“As operações de combate ativas que continuam em certas direções exigem a renovação constante dos recursos das unidades ucranianas”, disse o comandante ucraniano Syrsky em seu canal no Telegram. Segundo ele, a situação no front “continua difícil”.
“Esse foi um ano de conquistas militares significativas para a Rússia, começando, por exemplo, pela tomada de Avdeevka, uma cidade-fortaleza que barrava o avanço da Rússia”, disse Rafael Esteves Gomes, pesquisador de Rússia e ex-União Soviética no NAC, à Sputnik Brasil. “Depois desse fato, a Ucrânia teve dificuldades de restabelecer sua linha de defesa, o que influenciou muito o avanço russo em Donetsk.”
“Ao adotar no modelo ocidentalizado, a Ucrânia enfatiza a descentralização em relação às tropas, aos batalhões e às brigadas”, disse De Paula à Sputnik Brasil. “Por outro lado, Kiev ficou mais dependente do apoio ocidental, tanto na área financeira quanto no fornecimento de armamentos e munições.”
Colapso das linhas de defesa?
“O pensamento estratégico russo […] enfatiza a defesa em profundidade, utilizada durante a Segunda Guerra Mundial para barrar o Blitzkrieg alemão”, considerou De Paula. “Os ucranianos, talvez por terem transitado do pensamento militar soviético para a linha ocidental da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], estão com dificuldades para gerir projetos de grande escala, que exigem centralização do processo decisório. E isso pode ter desconcertado a confecção dessas linhas de defesa.”
Fiel da balança
“A questão da autonomia é uma característica invejável da Rússia, de ser autossuficiente em praticamente tudo que é essencial para o setor militar e para a vida dos cidadãos — o que ajuda a explicar a estabilidade social russa em meio ao conflito”, disse De Paula. “Essa autonomia garantiu a reestruturação da indústria de defesa russa durante o conflito, outro fator que permitiu o avanço no campo de batalha que estamos vendo agora.”
“A dificuldade para o apoio do Ocidente a Kiev é que somente o envio de armamento e dinheiro talvez já não seja o suficiente, uma vez que a Ucrânia enfrenta problemas de pessoal, de mobilização, recrutamento e treinamento das tropas”, disse o especialista.
Inverno com Donald Trump
“A chegada do inverno no Hemisfério Norte impacta drasticamente a dinâmica das operações militares”, disse De Paula. “O inverno poderá, sim, afetar o ritmo dos avanços russos, e isso não seria nenhuma surpresa. Além disso, podemos esperar uma redução intencional do ritmo russo, para construir novas redes de fortificações e garantir os ganhos que já foram feitos”, concluiu o especialista.
Fonte: sputniknewsbrasil