HONG KONG, 22 de agosto (Reuters) – Credores offshore da China Evergrande (3333.HK), abre uma nova abapodem aumentar suas chances de recuperar fundos se puderem provar que o incorporador imobiliário tem direito a dinheiro de subsidiárias onshore, às quais eles teriam direito, disseram especialistas.
Esses credores se tornaram acionistas de fato dos ativos onshore da Evergrande devido a uma ordem de liquidação de janeiro em Hong Kong, dando-lhes outra via para recuperar dinheiro de uma empresa cujos passivos offshore sozinhos atingiram até US$ 23 bilhões.
Os acionistas têm a menor senioridade ao recuperar dívidas. No entanto, no caso de duas unidades de veículos elétricos (VE) e uma unidade de propriedade , eles podem ser considerados credores que têm maior senioridade caso a reorganização judicial do primeiro e a liquidação do outro revelem que essas subsidiárias têm empréstimos pendentes estendidos pela China Evergrande.
“Os credores offshore que puderem provar que a Evergrande emprestou dinheiro a esses negócios reestruturados onshore têm o direito legal de reivindicar o dinheiro de volta, com base na experiência”, disse Glen Ho, líder nacional de recuperação e reestruturação da Deloitte China.
Ho citou um caso envolvendo sua equipe no qual credores offshore da China Huishan Dairy receberam pagamentos por meio da reestruturação de subsidiárias onshore que haviam tomado empréstimos da controladora.
Os credores das unidades Evergrande — incluindo a própria Evergrande, se houver empréstimos pendentes — devem relatar detalhes do dinheiro devido antes das reuniões de credores em 22 de outubro para Evergrande New Energy Vehicle (Guangdong) e Evergrande Smart Automotive (Guangdong), e em 14 de novembro para Guangzhou Kailong Real Estate.
Os liquidatários da Evergrande — nomeados pelo tribunal de Hong Kong para representar credores offshore — se recusaram a comentar. Sua principal operação onshore, a Hengda Real Estate, se recusou a comentar.
Os apelos ao Tribunal Intermediário de Guangzhou, que supervisiona os casos das subsidiárias, não foram atendidos.
A possibilidade de os credores offshore da Evergrande recuperarem fundos por meio de subsidiárias acrescenta outro capítulo à queda do que já foi o maior conglomerado imobiliário da China.
Também levanta a possibilidade de credores offshore apresentarem prova de dívida entre a Evergrande e outras subsidiárias, e buscarem fundos pressionando pela reestruturação dessas unidades, disseram especialistas. Mesmo assim, a recuperação será desafiadora, disseram eles.
“O processo será longo e será difícil navegar no processo de reestruturação do continente”, disse Ho.
A decisão de Hong Kong que designa acionistas offshore – por meio dos liquidatários – como acionistas de ativos onshore não é automaticamente reconhecida na China continental.
Além disso, sendo designados acionistas de fato das subsidiárias, os credores offshore têm classificação inferior aos onshore, o que os coloca em dificuldades para recuperar qualquer coisa, disse um especialista em reestruturação em Hong Kong, que não quis ser identificado, pois não estava autorizado a falar com a mídia.
Com processos judiciais tanto no país quanto no exterior, os interesses dos credores também podem entrar em conflito enquanto eles buscam os mesmos ativos.
Por exemplo, a reorganização das unidades de VE provavelmente interromperá um acordo que os liquidatários da Evergrande anunciaram em maio para vender a participação da incorporadora imobiliária na
China Evergrande New Energy Vehicle (0708.HK) , listada em Hong Kong., abre uma nova aba, disseram analistas.
Ainda assim, é importante que investidores offshore estejam envolvidos em processos de falência liderados pelo governo e garantir que esses processos sejam transparentes, disse Qiao Shitong, professor especializado em direito imobiliário na Faculdade de Direito da Universidade Duke.
“Deixar o tribunal lidar com casos tão complicados e garantir que os procedimentos sejam seguidos no espírito da justiça é mais importante do que quem fica com o quê”, disse ele.
Reportagem de Xie Yu e Clare Jim em Hong Kong; Edição de Christopher Cushing
Fonte: noticiasagricolas
