Teste: Kia EV5 chega ao Brasil e quer enfrentar BMW e Mercedes; consegue?


Nem todos os SUVs elétricos chegam ao Brasil com o objetivo de concorrer diretamente com a BYD, por mais que tal relação seja inevitável. A briga também é boa nos segmentos em que as fabricantes chinesas ainda não atuam — e este é o caso do Kia EV5, lançado no país em versão única de acabamento, chamada Land, por R$ 399.990.

Autoesporte esteve em Quito (Equador) para dirigir o modelo e trazer as primeiras impressões. Pelo posicionamento, o Kia EV5 Land concorrerá com dois modelos alemães: BMW iX1 (R$ 359.950) e Mercedes-Benz EQA (R$ 399.990). Até o momento, nenhuma marca chinesa lançou carros elétricos neste patamar de preço no Brasil. O BYD Tan, vale lembrar, parte de R$ 529.890.

O EV5 estreia como um dos SUVs elétricos mais interessantes desta faixa de preços, graças ao visual arrojado, desenvolvido sob a supervissão do chefe de design da marca, Karim Habib, ex-Infiniti e BMW. Habib trabalhou com o lendário Peter Schreyer na criação da nova linguagem estética da Kia. O que mais chama atenção é o contraste da carroceria quadrada com os adereços futuristas.

Tal característica é evidenciada pelas arestas demarcadas que formam a silhueta parruda. Seria uma referência à Land Rover? Talvez — mas fato é que o EV5 ficou bem resolvido. Na parte dianteira, os faróis estreitos são conectados e formam desenhos retilíneos que substituem a grade frontal.

Não há a necessidade de aberturas frontais, pois os carros elétricos têm um sistema próprio de refrigeração de bateria. Além disso, sob o capô, esconde-se um “frunk” (um compartimento de carga auxiliar) com capacidade para 60 litros.

Passando pela silhueta, a área envidraçada do SUV elétrico vai diminuindo até desaparecer em formato triangular na coluna C. Na traseira, destacamos a linha de cintura alta e as lanternas interligadas. O símbolo da Kia está posicionado ao centro da tampa do porta-malas, enquanto o logotipo do EV5 está quase imperceptível na região inferior. No bagageiro de abertura e fechamento elétricos, temos generosos 513 litros de capacidade.

Em dimensões, o EV5 mede 4,61 metros de comprimento, 1,87 m de largura e 1,71 m de altura e excelentes 2,75 m de distância entre-eixos. O espaço no banco traseiro é amplo — e vale destacar o assoalho totalmente plano, que permite que um eventual quinto ocupante não fique esmagado na parte central do assento.

Para melhorar o aproveitamento da cabine, a Kia teve outra sacada inteligente: as saídas de ventilação traseiras foram posicionadas nas laterais, desobstruindo a região dos joelhos.

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O acabamento é simples, porém bem montado. Há plástico duro reciclado com poucas texturas na composição de todos os painéis. Na região frontal, a marca coreana ainda colocou um revestimento suave ao toque emborrachado. Enfim, os bancos trazem uma bonita combinação de couro com tecido.

Sua central multimídia de 12,3 polegadas está interligada com o painel de instrumentos digital. A interface deste display, para a surpresa de ninguém, é a mesma da Hyundai. A Kia instalou conexão Android Auto e Apple CarPlay sem fio, bem como um carregador de celular por indução no console. Para os dias de aperto, há uma saída UBS-C para recarga rápida por cabo.

O miolo do volante multifuncional é levemente inspirado nos carros de Fórmula 1. E, na contramão de outras marcas, o seletor de modos de condução está instalado em um botão na região inferior desta peça. Aproveitando a deixa, chegou a hora de dirigir.

A Kia organizou um pequeno test-drive rodoviário em Quito (Equador) para jornalistas da América do Sul. Foi a primeira vez em que estive num comboio com guardas de trânsito que eram responsáveis por interromper o fluxo de outros veículos e garantir a continuidade do meu caminho. Péssimo dia para quem mora na capital equatoriana…

A mecânica do EV5 gira em torno da bateria de íons de lítio de 88,1 kWh, que abastece o motor elétrico síncrono de ímãs permanentes instalado sobre o eixo dianteiro. Este desenvolve 217 cv de potência e 31,6 kgfm de torque.

Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, o EV5 tem 402 km de autonomia — superando o resultado de seu principal rival no Brasil, o iX1, que tem alcance de 332 km. Lançado em julho, o novo EQA tem 304 km.

Neste curto test-drive em comboio, não deu para pisar fundo. Nem seria tão empolgante, pois o EV5 vai de 0 a 100 km/h em longos 8,9 segundos (em comparação com os 4,9 s do BYD Tan). Existe uma versão mais potente disponível na Europa e na Ásia, em que o SUV elétrico pode atingir tal velocidade em 6,1 s.

Sem poder acelerar, prestei mais atenção no comportamento dinâmico do EV5. O freio é um tanto “borrachudo” e pouco preciso. É necessário descarregar força extra no pedal para ter a certeza de que o EV5 está reduzindo a velocidade. Tal falta de sensibilidade incomodou muito no “anda e para” do comboio.

Seu acerto de suspensão faz sentido quando comparado a outros carros da Kia. A marca buscou um ajuste mais maleável, assim como o do Sportage, visando prioritariamente o conforto na cidade. Por mais que os carros elétricos normalmente tenham amortecedores mais rígidos, por conta do peso extra das baterias, o EV5 não chega a ser duro no asfalto.

Num curto trecho de estrada de terra e paralelepípedos, o EV5 mostrou que só tem vocação urbana. A carroceria chacoalhou e a suspensão fez barulho nas trepidações. Pelo volante, o motorista poderá sentir todos os impactos — afinal, ainda que a frenagem deixe a desejar, a direção transmite toda a sensibilidade da pista às mãos do condutor.

Também testei as assistências ativas ao motorista, sendo o controle de cruzeiro adaptativo (ACC) a principal delas. O sistema funciona bem, pois o EV5 é capaz de detectar o veículo à frente mesmo quando está levemente deslocado na faixa.

Muitos carros perderiam a referência e aumentariam a velocidade, mas não foi o caso. Controle de frenagem de emergência, sensores de ponto cego e assistente de manutenção de permanência em faixa completam o pacote de segurança ativa (ADAS).

Falando sobre a recarga, o EV5 está limitado a 11 kW de capacidade. Em unidades de corrente alternada (AC), a marca divulga que o SUV elétrico pode ir de 10% a 100% da carga em cerca de nove horas. Já nas instalações de corrente contínua (DC) de até 360 kW, o modelo precisa de apenas 27 minutos para recuperar até 80% de carga.

Quem adquirir o EV5 também receberá um carregador wallbox da WEG, além de uma unidade portátil para tomadas comuns que deve ficar no porta-malas. A instalação fica por conta do proprietário, mas a Kia pode indicar empresas parceiras que prestam este serviço.

O EV5 custa R$ 399.990 e tem tudo para ser o carro elétrico mais vendido da Kia globalmente. Seu forte aspecto visual, boa autonomia e o conforto a bordo são as características que mais gostei. Resta saber como ele vai se comportar diante da forte concorrência alemã.

Nossa aposta é que o EV5 venderá menos que o BMW iX1, mas não vai precisar de muito esforço para superar o Mercedes-Benz EQA. Para conquistar clientes, a Kia oferecerá um plano de garantia com cinco anos para o veículo e oito anos para as baterias, incluindo as três primeiras revisões grátis e assistência 24 horas com guincho e oficina.

A investida no segmento de carros elétricos não para por aí. Após a chegada do EV5, a Kia vai importar o EV9 em meados de novembro (ou até dezembro). Este será o novo rival do Audi Q8 e-tron e BMW iX no Brasil.

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Fonte: direitonews

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