Menor faixa etária e uso de IA: entenda os novos trunfos do recrutamento militar


Essa questão é especialmente relevante para nações que já ultrapassaram seu “bônus demográfico” — o período de maior produtividade populacional, ideal para o recrutamento militar.
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, sobre o impacto do envelhecimento da população nas Forças Armadas, o especialista em geopolítica e defesa Rodolfo Lattes elencou os desafios e as possíveis soluções.
Exército Brasileiro - Sputnik Brasil, 1920, 13.08.2024

Segundo o especialista, muitos países estão experimentando uma diminuição na faixa etária ideal para o recrutamento militar, que normalmente abrange de 21 a 35 anos. Esse fenômeno é notável em potências como Brasil, Rússia e nações europeias.

“O declínio demográfico é uma realidade em todo o planeta, exceto alguns países africanos. E isso atinge até mesmo alguns países do Oriente Médio, que sofreram um declínio demográfico significativo, como Irã, Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, que são países que até dependem muito da migração“, explicou Lattes ao podcast.

Ele também aponta que muitos países com baixa taxa de natalidade enfrentam problemas adicionais, como a baixa atratividade das carreiras militares.
Para lidar com isso, segundo ele, algumas nações estão optando por aumentar o tempo de serviço militar obrigatório e implementar centros de reciclagem para reservistas, a fim de manter uma base de recursos humanos disponíveis em situações de conflito.
Além disso, países que não conseguem manter um contingente militar adequado estão investindo na integração de migrantes como solução temporária. Contudo, essa abordagem pode gerar tensões sociais e desafios de adaptação, observou.
Por outro lado, nações com crescimento populacional, como Nigéria e Indonésia, estão se preparando para desempenhar papéis mais proeminentes no cenário global. A Nigéria, por exemplo, tem o potencial de ter o maior exército do mundo no futuro, se antes conseguir “resolver seus problemas políticos”, destacou o analista.
O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) - Sputnik Brasil, 1920, 19.07.2024

Papel da inteligência artificial

O avanço da inteligência artificial (IA) e a possibilidade de usar robôs humanoides no futuro também foram discutidos. Lattes acredita que, embora a tecnologia possa substituir algumas funções militares, a completa automação das Forças Armadas ainda está distante e será restrita às potências com grandes recursos financeiros.

“Tendo em vista que tem combate subterrâneo, metrô etc., então os recursos automatizados que empregam a inteligência artificial podem mitigar certas demandas de pessoas. Por exemplo, na vigilância, no reconhecimento, até mesmo em alguns níveis de operações de combate. Mas não vão poder suplantar as necessidades de tropas no terreno, principalmente para a garantia de segurança e, mesmo, a presença que gera a consolidação dessa ocupação“, detalhou.

Sobre essa discussão, Ricardo Cabral, professor de história e fundador do canal História Militar em Debate, observou que “nós estamos vendo cada vez mais o emprego de meios robóticos, cada vez mais meios automatizados, robóticos“, com o drone emergindo como um exemplo crucial.
Conceito de inteligência artificial (imagem referencial) - Sputnik Brasil, 1920, 16.07.2024

Ele explicou que “atualmente, ele é operado por operadores humanos, mas a tendência é que nós vamos vê-lo dotado de inteligência artificial para o selecionamento de alvos e atuar com um certo grau de autonomia”.

O professor ressaltou, ainda, a proteção do recurso humano como prioridade nas Forças Armadas, afirmando que “a presença do homem no campo de batalha está se tornando um alvo prioritário e, com isso, você protege aquele seu principal recurso de qualquer exército, [que] é o seu elemento humano”.

De acordo com o historiador, a tendência é o aumento do uso de drones e, em breve, a introdução de robôs com funções ofensivas e inteligência artificial.
Cabral mencionou as implicações futuras da tecnologia, notando que “não importa o nome que a gente vai dar daqui para frente, já têm sido feitas experiências com drones aéreos dotados de inteligência humana, mas com a palavra final do ataque com o operador humano“.
Ele especulou que, no futuro, “a inteligência artificial pode começar a adquirir uma consciência e aí se autopreservar e começar a tomar decisões que, às vezes, não sejam as melhores para nós“.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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