O dia em que Schwarzenegger desfilou de Audi no carnaval e foi até barrado


No começo dos anos 2000, o mercado brasileiro de carros importados, depois das iniciativas ocorridas no segmento de populares e médios na década de 1990, logo após a reabertura dos portos, acabou por se fixar, inevitavelmente, na faixa dos carros de luxo.

Então, as marcas alemãs passaram a disputar uma verdadeira batalha de marketing: cada uma queria conquistar uma imagem mais premium do que a da outra.

Nesse quesito, a Audi, apesar do sobrenome Senna em seus negócios, levava certa desvantagem. Além de não ter a aura histórica de luxo de que já desfrutavam BMW e Mercedes-Benz por aqui, uma vez que era praticamente desconhecida no país até o reinício das importações, a marca das quatro argolas ainda precisava fazer um esforço adicional para desvincular sua imagem da Volkswagen, fabricante de modelos mais baratos e dona do grupo. Esse era um problema que as duas rivais não enfrentavam.

Assim, a Audi fazia de tudo para se associar a eventos de gente rica e famosa. Um bom exemplo era o estande da marca em Campos do Jordão (SP), quase um point da cidade na temporada de inverno por anos a fio. Mas era pouco.

Dinheiro, na época, não era exatamente um problema. E, dentro da estratégia de tentar se associar ao público VIP, em 2001 a Audi resolveu patrocinar o Camarote Número 1 do Sambódromo carioca — mais conhecido como Camarote Brahma (a patrocinadora principal) — durante o Carnaval.

+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.

Além de expor um TT Roadster dentro do camarote, a Audi colocou dez modelos à disposição das celebridades para transportá-las dos hotéis até o Sambódromo. A lista de carros tinha até um Allroad, que ainda nem havia sido lançado oficialmente no Brasil — o modelo com tração integral só chegaria às concessionárias brasileiras um mês depois.

A grande sacada da Audi foi conseguir colocar dentro de seus carros as duas maiores personalidades que prestigiavam aquele Carnaval: o ator hollywoodiano Arnold Schwarzenegger e a top model Gisele Bündchen, ambos transportados na madrugada do domingo (25 de fevereiro) para a segunda-feira (26).

Schwarzenegger deu um show à parte: chegou ao Sambódromo logo depois da meia-noite a bordo de um A6 2.7 biturbo prata com 230 cv. Apesar do calor, estava vestido com um blazer bege por cima da camiseta da Brahma, que funciona como uma espécie de convite para o camarote. E assim deu entrevista ao vivo para o “repórter” Luciano Huck durante a transmissão do desfile pela TV Globo (imagem de abre).

Dono do camarote, o empresário José Victor Oliva pediu gentilmente ao ator que tirasse o blazer — que, afinal, cobria a camiseta do patrocinador principal do espaço. Foi atendido, mas teve de arrumar um funcionário — exclusivo — para ficar carregando a peça de roupa impecavelmente dobrada atrás de Schwarzenegger o tempo todo.

O ator foi-se embora lá pelas 4h da manhã, no mesmo A6, e voltou com o carro na noite seguinte para acompanhar o segundo dia de desfiles. Mas veio sem a camiseta da Brahma. José Victor Oliva, que já estava meio “assim” com o ator pelo caso do blazer bege na noite anterior, simplesmente avisou logo na entrada: sem a camiseta, não entra. Schwarzenegger saiu furioso; entretanto, logo arrumaram outro camarote para ele, ainda que menos badalado. A carona a bordo do Audi A6 para a volta, porém, foi mantida.

Já Gisele Bündchen também causou certa confusão naquele Carnaval, ainda que de forma bem diferente. A top model chegou ao Sambódromo perto da uma da manhã da madrugada de domingo para segunda-feira, a bordo de um Audi A6 4.2 prata. Só que imediatamente atrás veio outro A6, esse um 2.8 na cor preta, que trazia sua irmã gêmea, Patrícia Bündchen. As duas saíram de seus carros ao mesmo tempo, deixando os fotógrafos confusos sobre qual era a verdadeira Gisele. Na pressa e na dúvida, muitos fizeram fotos das duas.

Fora isso, a modelo foi só sorrisos e poses durante sua passagem pelo Sambódromo. Algumas horas depois, ela retornou para o hotel a bordo do mesmo Audi A6, assim como sua irmã gêmea.

O curioso é que os carros continuaram a ser usados em eventos da marca e, mais tarde, foram vendidos normalmente, como veículos de frota. O paradeiro dos A6 que deram carona aos famosos, assim, é totalmente desconhecido. Sobraram só o press release e uma foto da época, encontrados no acervo do Museu da Imprensa Automotiva (Miau).

Pensando bem, talvez tenha sido melhor assim. Imagine só: “Vendo Audi A6 2.7 biturbo ano 2001 usado pelo Exterminador do Futuro”. O preço? Provavelmente, estaria inflacionado em pelo menos uns 50%…

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Advogado é preso por suspeita de participar de negociação de decisão judicial a favor de tr4fic4nte
Próxima Proposta proíbe habitações do Minha Casa, Minha Vida em locais sujeitos a riscos climáticos