Um dos desafios dos agricultores brasileiros na produção da soja é a quantidade de Nitrogênio (N) que a planta demanda durante todo o seu ciclo, em média, 80 kg/tonelada. De acordo com Cibele Medeiros, Gerente de Portfólio de Biológicos da Corteva Agriscience, Os grãos de soja são ricos em proteínas e o teor médio de Nitrogênio no grão é de, aproximadamente 6,5% e, por essa razão, necessita de alta demanda desse nutriente.
“Para se ter uma ideia, para produzir 1000 quilos de grãos, são necessários 65 quilos de Nitrogênio, mas também é preciso considerar o nitrogênio para as folhas, caule e raízes, o que eleva a necessidade total da cultura para cerca de 80 kg”, explica Medeiros.
De acordo com ela, pesquisas recentes apontam que variedades produtivas têm aumentado a exigência em relação ao Nitrogênio, ultrapassando os 100 kg do nutriente por tonelada de soja produzida. “Nas lavouras brasileiras, a disponibilidade de Nitrogênio no sistema não consegue atender a demanda da planta durante todo o ciclo da cultura. Em sua fase inicial, a planta demanda 2 kg por dia, podendo chegar até 6 kg na fase de enchimento das vagens”, aponta.
Nos últimos anos, estudos passaram a analisar e destacar a eficácia da bactéria Methylobacterium symbioticum para fornecer um suprimento adicional de nitrogênio para as plantas. “Devido à sua capacidade de oferecer às plantas uma fonte de nitrogênio e fósforo, bem como de proteger as plantas de patógenos, microrganismos desempenham um papel crucial como bactérias promotoras do crescimento de plantas, o que pode levar a uma melhoria no desenvolvimento de culturas agrícolas”, explica um estudo publicado em agosto de 2023 na Folia Microbiológica, escrito por diversos cientistas.
“Recentemente, uma nova espécie, Methylobacterium symbioticum , foi isolada de esporos da espécie de fungo simbionte Glomus iranicum var. tenuihypharum. Esses autores demonstraram como Methylobacterium symbioticum reduziu a necessidade de fertilizantes químicos de nitrogênio, sem reduzir o crescimento ou o rendimento das culturas de arroz, milho e uva para vinho, atuando como biofertilizante”, acrescenta o estudo.
Como exemplo do uso dessa bactéria, a Corteva passou a disponibilizar no Brasil, primeiro para a cultura do milho e agora para a soja, o Utrisha N™, para a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). O Notícias Agrícolas acompanhou uma área demonstrativa no município de Rio Verde-GO, onde a ação do bioinsumo foi testada.
Medeiros mostra que o bioinsumo com o uso da bactéria é aplicado de forma foliar e permite à planta a obtenção de nitrogênio durante todo o seu ciclo de vida por meio de um modo de ação inovador. A solução com a cepa única da bactéria entra pelos estômatos das folhas e coloniza completamente a planta em poucos dias após a aplicação e sua presença segue ativa durante todo o ciclo da cultura.
Fonte: noticiasagricolas