As autoridades russas pediram às pessoas nas regiões fronteiriças que evitem o uso de aplicativos de encontros e limitem a atividade nas redes sociais para impedir que as forças ucranianas recolham informações durante sua incursão na região de Kursk.
Na terça-feira (20), o Ministério do Interior da Rússia emitiu um apelo dirigido aos residentes das regiões de Bryansk, Kursk e Belgorod, bem como aos militares e policiais presentes nesses territórios, recomendando a abstenção do uso de serviços de namoro online e alertando sobre o perigo de transmitir vídeos de locais sensíveis.
O ministério destacou que os inimigos estão utilizando esses recursos para coletar informações e, por isso, publicou uma lista extensa de recomendações, incluindo o conselho de não abrir links suspeitos enviados por desconhecidos e de não transmitir vídeos de estradas com a presença de veículos militares.
As autoridades também alertaram que as forças ucranianas estão hackeando remotamente câmeras de segurança desprotegidas, monitorando áreas privadas e estradas estratégicas.
Soldados e policiais foram orientados a remover a geolocalização de suas redes sociais, já que os inimigos monitoram essas informações em tempo real para identificar a localização das forças militares e de segurança.
A ofensiva ucraniana na região de Kursk, que resultou no avanço de até 35 quilômetros e na captura de 93 colonatos, colocou a Rússia em uma situação delicada para proteger seu território.
Mais de 121 mil residentes de Kursk foram evacuados, e as operações ucranianas também têm como alvo as regiões de Bryansk e Belgorod.
A preocupação com a segurança nas redes sociais não é nova. Há um histórico de soldados que revelam involuntariamente informações sensíveis ao usar seus telefones em zonas de conflito.
Em 2023, um importante comandante de submarino russo, Stanislav Rzhitsky, foi morto enquanto corria, possivelmente rastreado através do Strava, um aplicativo de corrida.
Além disso, após um ataque ucraniano que matou quase 100 soldados russos em Makiivka no Ano Novo do ano passado, o Ministério da Defesa da Rússia apontou o uso generalizado de celulares pelos soldados como a principal causa do ataque, embora essa avaliação tenha sido questionada.
Recentemente, a câmara baixa do parlamento russo propôs uma lei para punir soldados que utilizarem smartphones durante os combates na Ucrânia, considerando tal ato uma ofensa disciplinar grave, punível com até 10 dias de prisão.
A proposta também visa proibir o uso de dispositivos eletrônicos que permitam gravação de vídeo e áudio e a transmissão de dados de geolocalização.
Esse tipo de preocupação não se limita à Rússia e Ucrânia. O Departamento de Defesa dos EUA proibiu o uso de recursos de geolocalização por militares em 2018, após a descoberta de que aplicativos como o Strava podiam representar riscos de segurança, ao revelar inadvertidamente a localização de bases americanas em todo o mundo.
Fonte: gazetabrasil