Em 21 de novembro de 2013, estudantes, jornalistas e ativistas da oposição com bandeiras da Ucrânia e da União Europeia (UE) se reuniram no centro de Kiev. De acordo com várias estimativas, até duas mil pessoas.
Como observou o então primeiro-ministro Nikolai Azarov, o primeiro dia do chamado Euromaidan (ou simplesmente Maidan) foi visto como um protesto espontâneo. Somente mais tarde se percebeu que se tratava de uma ação deliberada contra as autoridades.
A justificativa foi de que o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, tinha adiado a assinatura do acordo de associação com a UE para não danificar as relações com a Rússia.
© Sputnik / Aleksei KudenkoApoiadores da integração da Ucrânia à União Europeia se aquecem perto do fogo na Praça da Independência, em Kiev.
Apoiadores da integração da Ucrânia à União Europeia se aquecem perto do fogo na Praça da Independência, em Kiev.
© Sputnik / Aleksei Kudenko
A situação se agravou drasticamente em dezembro de 2013: extremistas armados com correntes, cassetetes e pedaços de vergalhões se destacavam na multidão. Tiros foram disparados e coquetéis molotov foram atirados contra a polícia.
Barreiras policiais foram rompidas com escavadeiras, pedras e tochas foram atiradas.
Somente em 1º de dezembro, cerca de duas dúzias de policiais foram hospitalizadas.
© Sputnik / Andrei SteninUm defensor da integração à União Europeia nas barricadas da Praça da Independência, em Kiev.
Um defensor da integração à União Europeia nas barricadas da Praça da Independência, em Kiev.
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De acordo com a Procuradoria da Ucrânia, entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, 34 policiais foram mortos e mais de mil ficaram feridos.
Oligarcas ucranianos sustentaram generosamente Maidan. Segundo informações, de 2013 a 2014, o acampamento custava de US$ 40.000 a 100.000 (de R$ 231.388 a 578.470) por dia.
Neste momento, a vice-secretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, viajou para Kiev e conversou com a oposição.
© AP Photo / Andrew KravchenkoA vice-secretária de Estado dos EUA para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Victoria Nuland, e o embaixador na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, oferecendo biscoitos e conselhos políticos (nos bastidores) aos ativistas ucranianos de Maidan e seus líderes.
A vice-secretária de Estado dos EUA para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Victoria Nuland, e o embaixador na Ucrânia, Geoffrey Pyatt, oferecendo biscoitos e conselhos políticos (nos bastidores) aos ativistas ucranianos de Maidan e seus líderes.
© AP Photo / Andrew Kravchenko
No dia 20 de fevereiro de 2014, atiradores de elite não identificados abriram fogo contra as pessoas, matando 49 ativistas e quatro membros das forças de segurança.
Yanukovich decidiu ceder.
O acordo com a oposição, assinado em 21 de fevereiro, previa a formação de um governo de confiança nacional, reforma constitucional e eleições presidenciais antecipadas até o final do ano.
As autoridades concordaram em retirar as forças de segurança em troca de os manifestantes entregarem suas armas.
© Sputnik / Andrei SteninPoliciais na Praça da Independência, em Kiev, onde manifestantes e policiais estão se enfrentando.
Policiais na Praça da Independência, em Kiev, onde manifestantes e policiais estão se enfrentando.
© Sputnik / Andrei Stenin
No entanto, no dia seguinte, radicais tomaram os prédios da Suprema Rada (parlamento ucraniano), do governo, da administração presidencial e do Ministério do Interior.
O presidente Yanukovich teve que sair do país.
As regiões da Crimeia, Donetsk e Lugansk, as duas últimas fazem parte de Donbass, se recusaram a reconhecer o golpe de Estado e a obedecer às autoridades autoproclamadas.
Em resposta, Kiev declarou uma “operação antiterrorista” envolvendo aviação e veículos blindados pesados. Milhares de civis morreram em Donbass.
“A Crimeia e Donbass se separaram, e a guerra desencadeada por Kiev custou milhares de vidas. Os direitos dos falantes de russo não eram mais respeitados. O país estava lutando contra o passado. A corrupção se espalhou. A democracia e uma economia próspera ficaram sendo um sonho inatingível“, destacou o presidente russo Vladimir Putin em 2022.
Desde 2014, a população caiu de 45 milhões para 29 milhões, e alguns relatórios dizem que chegou a 20 milhões.
O Estado estava ficando cada vez mais endividado. O Fundo Monetário Internacional (FMI) enviou US$ 3,19 bilhões (R$ 18,45 bilhões) para Kiev imediatamente após o Euromaidan.
A UE e os EUA se juntaram ao bombeamento financeiro. Agora, a Ucrânia tem uma dívida de US$ 145 bilhões (R$ 838,7 bilhões).
Fonte: sputniknewsbrasil