Teste: novo Hyundai Creta 1.6 turbo anda mais que rivais. Mas é melhor?


Antes de um grande lançamento, o roteiro é sempre o mesmo. Especulações sobre a data de chegada e inúmeros flagras do carro camuflado são páginas garantidas no noticiário e nas redes sociais. O novo Hyundai Creta foi mantido em sigilo máximo, como uma missão secreta. E vem cheio de moral com o inédito motor 1.6 TGDi turbo a gasolina de 193 cv e a grife de SUV compacto mais potente do Brasil. Mas será o melhor?

O novo Creta parte de R$ 141.890 e chega até R$ 189.990, justamente na versão Ultimate 1.6 TGDi — único com o novo motor. Autoesporte já fez uma matéria com todos os preços, versões e equipamentos de toda a linha do Creta 2025.

O lançamento do novo Creta para este ano nem era cogitado; flagras dos protótipos camuflados foram raridade; e o carro sem disfarces apareceu apenas uma semana antes da apresentação para a imprensa. Sua chegada tão cedo pegou todo mundo de surpresa, inclusive os rivais. E, inclusive, ajuda a explicar por que o motor 1.6 TGDi bebe apenas gasolina: convertê-lo em flex demandaria mais tempo.

Uma coisa é fato: não existe um carro que tenha mudado tanto nos últimos anos quanto o Hyundai Creta. Lançado em janeiro de 2017 em versões 1.6 e 2.0 aspiradas, o SUV chegou com visual conservador e sem exageros. Em 2021, veio uma troca de geração com design polêmico e o motor 1.0 turbo flex com injeção direta do HB20 nas versões mais baratas.

O Creta sempre ficou entre os cinco SUVs mais vendidos no Brasil desde sua chegada, mas nunca foi o líder. Agora, para alcançar esse posto, a marca faz uma nova revolução visual no produto na linha 2025. Mais do que isso, aposta no mesmo motor 1.6 turbo a gasolina do Sportage, porém recalibrado para entregar 193 cv de potência (contra 180 cv do Kia) e ser o novo SUV compacto mais potente da categoria.

O motor três-cilindros 1.0 Kappa turbo flex de 120 cv e 17,5 kgfm, com câmbio automático de seis marchas, continua nas versões de entrada do novo Creta: Comfort, Limited, Platinum e na esportivada N Line, com visual exclusivo, sem acréscimo de potência ou torque.

Já o Creta Ultimate 2025 aposenta o veterano motor 2.0 flex de 167 cv para dar lugar ao 1.6 quatro-cilindros 16V turbo a gasolina, com injeção direta, de 193 cv de potência e 27 kgfm de torque. Ele pertence à família Smartstream, uma evolução do Gamma II que era oferecido aqui no Tucson e que, atualmente, equipa o Kia Sportage.

Outra novidade é o câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas com embreagem seca e engrenagens banhadas a óleo. Em relação ao consumo, pelo Inmetro, o novo Creta 1.6 TGDi faz 11,9 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada sempre com gasolina.

Segundo a Hyundai, o motor 1.6 TGDi não virou flex também para priorizar o desempenho com gasolina, combustível preferido dos consumidores de carros dessa faixa de preço. A marca espera que a versão Ultimate represente 20% das vendas do SUV renovado.

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Em dimensões, o novo Hyundai Creta cresceu 3 centímetros no comprimento, alcançando 4,33 metros, mas segue com 1,79 m de largura, 1,63 m de altura e 2,61 m de entre-eixos. O porta-malas ganhou 11 litros nesta versão, para 433 litros.

Os números entregam que estamos falando de uma reestilização profunda e não de uma troca de geração, visto que a plataforma e boa parte da estamparia continuam as mesmas. Contudo, a Hyundai aumentou em 1,5 pontos percentuais a presença de aços de alta resistência na estrutura monobloco, de 34,1% para 35,6%. O ganho veio especialmente no assoalho da carroceria.

Apesar de manter cortes das chapas dos para-lamas, portas, colunas, para-brisa, vidros laterais e teto, visualmente o novo Creta carrega muito pouco do SUV com estilo polêmico lançado em 2021. Na dianteira, quase tudo é novo, e as linhas arredondadas foram trocadas por vincos mais quadrados e robustos. A grade agora é triangular e em preto brilhante, com as luzes diurnas (DRL) de LED logo abaixo do capô e interligadas por uma barra iluminada. Os faróis de LED ficam no para-choque.

A versão Ultimate tem rodas de 18 polegadas exclusivas e a traseira adota um desenho mais retangular, com lanternas afiladas e também interligadas por um filete iluminado, além de ficarem em um nicho na cor preto brilhante.

Por dentro, o painel foi profundamente redesenhado. Destaque para o ar-condicionado digital, agora de duas zonas. O painel de instrumentos digital e a central multimídia, ambos de 10,25 polegadas, são semiflutuantes e integrados, o que dá um aspecto de carro premium. Mas o excesso de plástico rígido faz lembrar que se trata de um SUV compacto.

Um detalhe que causa estranheza é que, apesar das telas digitais chamativas, Apple CarPlay e Android Auto são só via cabo. Porém, nas duas versões de entrada, com multimídia de 8 polegadas herdada do modelo anterior, as respectivas conexão são feitas sem a necessidade de fio. A Hyundai afirma que trabalha para corrigir esse “deslize” nos próximos meses.

Ao menos o novo Creta Ultimate tem carregador de celular por indução, uma entrada USB e uma USB-C. Pelos R$ 190 mil, já daria para exigir materiais emborrachados e conexão sem fio, como Jeep Renegade e Honda HR-V têm. Por outro lado, o novo Creta traz ajustes elétricos e ventilação para o banco do motorista. O volante é um dos poucos elementos herdados do antecessor. Algo de que eu sempre gostei, e que se manteve, é a ergonomia dos comandos, todos fáceis de encontrar.

A câmera com visão 360° não é novidade no Creta, mas merece uma menção por ter sido aprimorado na linha 2025. O item é oferecido a partir da versão Platinum, que já oferece as telas integradas. Assim que acionar a marcha ré, a câmera da multimídia será divida em duas partes com dois ângulos: visão frontal e visão 360° com uma animação do carro feita de cima.

Porém, o motorista consegue optar pelo ângulo da câmera que quiser na tela: visão 360° ou somente de frente, traseira, lateral única ou as duas laterais juntas. Neste caso, você pode acionar até dois ângulos, que é modo com a tela dividida, ou optar por tela cheia com o ângulo da sua preferência.

Há também aquela visão que faz uma animação 3D do carro e, deslizando com o dedo, você pode rodar em volta do veículo como se tivesse alguém filmando de fora. O sistema é feito para nenhum motorista passar sufoco na hora da baliza ou quando for estacionar em alguma vaga apertada. Com tanto recurso, estacionar o carro errado não é mais desculpa.

Em segurança, o Creta Ultimate 2025 incorpora itens inéditos na gama, como controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com função Stop&Go — que inclui reacelerações e retomadas —, assistente de tráfego cruzado traseiro e alerta de ponto cego, a outros já presentes no Creta anterior, como seis airbags, frenagem autônoma emergencial e assistente de manutenção em faixa.

A partir da versão Platinum tem câmera para monitoramento de ponto cego nos dois lados no painel de instrumentos. Assim que o motorista aciona a seta para a direção que quiser seguir, uma imagem da câmera aparece no painel de instrumentos para ampliar o campo de visão. É um sistema melhor que o da Honda, que projeta a câmera sobre a tela multimídia, e só do lado direito.

Sentado no banco do motorista, a altura de 19 cm em relação ao solo faz você se sentir na mesma posição do Creta anterior. Porém, basta pisar no acelerador que os 16 cv e 6,5 kgfm extras do 1.6 TGDi em relação ao antigo 2.0 dão as caras. O curto teste foi realizado no Autódromo Fazenda Capuava (SP), que é um circuito marcado por muitas curvas e poucas retas.

O vigor nas acelerações é nítido e o novo Creta 1.6 turbo vai de 0 a 100 km/h em 7,8 segundos, 1,5 s a menos que o antigo Creta Ultimate. A pista sinuosa não permite explorar tanto assim a elasticidade do motor, mas as trocas de marchas são precisas e sem trancos, exceto em retomadas a velocidades mais elevadas, o que é de se esperar de um SUV compacto.

Em um contato mais profundo, será possível entender como está a dinâmica do novo Creta na vida real e se o aumento da rigidez da carroceria fez diferença em sua dinâmica.

São três modos de condução: Normal, Eco e Sport. Neste último, as luzes no computador de bordo trocam o azul pelo vermelho e o carro fica mais arisco, sem deixar o condutor perder o controle. O Eco é o mais indicado para atingir o consumo já mencionado de 11,9 km/l na cidade e 13,5 km/l na rodovia.

O novo Hyundai Creta evoluiu demais. Trocou o visual polêmico por linhas bem mais modernas e que parecem ter caído no gosto do público pela primeira reação pós-lançamento nas redes sociais. O pacote de equipamentos é bem servido e, apesar de ter sido um teste curto, deu para sentir que o motor 1.6 turbo deu um fôlego ao modelo da marca coreana que nenhum concorrente tem.

Na teoria, o novo Hyundai Creta Ultimate 1.6 TDi é o mais completo e o mais potente entre os SUVs compactos. Porém, será que é o melhor no conjunto da obra? Autoesporte já colocou o SUV da marca coreana para enfrentar quatro rivais de peso: Volkswagen T-Cross, Honda HR-V, Jeep Renegade e Renault Duster. Fique ligado que o resultado neste super comparativo sai nas próximas semanas!

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Fonte: direitonews

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