O Volkswagen Sedan – ou Fusca, cujo nome não-oficial passou a ser reconhecido a partir de 1983 no Brasil – é um dos carros mais vendidos da história, com mais de 21,5 milhões de unidades entregues durante décadas, superando até mesmo o primeiro carro popular da história, o Ford T.
A paixão brasileira, em especial, originou até uma data para ser comemorada: 20 de janeiro. A história começou em 1950, quando as primeiras unidades desembarcaram no porto de Santos. Já em 1959, passou a ser montado na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Com o fim da produção em 1986, por conta de projetos mais modernos e promissores, o Fusca perdeu espaço. No entanto, ‘ressuscitou’ em 1993 durante mais três anos, apenas.
O Volkswagen Fusca 1994/1995 verde Tahiti “placa preta” disponível para venda que a Autoesporte encontrou não é um exemplar de “vitrine”, convenhamos, mas merece uma atenção especial. Com 130 mil km originais, ele esbanja saúde e disposição. O motor parece ter saído da linha de produção de tão novo e preservado que se encontra.
Alimentado por dois carburadores, o 1.600 boxer refrigerado a ar movido a gasolina trabalha como um reloginho suíço. Sem grandes pretensões, esbanja seus 53 cavalos de potência, gerenciados por um câmbio manual de quatro marchas.
“Comprei este Fusca de segundo dono e tudo nele é original, incluindo o assoalho. Só os para-lamas receberam um banho de tinta, mas nada além disso”, detalha Geraldo Fernandes Júnior, o “Mano”, da loja Garagem da Joia, de Palhoça (SC).
Assim como a parte externa impecável, por dentro, o único “testemunho de época”, é o volante de plástico injetado que equipa os Fuscas até o Série I, ligeiramente desgastado pelo uso. Os bancos estão em ótimo estado. O painel com acabamento de vinil se apresenta intacto, sem trincas ou deformações. Um rádio toca-fitas Volksline de época foi instalado na época pela concessionária autorizada Giering, de São Leopoldo (RS). O estepe radial Firestone F-560 (165 R15 86 T), ainda que já tenha sido usado, é o original de fábrica.
Com todo o pedigree de um Volks feito para durar e ser usado, o colecionável está à venda por R$ 50 mil, valor equivalente ao de uma scooter Honda Forza 350, que custa R$ 50.300. Nada muito surreal para quem quer começar uma coleção e não quer gastar muito.
Após o Impeachment de Fernando Collor, no final de 1992, o mais novo eleito Presidente da República do Brasil, Itamar Franco, tomou as medidas para controlar a economia. Uma das soluções veio dos chamados carros populares, que além de gerar empregos, daria a oportunidade de o brasileiro ter o seu primeiro carro 0 km.
Por meio da pressão por parte dos representantes e sindicatos da indústria automotiva brasileira em acelerar o processo, a ideia veio da volta do Fusca, um modelo robusto, simples e barato de ser produzido. Além de tudo, ele tinha um grande apelo emocional. Era a “cereja do bolo” que faltava para bater o martelo junto ao Pierre-Alan Schmidt, então presidente da joint venture Autolatina que unia VW e Ford.
O Volkswagen foi incluído na Lei do Carro Popular, que reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos 1.0. Apesar do “besouro” contar com propulsor de maior cilindrada, a brecha contemplaria os motores refrigerados a ar, que chegou a incluir, mais tarde, a Kombi. Assim, em 1993, o Fusquinha voltaria a ser fabricado na fábrica de Anchieta, no ABC Paulista.
De diferente às versões de 1986, os modelos “Itamar” continham para-choques pintados (com borrachões a partir do pacote Luxo), catalisador, adesivos laterais e novas cores. Por dentro, a nova padronagem cinza dos tecidos/forrações de portas e volantes emprestados do Gol eram as principais diferenças.
O Fusca durou até 1996 com pouco mais de 46 mil unidades vendidas que se somaram às 3,3 milhões comercializadas no Brasil, antes de seu retorno ao mercado. O encerramento rendeu até uma edição de despedida, batizada de Série Ouro, com cerca de 1.500 exemplares feitos.
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Fonte: direitonews