Carregador de carro elétrico em casa e prédio: custos e regras de instalar


A indústria dos carregadores residenciais e condominiais vive um momento de alta no Brasil, paralelamente ao crescimento das vendas de carros elétricos e híbridos plug-in no país. Ainda que a procura pela instalação tenha avançado, o procedimento exige mão-de-obra especializada e uma série de protocolos de segurança para garantir não apenas a integridade do veículo, como também dos moradores da casa ou condomínio.

Autoesporte conversou com dois especialistas do setor para mostrar quais são os procedimentos e regras para a colocação dos carregadores. Também falamos sobre custos, infraestrutura e as principais dificuldades encontradas no Brasil. Confira:

A instalação residencial costuma ser a mais simples. É o que dizem os especialistas Leandro Varga, sócio-proprietário da Car Plug Power, e Ayrton Barros, diretor geral da NeoCharge. As empresas operam em São Paulo no ramo de infraestrutura de carregamento residencial, condominial e corporativo.

“O primeiro passo é fazer uma vistoria cautelar na casa do cliente para confirmar se alguma intervenção ou modificação na rede elétrica é necessária”, explicou Varga. “Se a fiação for antiga, recomendamos a visita de um eletricista para uma avaliação mais detalhada ou até a substituição de alguns componentes”. Ambas trabalham apenas com a venda e instalação dos carregadores.

Se a casa estiver apta a receber o carregador, o processo de instalação do wallbox é iniciado. Para isso, cria-se um disjuntor próximo ao quadro de luz para administrar especificamente a recarga do veículo. Dele sai o cabeamento, que pode ser aparente (por um eletroduto) ou escondido (por dentro da parede).

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Com a popularização dos veículos plug-in, já existem regras oficiais para tais carregadores, determinadas não apenas pelo Inmetro, como também por um conselho do Corpo de Bombeiros. “Temos normativas estipuladas há mais de dois anos, com todas as especificações dos componentes que serão usados”, reforçou Ayrton Barros.

Existem vários tipos de carregadores de parede, com potências e velocidades de recarga distintas. Antes de escolher uma opção, o morador deve considerar qual será a sua rotina e o tipo de veículo a ser carregado. Alguns carros têm limitações e não aceitam carregamento de alta tensão, por exemplo. Outros exigem estruturas mais robustas.

Quanto ao preço da colocação, especialistas do setor dizem que costuma variar. “Depende de uma série de fatores, como a distância do local da instalação para o relógio medidor de eletricidade”, disse Leandro Varga. “Se o morador optar por esconder a tubulação por trás da parede, sem o chamado eletroduto aparente, vai implicar em custos com pedreiros e materiais”.

Tais variáveis também interferem no tempo para a instalação. Mas, no geral, leva-se em torno de um dia para concluir a entrega de um wallbox simples. Normalmente, a instalação de um wallbox custa entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil — isso sem considerar o valor do aparelho, que parte de R$ 4 mil nas configurações mais baratas.

Este é outro ponto que pode encarecer o procedimento, pois os carregadores do tipo “smart”, que permitem o controle via aplicativo e têm conexão Wi-Fi, são inevitavelmente mais caros. Os mais tecnológicos, com 22 kW de capacidade, passam de R$ 10 mil.

Leandro Varga, sócio da Car Plug Power, afirmou que o morador deve tomar algumas precauções ao recarregar o veículo em casa. “O ideal é plugar o carro depois que os chuveiros elétricos e outros aparelhos tiverem sido utilizados para não gerar uma sobrecarga, ou até uma queda de energia”.

A instalação condominial tem sido muito buscada no Brasil. A NeoCharge, por exemplo, tem construtoras e incorporadoras entre seus principais clientes, que buscam entregar prédios com ao menos um carregador em funcionamento.

“O morador que deseja a instalação de carregadores no condomínio deve sugerir isso em assembleia. Costuma ser a parte mais complicada e chata, pois exige votação e aprovação”, ressaltou Ayrton Barros.

“Depois que a instalação for aprovada em assembleia, um engenheiro elétrico deve emitir uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para dar início à instalação. Só depois entramos em ação para montar o carregador”, concordou Leandro Varga, da Car Plug Power.

O abastecimento de energia do condomínio pode ser um problema para a instalação das estações de recarga. “Quando um prédio é concluído, existe um acordo entre a construtora e a concessionária de energia sobre a entrega da eletricidade. Se todos os moradores optarem por carros elétricos, a rede de abastecimento não poderá suprir a nova demanda”, reforçou Barros.

Segundo os especialistas, caso a demanda de eletricidade seja grande em um condomínio, o ideal é criar um sistema de gestão de carga. “Existe o momento em que todos chegam do trabalho e ligam chuveiros, televisões, air-fryers, coifas, fogões por indução… Isso gera uma sobrecarga na rede elétrica. […] Somando isso a vários veículos elétricos carregando, a energia pode cair”, alertou Varga.

Neste caso, o sistema de gestão de carga evita a queda de energia ao reduzir a potência dos carregadores temporariamente. Passado o horário de pico, a recarga volta ao normal.

Existe também o cenário em que um único morador pede a instalação de um carregador próprio. Assim, a energia vem diretamente de seu relógio de luz e as despesas da instalação não ficam por conta do condomínio. Vale ressaltar que nem toda empresa do setor faz a instalação dos carregadores entregues pelas fabricantes na aquisição do veículo.

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Fonte: direitonews

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