O Proconve L8 (Programa de Controle de Poluição por Veículos) passa a valer em 2025, estreitando a regulamentação para emissões no Brasil. Com ele, muitos motores inevitavelmente terão de ser descontinuados por não cumprirem requisitos ambientais. A Stellantis se preparou para essa etapa com o lançamento do novo propulsor 2.2 turbodiesel da família Multijet II que, aos poucos, irá substituir o longevo 2.0 turbodiesel.
Este novo motor já estreou na Ram Rampage 2025, equipando até a versão de entrada inédita, Big Horn. Agora, a Stellantis passará a implementá-lo nos outros veículos que deixam a fábrica de Goiana (PE) com opções diesel: Fiat Toro, Jeep Commander e, talvez, Compass.
Com a troca do motor, os carros diesel da Stellantis ficarão mais fortes e econômicos. O novo 2.2 turbodiesel Multijet II entrega 200 cv de potência e 45,5 kgfm de torque, com câmbio automático de nove marchas. Portanto, ele supera em todos os atributos o antigo 2.0 turbodiesel (também chamado de Multijet I), que entregava 170 cv e 38,8 kgfm, também com transmissão AT9.
Sobre o consumo de combustível, o 2.2 Multijet II também se revela mais eficiente: na linha 2025 da Rampage, faz 10,6 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada, enquanto o 2.0 Multijet I marcava 9,9 km/l em ciclo urbano e 12,4 km/l nas rodovias. Os dados são do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).
Apesar da confusão ser natural, o novo motor 2.2 turbodiesel da Rampage não é o mesmo da Titano. Além de suas estruturas serem diferentes, o trem de força da picape média da Fiat (o mesmo da Ducato) é montado em posição longitudinal, enquanto o novo modelo da Ram traz disposição transversal.
A Titano desenvolve 180 cv e 40,8 kgfm, com câmbio manual ou automático de seis marchas. Na Rampage, além de potência e torque serem superiores, a transmissão é de nove marchas. Não há relação de um conjunto mecânico com o outro. A reviravolta é que este novo motor 2.2 também vai pintar na picape média da Fiat em breve, como iremos elaborar mais à frente.
O motor 2.0 turbodiesel da Stellantis é utilizado no Brasil desde 2015. O primeiro carro a recebê-lo foi o Jeep Renegade nas versões Sport, Longitude e Trailhawk. Depois, foi incorporado nos outros modelos da então FCA (Fiat Chrysler Automobiles).
Há alguns anos, surgiram indícios de que este propulsor estaria com os dias contados. Primeiro, deixou de equipar o Renegade na linha 2022, sendo substituído pelo motor 1.3 flex com tração 4×4. Depois, foi a vez da Rampage deixar de oferecê-lo na renovação da linha 2025.
A Fiat Toro será o próximo modelo a fazer a troca. Inclusive, há indícios de que a opção ficará restrita à versão Ranch, uma vez que a configuração Ultra deve receber motor flex na reestilização. Depois, ao longo de 2025, será a vez do Jeep Commander, que já foi flagrado em testes pelo site especializado Autos Segredos.
Em setembro, a Stellantis confirmou o aporte de R$ 2 bilhões na fábrica de Córdoba, na Argentina. A marca não confirma oficialmente, mas parte deste montante será usado para a produção local da Titano. Atualmente, a picape de origem chinesa é montada em Montevidéu (Uruguai) no arranjo CKD.
Logo, a Titano também receberá o motor 2.2 atualizado. A diferença em comparação com os outros carros fica por conta do câmbio. Enquanto Toro e Commander terão a transmissão de nove marchas, a Titano terá uma caixa automática exclusiva de oito velocidades.
Ao que tudo indica, o Jeep Compass não fará a troca tão cedo. A próxima geração do SUV deve estrear no Brasil entre 2026 e 2027, ainda de acordo com o Autos Segredos. Faria sentido se a opção 2.2 turbodiesel fosse incorporada ao catálogo somente após sua renovação completa — afinal, o modelo atual teria apenas mais alguns anos de mercado.
Se a Stellantis optar por dar sobrevida ao Compass diesel da atual geração, o SUV aparecerá em testes nos próximos meses, algo que ainda não ocorreu. As vendas das versões diesel atuais estão suspensas, segundo a marca, pela “alta demanda”. O modelo segue no configurador do site da Jeep, porém.
Márcio Tonani, vice-presidente de engenharia da Stellantis, afirmou que o novo motor 2.2 turbodiesel está apto a receber conjunto híbrido leve. Porém, o executivo deixou claro que isso não acontecerá tão cedo.
O processo de eletrificação dos carros nacionais vai começar pelo motor 1.0 turboflex que equipa os novos Pulse e Fastback. Os modelos estrearam conjunto híbrido leve na linha 2025 para melhorar consumo e emissões. Não há, entretanto, uma previsão do motor 2.2 turbodiesel receber uma tecnologia similar.
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Fonte: direitonews