BMW mostra “carro do futuro” com mais de 1.000 cv e supercomputador


Faz calor em Greer, na Carolina do Sul, e já perdi a conta de quantas latas de Coca-Cola zero mornas ingeri. A BMW submeteu grupo de jornalistas de todo o mundo a um exaustivo programa, com o objetivo de apresentar suas mais novas tecnologias. Falei, inclusive, sobre uma delas aqui em Autoesporte faz um tempinho. Mas nada, nada mesmo, chegaria perto do que estava prestes a experimentar.

Tive o prazer de me encontrar com oHeart of Joy, ou, numa tradução literal para o português, “Coração da Alegria”. No entanto, há outro sinônimo que se encaixa de modo perfeito neste nome: “Coração do Prazer”. Mas, afinal de contas, o que é isso?

É uma pequena caixa preta desenvolvida pela BMW, com aproximadamente 20 cm por 20 cm. Faz as vezes de Unidade de Controle Eletrônico (ECU) e combina todo o controle de dinâmica de condução e do trem de força em apenas um computador.

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Desse modo, todos os sistemas de gerenciamento funcionam praticamente em uníssono. Assim, há uma otimização significativa do tempo de reação e, por conseguinte, no prazer em dirigir. O “Heart of Joy” é capaz de distribuir com primor potência para cada roda, bem como questões referentes à frenagem.

E aí chegamos a um ponto que, vou te contar, é coisa de louco. A BMW focou bastante no quesito frenagem e estabilidade, garantindo conforto absoluto a condutor e passageiros nas mais variadas condições. Para dar um exemplo, o sistema é capaz de utilizar somente a frenagem regenerativa a fim de parar o veículo.

Graças ao “Heart of Joy”, cada roda pode ser freada de modo individual com o objetivo de otimizar ao máximo a aderência. Por conta disso, de acordo com a fabricante, temos recuperação de energia 60% mais eficiente. A BMW garante ainda que quase 100% dos condutores não precisarão pisar nos freios justamente pela capacidade de regeneração de energia.

A “caixinha mágica” da fabricante alemã decide ainda para qual roda irá “jogar” toda essa regeneração. Ou seja, confere ao veículo estabilidade além da conta. A BMW se vangloria também do quão polivalente o supercomputador pode ser. Desenvolvido internamente pelos engenheiros da montadora, o sistema é capaz de oferecer dinâmicas distintas para sedãs, SUVs e outras carrocerias. E mais: pode atender a veículos que tenham um a quatro propulsores elétricos.

Para mostrar aos jornalistas toda a capacidade do “Heart of Joy”, a BMW separou um presentinho especial. Trata-se do Vision Driving Experience, sedã elétrico equipado com quatro motores elétricos e feito em fibra de carbono. A fabricante, infelizmente, não divulgou todos os detalhes sobre o protótipo, mas disse que os propulsores entregam mais de 1.000 cv de potência e o torque é de bizarros 1.835 kgfm.

Além disso, a BMW também confirma que há um aumento de 25% de energia por conta da integração entre frenagem e recuperação de energia. Salienta ainda que seu supercomputador, que equipa o Vision Driving Experience, chega a ser 10 vezes mais rápido nas respostas que ECU usuais.

Fomos convidados a dar três voltas no circuito de testes da fabricante em Greer, com 2,7 km de extensão. Ao volante Jens Klingmann, piloto de testes da BMW, figura experiente no endurance e que também bateu roda com Nico Hülkenberg, Daniel Ricciardo, Jules Bianchi e Sam Bird nos monopostos.

Nós, meros mortais, fomos sentados no banco traseiro, cinto de cinco de pontos no esquema. Durante o passeio, pude notar alguns comportamentos bem interessantes de pilotagem advindos do “Heart of Joy”.

Para começo de conversa, tudo bem que Klingmann é um piloto profissional, mas ele mal tocava no pedal do freio nas curvas. Ele simplesmente tirava o pé do acelerador e fazia sua mágica.

Klingmann ativou ainda o modo solo do VDX. Quando o fez deixou todos a bordo boquiabertos, tamanha a vontade com que o carro ficou colado no chão. Isso graças aos ventiladores posicionados na dianteira e na traseira, que geram downforce de 1.200 kg sem a necessidade de uma asa traseira gigante ou nenhuma outra firula aerodinâmica.

Os ventiladores são extremamente barulhentos, e também dá para ver a “fumaceira” gerada pelos pneus saindo por eles. Coisa de maluco. Isso porque, mesmo em um carro elétrico, era impossível escutar qualquer outro ruído. Vale frisar que as forças máximas laterais, segundo a BMW, excedem 3G.

Durante o finzinho da diversão, parecia que o Vision Drive Experience flutuava na pista tranquilamente a mais de 150 km/h. Klingmann nos alegrou ainda mais com uns deliciosos donuts. Ao sair do carro, notei que os pneus de alta performance já estavam nas últimas. E olha que o Jens nos disse mais tarde, no jantar, que só deu aquela brincada e utilizou menos da metade do potencial do VDX. Repito: coisa de maluco.

Vale destacar que o “Heart of Joy” foi desenvolvido pela BMW por três anos. Klingmann e outros pilotos da casa ajudaram a engenharia da empresa a aperfeiçoar o supercomputador por quase 8 mil horas. Além, claro, de garantir condução personalizada, divertida e confortável para os veículos da fabricante, a unidade facilita ainda atualizações remotas.

O módulo de controle central desenvolvido para a próxima geração de carros da BMW chega às ruas ainda este ano por meio da Neue Klasse. Com o “Heart of Joy”, a fabricante pretende redefinir o prazer de se dirigir um carro elétrico. Posso afirmar que será, de fato, absolutamente incrível – ao menos se for um veículo da montadora.

Ainda faz calor em Greer, na Carolina do Sul, e já perdi a conta de quantas latas de Coca-Cola zero mornas ingeri. Mesmo assim, nada, e nem ninguém, pode tirar o sorriso do meu rosto após a experiência com o VDX e seu “Heart of Joy”, que garantiu ao meu coração, tão amargo, alegria imensurável.

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Fonte: direitonews

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