A inusitada combinação de motores a diesel e conjuntos híbridos deve se tornar comum na segunda metade da década. É algo que você verá, por exemplo, na próxima geração da Toyota Hilux. Para a JLR, tal tecnologia serviu para prolongar a vida do New Discovery— mas só enquanto a nova geração não chega em 2026. Não à toa, trata-se de um conjunto híbrido leve, que prioriza a redução de emissões e não o consumo de combustível.
O New Discovery também é o carro mais caro vendido no Brasil presente no especial de híbridos da Autoesporte. Parte de R$ 759.875 na versão Dynamic e chega a R$ 775.505 no pacote Metropolitan, o mais equipado. Em comum, há o motor 3.0 diesel de seis cilindros em linha da família Ingenium, com um alternador capaz de funcionar como propulsor elétrico. Somados, desenvolvem 300 cv de potência a 4.000 rpm e 66,3 kgfm de torque a 1.500 rpm, com transmissão automática de oito marchas.
Aqui, o conjunto elétrico de 48V utiliza sua energia para dar a partida no sistema start/stop e fornecer uma leve assistência de torque nos momentos em que o motor diesel é mais exigido — e nada mais. Não há, por exemplo, um modo “coasting” ou “velejar”, em que o motor a combustão é desligado por completo em certas condições de condução para economizar combustível. Para um carro nesta faixa de preço, é um sistema um tanto quanto rudimentar e até contraditório.
Isso não tira os méritos do Discovery, que agrada ao volante. O motor diesel ronca e vibra mais do que unidades a gasolina, mas o bom isolamento acústico contém o incômodo. Diferentemente da linha Range Rover, o SUV diesel não traz um sistema de cancelamento de ruído, que emite frequências opostas na cabine para mitigar o barulho externo.
O volante é leve e igualmente desmultiplicado. É preciso girá-lo várias vezes para manobrar em vagas apertadas, o que será bem comum na vida de quem dirige o SUV de 4,95 metros de comprimento e 2,22 m de largura (sem os retrovisores). Outro empecilho é a altura de 1,88 m, que faz o Discovery passar “raspando” na maioria dos estacionamentos. O modelo que testei ainda estava equipado com rack de teto, que fez o SUV ganhar ao menos 20 cm.
A solução que a Land Rover encontrou foi instalar o controle ativo de altura para a suspensão. São quatro modos: acesso (a altura mais baixa possível, para facilitar entrada e saída), normal, off-road 1 e off-road 2. Dessa forma, o SUV pode beirar 2,20 m de altura somando o rack de teto.
Percorri 630 km com o Discovery sem abastecer, devolvendo o veículo quase na reserva (o tanque de combustível tem 89 litros). Ele deve ser abastecido com diesel com baixo percentual de enxofre, como o S10. Por ser um carro híbrido leve, passei longe das estações de recarga elétrica que foram tão comuns na vida dos meus colegas neste período. O consumo médio alternou entre 6,5 km/l e 8,5 km/l, o que condiz com a autonomia total do SUV. Em raras condições de estrada ou via expressa, é possível marcar 12 km/l.
O SUV ainda se mostra bem competente no acabamento, que inspira solidez, e no pacote de equipamentos. Gosto bastante do recurso que a Land Rover encontrou para controlar o ar-condicionado digital. O display está em um pequeno disco rotativo, onde é possível alternar entre temperatura, intensidade do ventilador e até refrigeração dos bancos de forma muito intuitiva. Num tempo em que os carros perdem botões, é uma alternativa inteligente.
Acabamento de couro marrom reveste toda a parte superior do painel e das portas. Plástico preto brilhante de boa qualidade marca presença, deixando as impressões digitais do motorista expostas. Saídas de ar-condicionado com telinha para os ocupantes do banco traseiro dão o ar da graça, bem como para os dois assentos extras escondidos no porta-malas de 450 litros (5 lugares) ou 258 litros (7 lugares).
Mesmo com suas qualidades, e perdoando algumas falhas, o New Discovery ainda é um carro convincente. Essa geração foi lançada em 2017 e implora por uma modernização, principalmente no design. Isso acontecerá em 2026, quando o modelo totalmente renovado será mostrado, preterindo seu caráter aventureiro para adotar uma roupagem mais familiar.
Enquanto o futuro não chega, a JLR se reconecta com o passado por meio da linha Classic Works. Não sabe do que se trata? Dê play no vídeo mais abaixo e embarque com a Autoesporte em uma aventura pelo Reino Unido.
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Fonte: direitonews