instituto Agronômico de Campinas). Após 12 anos de pesquisa, testes, avanços e recuos, com investimentos públicos e privados, a cultivar IAC 2157, que possui um ciclo precoce, representa um Alubia branco com um projeto de produção consistente. Esse feijão-branco tem sido importado da Argentina em uma faixa de 9 a 15 mil toneladas por ano, com a Arbaza como uma das principais distribuidoras no Brasil. Esse tipo de acordo depende muito do comportamento da instituição de pesquisa, que precisa respeitar e proteger esse investimento durante determinado período. O investidor precisa que seu investimento retorne e que a pirataria seja combatida com determinação.

Essa iniciativa já foi desenvolvida no passado, mas as empresas que investiram perderam seus recursos, pois, em menos de um ano, havia mais grãos disponíveis do que sementes para plantio. A evolução dos mecanismos de controle pode vir a abrir uma nova frente de recursos para pesquisa em outros feijões, até mesmo nos tradicionais carioca e preto. Instituições como a EMBRAPA têm enfrentado contingenciamentos de recursos públicos, o que acaba por retardar a evolução necessária das pesquisas. A iniciativa privada pode investir, desde que todos os envolvidos entendam que, no capitalismo, investimentos precisam ser respeitados e protegidos para que possam crescer.

A produção local de feijões que antes eram importados pelo Brasil não só oferece uma nova alternativa para os agricultores, como também prevê a possibilidade de excedentes que poderão ser exportados no futuro. Isso já acontece com os feijões vermelhos, rajados, mungo e preto. Esse caso será analisado durante o Pulse Day Noroeste, que ocorrerá na próxima semana em Paracatu, Minas Gerais, no dia 26.

Fonte: noticiasagricolas

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