O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu na segunda (14) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que arquive um dos inquéritos referentes aos atos de 8 de janeiro de 2023 que apontam uma suposta participação da deputada federal Clarissa Tércio (PP-CE).
O pedido para arquivamento é o segundo feito pela PGR e ocorreu após a realização de diligências complementares solicitadas pelo próprio procurador em meados de setembro.
De acordo com ele, ficou comprovado que a parlamentar não participou diretamente dos atos de vandalismo em Brasília, já que estava em viagem com o marido pelo estado de Pernambuco. “As informações colhidas sugerem a permanência de ambos em Ipojuca/PE no período de 8.1.2023 a 12.1.2023 e, portanto, não alteram o quadro fático delineado nas manifestações anteriores”, diz a petição a que a Gazeta do Povo teve acesso.
Em maio do ano passado, a PGR ainda sob a gestão anterior já havia solicitado o arquivamento do caso. Na ocasião, o subprocurador Carlos Frederico Santos fez o pedido a Moraes, mas sem uma decisão definitiva.
No mês passado, Gonet determinou que o caso fosse encaminhado novamente à Polícia Federal para novas diligências, com o objetivo de apurar as alegações dadas por ela e pelo marido, o pastor Júnior Tércio (PP-CE). O procurador queria saber se o casal teria viajado de avião entre o fim de dezembro de 2022 e o início de janeiro de 2023 e se estavam hospedados em um hotel em Ipojuca (PE) no dia 8 de janeiro daquele ano.
“A Procuradoria-Geral da República, então, requereu diligências complementares, notadamente um levantamento do histórico de voos nacionais em nome dos envolvidos, bem como informação do Condomínio Beach Class, em Muro Alto, Ipojuca/PE, para confirmar a hospedagem no local entre 8.1.2023 e 12.1.2023”, disse Gonet na petição.
Após a conclusão das investigações, o hotel confirmou que Clarissa e Júnior Tércio estiveram hospedados em Ipojuca entre os dias 8 e 12 de janeiro, e não foram encontrados registros de viagens aéreas nesse período. Com base nesses dados, Gonet concluiu que não havia elementos suficientes para manter a investigação em curso.
“O Procurador-Geral da República, então, reitera a promoção de arquivamento apresentada em 19.5.2023”, completou.
O inquérito teve início após Clarissa Tércio divulgar, no dia 8 de janeiro, um vídeo em que uma pessoa afirma que os manifestantes que invadiram o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional haviam “tomado o poder”.
Em depoimento à Polícia Federal, a deputada afirmou que o vídeo foi encaminhado a ela via WhatsApp e que sua assessoria foi responsável por publicá-lo em suas redes sociais.
Fonte: gazetadopovo