‘Toda escolha tem custo’: o que será da dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios? (VÍDEO)


Uma dança das cadeiras nos ministérios é pedida já há alguns meses por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, entrando na metade final de seu mandato, o líder petista parece ter concordado com a iniciativa frente à queda de popularidade do seu governo.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor de ciência política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Paulo Henrique Cassimiro explica que “o PT é um partido que tem uma resistência muito grande a abdicar de certas posições do governo”, e as duas principais pastas afetadas são justamente algumas dessas.
A primeira é o Ministério da Saúde, atualmente chefiado por Nísia Trindade. Em seu lugar, é esperada a entrada do atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), forte nome político e ex-comandante da pasta durante o primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (2011–2014).
“O Ministério da Saúde é um ministério com um orçamento muito grande, que tem um controle de recursos que interessa aos deputados, senadores e aliados políticos do governo”, diz Cassimiro.

“E a entrada de um ministro com um perfil mais político vem no sentido de facilitar a negociação do ministério em fazer a liberação de emendas e de recursos.”

Com um perfil técnico e um histórico de sucesso na vacinação contra a COVID-19 enquanto presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade recebe críticas por parte dos aliados desde o início de sua chefia na pasta.
Esse perfil vem em contraste ao de Padilha, conhecido por ter um perfil mais político e ser uma liderança forte dentro do Partido dos Trabalhadores. “O PT não vai abrir mão do controle do Ministério da Saúde, está claro, e a substituição tem a ver com a tentativa de tornar essa relação mais fluida.”
No lugar do ministério, correm boatos de que será oferecido a Nísia um cargo em algum organismo internacional, como a Organização Pan-Americana de Saíde (OPAS).
A segunda grande mudança da reforma ministerial envolve o retorno da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann. A deputada federal (PR) está se aproximando do fim de sua presidência do partido e, devido a seu destaque dentro do partido, deve ser oferecida um cargo na Esplanada.
Gleisi presidiu o PT durante a prisão de Lula e é vista com muito crédito dentro do partido. Ao mesmo tempo, seu “dogmatismo” é questionado por outros políticos que a veem como “muito resistente a abrir mão do protagonismo do PT.”
Por conta disso, afirma Cassimiro, ela deve assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República, posição de confiança do presidente que age na intermediação das políticas do governo junto aos demais ministérios. A pasta hoje é chefiada por Márcio Macêdo (PT-SE).
Como era cotada também para a posição da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), atual cargo de Padilha, se o ministro realmente for para a Saúde, a vaga fica aberta para possíveis articulações políticas de Lula.
Responsável por intermediar as relações com o Congresso Nacional e com os demais partidos, a pasta é decisiva para a aprovação de legislações que o governo queira ver implementadas.
Por conta disso, é considerado que algum político afiliado ao Centrão assuma o controle da secretaria, como o atual ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, do Republicanos, mesmo partido do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), ou o líder do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Isnaldo Bulhões (AL).
No entanto, a retirada do controle petista da SRI é vista com maus-olhos pelo PT, que teme uma perda de controle na política do governo, diz o professor da UERJ.

Todas as escolhas têm um custo. Quando a presidente Dilma Rousseff colocou as relações do Congresso na mão do vice-presidente Michel Temer, isso não só não evitou o impeachment, como acelerou o processo.”

Por conta do trauma dessa “sabotagem” contra o governo, o PT estuda por algum dos seus quadros no cargo, como o líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), ou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
“É uma escolha que o Lula vai ter que fazer”, afirma Cassimiro. E nada é garantido.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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