Quem são os Bolsonaros que vão disputar as eleições de 2024


A família Bolsonaro levará seu sobrenome para as urnas de três cidades brasileiras, de três estados diferentes, nas eleições de 2024. Enquanto o vereador Carlos Bolsonaro (PL) busca o sétimo mandato na Câmara Municipal no Rio de Janeiro, Jair Renan Bolsonaro (PL), filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), concorrerá a uma cadeira de vereador em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e Renato Bolsonaro (PL), irmão de Bolsonaro, tentará a prefeitura de Registro, em São Paulo.

Até o último pleito, em 2022, o filho 04 de Bolsonaro não demonstrava que seguiria o mesmo caminho do pai e dos irmãos mais velhos. Em março do ano passado, porém, ele se mudou para o litoral catarinense para atuar como assessor parlamentar no escritório de apoio do senador Jorge Seif (PL-SC) em Itapema. Com residência fixada em Balneário Camboriú, anunciou em março deste ano a filiação ao PL e a pré-candidatura a vereador da cidade.

“Compatriotas sulistas, quero comunicar todos vocês que hoje eu me filiei ao PL, sou pré-candidato a vereador em Balneário Camboriú. Quero agradecer ao governador Jorginho Mello por essa grande honra em fazer parte do time PL”, afirmou Jair Renan em postagem nas redes sociais na ocasião.

A escolha por Santa Catarina não é por acaso. Em 2022, Jair Bolsonaro teve 69,27% dos votos válidos no segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado. Na mesma eleição foram eleitos o governador Jorginho Mello (PL), com 70,69% dos votos válidos — a maior porcentagem entre os governadores eleitos naquela eleição —, e o senador Jorge Seif, que recebeu 1.484.110 votos. A consolidação da direita em Santa Catarina é refletida também no aumento de filiações de jovens em partidos políticos de direita, com destaque para o PL, o Podemos e o Novo.

Um cenário propício, inclusive, para a realização em Balneário Camboriú da edição deste ano da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), versão brasileira do maior evento conservador dos Estados Unidos, organizado localmente pelo filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Jair Renan foi um dos participantes e, ancorado pelo pai e pelo irmão, transitou ao lado de destaques do evento, como o presidente da Argentina, Javier Milei.

“É uma grande honra poder receber este grande líder em minha bela Balneário Camboriú”, escreveu o pré-candidato a vereador nas redes sociais na legenda de uma foto com Milei, Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Jorginho Mello, Ricardo Salles (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e outros políticos.

Jair Renan, que tem 26 anos, foi exonerado do gabinete de Jorge Seif em 1º de julho, ficando livre para iniciar a campanha. Além do pai e do senador, Jair Renan conta com o apoio do governador Jorginho Mello, do prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (PL), e de empresários locais, como Emílio Dalçóquio, um dos principais apoiadores do bolsonarismo no estado.

Bolsonaro “genérico” do Vale do Ribeira

Apesar de estar intimamente ligado ao estado do Rio de Janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro nasceu em São Paulo, na cidade interiorana de Glicério. Ainda novo se mudou para Eldorado, no Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do estado. Ele seguiu para o Rio, mas seus parentes permaneceram por lá, inclusive o irmão Renato Bolsonaro.

Renato não tem o destaque do irmão mais velho, mas há muitos anos está inserido no meio político da região. Em 2012 chegou a se candidatar à prefeitura de Miracatu, mas ficou em terceiro lugar. No ano seguinte se tornou assessor parlamentar do deputado estadual André do Prado (PL) — hoje é o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) —, mas em 2016 foi exonerado sob a suspeita de que seria um funcionário fantasma, o que ele e o deputado negam. Em 2021, tornou-se chefe de gabinete do prefeito de Miracatu, Vinicius Brandão (PL), e permaneceu até 2022.

Desde então vem azeitando sua nova tentativa de se tornar prefeito na região, dessa vez de Registro, a “capital” do Vale do Ribeira. Para viabilizar a pré-candidatura, precisou fazer um arranjo com o atual prefeito da cidade, Nilton Hirota (PL), para que não seguisse com o projeto de reeleição. No fim de junho, ao lado de Hirota e de Renato Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que o atual prefeito cedeu “gentilmente” a pré-candidatura a Renato. “Vamos mostrar o vigor desse projeto, mostrar que é o caminho certo e o caminho do futuro para Registro”, garantiu o governador paulista.

Renato tem a favor dele a popularidade do irmão na região. Em 2022, na disputa presidencial, Bolsonaro venceu em 14 das 20 cidades do Vale do Ribeira. Em vídeo nas redes sociais, o Bolsonaro “genérico”, como Renato mesmo se define, falou em transformar Registro. “Tenho certeza que estou pronto e capacitado para contribuir com o desenvolvimento e transformação da nossa cidade, tornando-a um lugar ainda melhor para todos nós”, disse.

Do pleito municipal para as eleições de 2026

O filho 02, Carlos Bolsonaro vai em busca de mais um mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o seu sétimo. Mas se depender dos planos da família — e se eles se concretizarem —, ele não completará o mandato. Isso porque em 2026 há uma possibilidade de partir para uma vaga em Brasília. Inicialmente era cotado para a Câmara dos Deputados, mas o Senado é o caminho mais real no momento.

Para seguir com esse plano, Carlos teria de mudar de domicílio eleitoral, já que o mandato de senador de seu irmão mais velho, Flávio Bolsonaro, o filho 01, acaba em 2026 e vai tentar manter a cadeira pelo Rio de Janeiro. Dessa forma, duas hipóteses aparecem: Santa Catarina e Mato Grosso, ambos redutos bolsonaristas.

E o Senado pode acabar ficando pequeno para a família Bolsonaro. Além de Carlos e Flávio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro pode tentar uma vaga no Senado por São Paulo, estado pelo qual já foi eleito no último pleito. Uma quarta vaga no Senado ainda pode ser preenchida pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que vem encorpando uma candidatura nos últimos anos, inclusive presidindo o PL Mulher Nacional e rodando o Brasil para testar sua popularidade. Para não disputar diretamente com os enteados, ela deve ampliar o mapa da família Bolsonaro com residência no Distrito Federal.

Dentro do PL, há quem defenda que Michelle se candidate à presidência da República, como uma forma de a família Bolsonaro retornar ao principal cargo no país, visto que Jair Bolsonaro está inelegível até 2030 por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse cenário, entretanto, é mais complexo porque envolve outras costuras, especialmente uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas contra Lula em 2026.

Fonte: gazetadopovo

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