SÃO PAULO (Reuters) – A exportação de café verde do Brasil em janeiro somou 245,3 mil toneladas, ou 4,09 milhões de sacas de 60 kg, crescimento de 9,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta sexta-feira.
Os embarques também aumentaram em relação ao total de dezembro (201,9 mil toneladas), quando as exportações tinham caído em relação ao recorde histórico registrado em novembro, de mais de 285 mil toneladas.
O aumento nas exportações em janeiro aconteceu em momento de preços recordes na bolsa ICE e no mercado físico brasileiro, após uma safra frustrada em 2024 no Brasil, maior produtor e exportador global, e indicações de uma colheita no país menor de grãos arábica em 2025, segundo o governo e empresas privadas.
As exportações ainda foram maiores apesar de relatos no mercado indicarem que os produtores estão retraídos nas vendas, aguardando altas ainda maiores nos preços, visto que os cafeicultores estão capitalizados por conta das boas receitas obtidas nos últimos meses.
Além disso, relatos no mercado indicam que os produtores estão menos interessados em vender enquanto aguardam uma definição sobre o tamanho da nova safra do Brasil, que começa a ser colhida por volta de abril.
Os embarques realizados em janeiro podem representar ainda negócios feitos anteriormente por exportadores, que agora estão embarcando os grãos negociados antes.
O setor exportador também tem lidado com gargalos logísticos nos portos brasileiros, que podem ter escoado em janeiro cargas que estavam presas nos armazéns.
Segundo um levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), um volume de 1,826 milhão de sacas de café — 5.534 contêineres — ficaram armazenadas nos principais portos brasileiros sem conseguir embarque em 2024.
Isso aconteceu pelos constantes atrasos e alterações de escala de navios para exportação, além de frequentes rolagens de cargas, explicou o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, nesta semana.
Se as exportações de café aumentaram mesmo com lentas vendas de produtores, as de soja e milho caíram em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado.
Os embarques de soja somaram apenas cerca de 1 milhão de toneladas, aproximadamente um terço do total embarcado em janeiro de 2024.
Entre os fatores para os embarques menores da soja, que normalmente é o principal produto de exportação do Brasil, está um atraso na colheita da safra 2024/25, além de uma comercialização mais lenta, diante de maiores custos do frete, principalmente, segundo afirmaram especialistas à Reuters.
No caso do milho, os embarques caíram para cerca de 3,6 milhões de toneladas, ante quase 5 milhões em janeiro de 2024.
(Por Roberto Samora)
Fonte: noticiasagricolas