Em um primeiro pronunciamento público sobre como devem ser as relações comerciais e diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos sob a administração de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou esperar uma prevalência do “interesse do Estado”, sem levar para o lado pessoal.
A declaração ocorreu pelas redes sociais na noite desta sexta (8) em simultâneo à divulgação de mais um trecho da entrevista que concedeu à CNN Internacional na quinta (7). Para Lula, a relação com um presidente republicano, que ele criticou antes da eleição afirmando que significaria a volta do fascismo e do nazismo, não deverá levar em consideração as diferenças ideológicas.
“Tenho experiência: tive uma relação extraordinária com o [o republicano George W.] Bush, o [os democratas Barack] Obama e o [Joe] Biden. São relações entre chefes de Estado em torno dos interesses de seus países”, disse.
Ele ainda ressaltou a importância das relações comerciais entre os dois países – os Estados Unidos são o segundo maior parceiro do Brasil no mundo, atrás apenas da China – com um volume de negócios que chegou a R$ 75 bilhões no ano passado. As duas nações completaram 200 anos de relações diplomáticas nesta semana.
“Eu acho que nós dois, como chefes de Estado nas Américas, temos que ter uma relação muito civilizada e democrática, porque o Brasil tem uma relação comercial importante com os Estados Unidos, e os Estados Unidos têm um estoque de investimentos muito grande no Brasil”, ressaltou.
Lula ainda não havia comentado publicamente sobre o que espera das relações entre os dois países a partir de janeiro de 2025, e apenas parabenizou Trump pela vitória na quarta (6). Naquele dia, em uma curta mensagem também nas redes sociais, ele desejou “sorte e sucesso ao novo governo”.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada”, disse.
O reconhecimento, no entanto, ocorreu dias depois de Lula ter manifestado publicamente o apoio à candidata democrata Kamala Harris, durante uma entrevista ao canal francês TF1. Ela perdeu a eleição para Trump por 277 a 224 votos dos delegados dos partidos.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também adotou o mesmo pragmatismo e parabenizou Trump pela vitória desejando “um período de promoção da paz, do desenvolvimento econômico e social, e de ainda maior ampliação da parceria entre Brasil e EUA”.
A mensagem de Alckmin se limitou a esse comentário, sem se aprofundar nas expectativas das relações comerciais com o Brasil. Ele, inclusive, é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e tem nas mãos o fluxo de negócios entre os dois países.
Por outro lado, o governo brasileiro não se pronunciou institucionalmente sobre a vitória de Trump.
Fonte: gazetadopovo