Analista: Netanyahu aproveita EUA ocupado com as eleições para trocar ministro da Defesa


O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, demitiu nesta terça-feira (5) o ministro da Defesa Yoav Gallant, após meses de discussões sobre as guerras em Gaza e no Líbano e a política interna.
Netanyahu justificou a demissão à “perda de confiança” no ministro.

“No meio de uma guerra, mais do que nunca, é necessário total confiança entre o primeiro-ministro e o ministro da Defesa. Infelizmente, embora nos primeiros meses da campanha houvesse muita confiança e um trabalho muito frutífero, durante os últimos meses essa confiança rachou entre mim e o ministro da Defesa”, disse Netanyahu durante o anúncio inesperado.

A medida desencadeou uma tempestade de críticas a um Israel já dividido sobre a política interna e a maneira como as guerras em Gaza, no Líbano e o conflito de procuração mais amplo com o Irã estão sendo travadas. A demissão também ocorre na esteira de prisões ligadas a uma investigação sobre o vazamento de documentos confidenciais de Defesa para a imprensa.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, durante reunião com Donald Trump, ex-presidente dos EUA (2017–2021) e candidato republicano à Casa Branca, em Mar-a-Lago, propriedade do americano em Palm Beach, na Flórida. EUA, 26 de julho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.11.2024

A decisão de Netanyahu recebeu críticas internas, uma delas de Benny Gantz, que atuou como ministro da Defesa de Israel entre 2020 e 2022. Ele chamou a demissão de Gallant de “política às custas da segurança nacional”.
Enquanto isso, o líder da oposição parlamentar, Yair Lapid, pediu aos israelenses que fossem às ruas para protestar contra a demissão.

Momento da demissão está ligado aos EUA

Yoav Gallant foi demitido no dia da eleição dos EUA para que seus “contatos nos Estados Unidos não pudessem exercer pressão sobre o governo Netanyahu porque estão muito, muito ocupados, e não se importam neste momento“, disse Ori Goldberg, especialista em política israelense e do Oriente Médio, à Sputnik, comentando o momento da decisão de Netanyahu.

“Netanyahu não queria essa pressão. Ele queria pessoas leais e também queria esmagar e reprimir qualquer resistência potencial dentro do exército que teria sido apoiada por Gallant, porque, no fim das contas, ele é um ex-general e sua lealdade é direcionada a seus camaradas muito mais do que a Netanyahu”, explicou o observador.

Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, entrega uma caneta a Benjamin Netanyahu, após reunião na residência do primeiro-ministro em Jerusalém, em 9 de março de 2010 - Sputnik Brasil, 1920, 22.10.2024

Para o lugar de Gallant, Netanyahu nomeou Israel Katz, então ministro das Relações Exteriores do país.
Goldeberg afirma que a troca foi puramente política e que Katz não tem muito mais a oferecer em relação ao seu antecessor.
Israel Katz é “completamente incompetente, independentemente de qualquer posição ministerial que ocupe, o que o torna a melhor opção porque ele não tem nada a oferecer a Netanyahu além de lealdade”.

“Katz realmente não tem uma base de poder independente como Gallant, que tem os norte-americanos e os militares. Katz é completamente dependente da boa vontade de Netanyahu. Netanyahu quer alguém que seja um completo ‘sim, senhor’ no Ministério da Defesa, e este é um ótimo dia para fazer isso, porque não há ninguém nos Estados Unidos que dedicará nem um minuto de tempo a isso”, concluiu Goldberg.

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Fonte: sputniknewsbrasil

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