Como fica a divisão de poder entre direita e esquerda na América Latina após as eleições no Uruguai


A vitória de Yamandú Orsi, do progressista partido Frente Ampla, nas eleições presidenciais do Uruguai, neste domingo (24), ampliou a onda esquerdista em vigor na América Latina.

Orsi substituirá a gestão conservadora de Luis Lacalle Pou a partir de março do próximo ano, data de sua posse. O Uruguai vai na contramão de outros países da região que elegeram governantes de direita nas últimas eleições nacionais, como a Argentina, de Javier Milei, o Paraguai, de Santiago Peña e o Panamá, de José Raúl Mulino.

Atualmente, seis países da América Latina estão alinhados com ideais de direita.

A Argentina foi o caso mais emblemático dos últimos anos, uma vez que a vitória do libertário Javier Milei retirou do poder o peronismo, que havia vencido quatro das cinco disputas anteriores para a Casa Rosada.

Milei desbancou o peronista Sergio Massa, apoiado pelo ex-presidente Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, que também já governou o país.

Desde sua posse, em dezembro do ano passado, Milei adotou diversas políticas para impulsionar a economia argentina – que observou uma piora da crise durante a gestão anterior – além de medidas para reduzir o tamanho do Estado, entre elas a demissão em massa de funcionários públicos e extinção de órgãos.

Mais recentemente, Milei também criticou membros de seu governo, como sua vice Victoria Villarruel, e até demitiu a chanceler do país por ter votado na ONU a favor de Cuba, uma ditadura socialista muito criticada pelo mandatário argentino.

Em outubro do ano passado, o Equador também deu uma guinada à direita com a vitória do empresário Daniel Noboa, que derrotou o correísmo nas eleições presidenciais, com a promessa de combater duramente o crime organizado.

Noboa foi eleito em eleições antecipadas devido à saída do ex-presidente Guillermo Lasso, que optou por deixar o cargo antes do fim de mandato aplicando a chamada “morte cruzada” em maio do ano passado.

No Paraguai, Santiago Peña manteve a hegemonia do partido direitista Colorado ao vencer as eleições presidenciais em abril do ano passado. Ele sucedeu o colega de partido Mario Abdo Benítez.

Na Costa Rica, o economista “anti-establishment” Rodrigo Chaves foi eleito em 2022 para liderar um dos países mais estáveis da região. Sua gestão terminará apenas em 2026.

Em maio deste ano, o Panamá também elegeu um candidato de direita para governar o país: José Raúl Mulino.

Durante a campanha presidencial, Mulino pediu ajuda de Donald Trump para fechar a selva mais perigosa do mundo, rota de imigração ilegal, Darién.

Nos anos em que atuou como ministro de Segurança no governo de Ricardo Martinelli, Mulino também conseguiu fazer com que as forças militares do país acabassem com a presença das Farc no trecho da selva localizado no território panamenho.

Na semana passada, o país centro-americano informou que está no caminho para se tornar integrante do Mercosul. De acordo com Mulino, o documento que oficializa a intenção do Estado em se tornar membro associado deve ser assinado durante a próxima cúpula do Mercosul, marcada para o mês que vem, no Uruguai.

Outro país da América Central que escolheu um líder de direita foi El Salvador, cujo presidente é Nayib Bukele, conhecido por suas medidas duras contra a criminalidade no país.

Seu principal projeto, que recebeu forte apoio popular, foi a construção de uma megaprisão para acabar com as gangues que controlavam o país e ameaçavam diariamente seus cidadãos.

No Peru, a mandatária Dina Boluarte, que era vice-presidente do esquerdista Pedro Castillo – destituído e preso no final de 2022 após tentar dar um golpe de Estado – divide opiniões devido ao apoio recebido da direita nos últimos anos de sua gestão, mesmo sendo eleita em um governo de esquerda.

Apesar das vitórias da direita nesses países, a esquerda obteve alguns ganhos, como no México, onde Claudia Sheinbaum, apoiada pelo ex-presidente López Obrador, foi eleita a primeira mulher liderando o país. Sua posse aconteceu em outubro.

Neste mesmo ano, tomou posse na Guatemala Bernardo Arévalo de León, do partido de centro-esquerda Semilla, após forte pressão do Ministério Público e do Judiciário para evitar sua vitória.

Poucos meses depois, Luis Abinader, de centro-esquerda, conseguiu seu segundo mandato como presidente da República Dominicana, país do Caribe.

O Brasil é liderado pelo PT, com Luiz Inácio Lula da Silva à frente do governo desde 2022, em seu terceiro mandato presidencial, enquanto a Colômbia elegeu Gustavo Petro no mesmo ano.

Em Honduras, a esquerdista Xiomara Castro, do partido Liberdade e Refundação (Libre), venceu as eleições em 2021. No ano passado, a mandatária rejeitou o reconhecimento de Taiwan e estabeleceu laços com a China, que tem cada vez mais investido na América Latina.

Ainda em 2021, Gabriel Boric derrotou o conservador José Kast no Chile e se elegeu presidente. Novas eleições presidenciais estão marcadas para o próximo ano.

Em 2020, a Bolívia também elegeu um novo presidente alinhado com o progressismo: Luis Arce, envolvido em uma disputa política ferrenha com seu antecessor e antigo padrinho político, Evo Morales.

O Suriname e a Guiana também elegeram seus presidentes em 2020: os candidatos de centro-esquerda Chan Santokhi e o esquerdista Irfaan Ali, respectivamente, este último envolvido em uma disputa territorial com o ditador venezuelano Nicolás Maduro no ano passado.

Além dos países considerados “esquerda moderada”, há ainda ditaduras socialistas em vigor na região, cujos líderes não pretendem deixar o poder tão cedo. São elas a da Nicarágua, de Daniel Ortega; Venezuela, com o regime de Nicolás Maduro; e Cuba, comandada por Miguel Diáz-Canel.

Fonte: gazetadopovo

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