Será que todo mundo merece uma segunda chance? O setor automotivo brasileiro é direto, reto e diria que não. Aliás, há um critério muito específico e simples para definir quem segue e quem sai de linha por aqui: as vendas. Jeep Renegade e Compass, por exemplo, não deram essa sorte em suas versões a diesel e não são mais fabricados com essa motorização depois dos poucos emplacamentos.
Só que o irmão maior, Jeep Commander, vai no caminho contrário e acaba de receber a sua segunda chance com um novo motor a diesel. O SUV de sete lugares precisou abandonar o 2.0 Multijet de 170 cv de potência e 35,5 kgfm de torque para atender aos parâmetros de emissões do Proconve L8, assim como adiantado por Autoesporte.
Mas, ao invés de simplesmente ter as versões a diesel fora de linha, como os seus aliados, a Jeep preferiu colocar o mesmo motor 2.2 Multijet turbodiesel da Ram Rampage no Commander. Isso porque cerca de 20% de todas as comercializações do SUV são de versões a diesel. Não tem como não dar uma segunda chance para isso.
Mas a marca americana também aproveitou o momento para aumentar o preço do SUV, que agora parte de R$ 309.990 na versão Overland, a única oferecida com essa motorização. Isso significa que o carro está R$ 4 mil mais caro. Já adianto que acho a alteração justa. Afinal, o Commander diesel está mais potente, muito mais rápido e um pouco mais econômico que o antigo 2.0.
O Jeep Commander 2025 traz agora um 2.2 Multijet II turbodiesel de quatro cilindros que entrega 200 cv de potência e 45,9 kgfm de torque. Isso significa que o SUV grande está 30 cv mais potente e com 10,4 kgfm a mais. O câmbio continua sendo automático de nove marchas, mas foi recalibrado para dar conta da nova motorização. A tração também segue sendo 4×4 sob demanda, com a primeira marcha operando como reduzida.
Para cumprir os parâmetros do PL8, o Commander Overland 2.2 turbodiesel também passa a contar com um tanque de 13 litros de Arla 32, líquido que serve para ajudar a “limpar” os poluentes dos gases expelidos pelo escapamento do veículo.
Com isso, o SUV de sete lugares criado para as grandes famílias ficou melhor em vários quesitos para honrar o seu recomeço e acabar de vez com a fama de ser um carro pacato demais. Começo citando 0 a 100 km/h, agora feito em 9,7 segundos. Antes, eram 11,6 s — uma diferença significativa de dois segundos. A velocidade máxima também cresceu e passou dos 197 km/h para 205 km/h.
Na prática foi possível sentir a diferença. O Commander ficou mais responsivo e reage muito melhor assim que o motorista pisa no acelerador. O torque máximo de 45,9 kgfm representa um aumento de 10,4 kgfm em relação ao antigo motor 2.0, além de ser entregue em sua totalidade logo a 1.500 rpm.
No entanto, a possibilidade de dirigir por apenas três voltas no Circuito Panamericano, em Elias Fausto (SP), no evento de lançamento, deixaram as minhas impressões sobre o “novo” Jeep um tanto quanto rasas no quesito dirigibilidade. Poderemos falar melhor sobre isso quando o novo Commander 2.2 a diesel passar alguns dias em nossa garagem.
Ainda assim, o que me chamou atenção foi o baixo ruído. Mesmo com um motor a diesel de maior deslocamento, o SUV de sete lugares não seguiu a tendência de ser mais barulhento. Portanto, o conforto acústico dentro da cabine continua o mesmo. Isso porque a Jeep fez algumas alterações na linha de escapamento do carro.
A suspensão e o acerto dos freios foram outros pontos de atenção da Stellantis. Afinal, o novo motor turbodiesel deixou o Commander 58 kg mais pesado — agora são 1.943 kg. Por isso, a Jeep recalibrou a suspensão independente McPherson nos dois eixos e aumentou a dimensão dos freios dianteiros a discos ventilados.
Desta forma, o SUV de sete lugares continua sendo confortável na medida certa. Isso porque é capaz de filtrar as superfícies irregulares na cidade e também encarar terrenos mais acidentados. Sei disso porque fizemos um pequeno teste off-road com o Commander, que se saiu muito bem nesse quesito.
O que também melhorou no carro foi o consumo, mas muito pouco. De acordo com o Inmetro, o Jeep Commander 2.2 turbodiesel faz 10,5 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada. Com o antigo motor, fazia 10,2 km/l e 13,2 km/l, respectivamente. Ainda que a diferença seja pequena, não dá para negar que o SUV está mais econômico.
Em relação ao design, trata-se do mesmo já conhecido pelos brasileiros há um bom tempo. Isso porque, desde 2021, quando o Jeep Commander foi lançado, o visual não recebeu nenhuma alteração. Por isso, o único diferencial para perceber que estamos falando da versão Overland com motor 2.2 turbodiesel são as novas rodas de 19 polegadas. O tamanho é o mesmo, mas o desenho é diferente.
No interior, tudo também está igual. O Commander segue equipado com central multimídia de 10,1 polegadas com conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem a necessidade de fio. Já o painel de instrumentos tem 10,25 polegadas e é digital. O acabamento mistura couro com suede em um tom de marrom e traz pouco plástico. Bem legal.
A lista de equipamentos de segurança do Jeep Commander também é generosa na versão Overland. Traz sete airbags e pacote ADAS de assistente ativo de direção com controle de cruzeiro adaptativo (ACC), acendimento automático dos faróis, detector de fadiga e de ponto cego, alerta de mudança de faixa e assistente ativo de permanência de faixa, frenagem automática de emergência e aviso de colisão frontal.
Fora isso, o SUV ainda traz teto solar panorâmico, carregador de celular por indução, freio de estacionamento eletrônico, ajuste elétrico dos bancos e saída de ar-condicionado para a segunda fileira. Itens de carro de luxo — e pelo preço, não deixa de ser.
Em relação ao espaço, você já deve imaginar que o Commander não deixa a desejar. São 4,77 metros de comprimento e 2,79 metros de entre-eixos, que proporcionam um porta-malas de 661 litros com a terceira fileira de bancos rebatida. Há ainda a opção de 233 litros de capacidade com os sete ocupantes sentados. Aliás, o espaço por ali é limitado e é aconselhado apenas para crianças, e não há sequer saídas de ventilação dedicadas.
Fato é que o design e a lista de equipamentos do Commander nunca foram um problema. É até por isso que a Jeep não fez nenhuma alteração nesse sentido no carro, que teve quase 17 mil unidades vendidas em 2024. E para falar a verdade, nem a motorização era incômoda e só foi trocada porque a lei obrigou. Portanto, enquanto o modelo seguir sem concorrentes com motor diesel e continuar evoluindo, certamente vai receber uma terceira, quarta e até uma quinta chance.
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Fonte: direitonews