O chanceler do México, Marcelo Ebrard, apresentou a proposta nesta quinta-feira (22) durante discurso na 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
“[O México] propõe que uma delegação ou comitê de Chefes de Estado e de Governo encoraje e acompanhe os esforços do secretário-geral [António Guterres], para promover medidas que promovam a confiança que agora se perde entre a Rússia e a Ucrânia”, disse o chefe da diplomacia mexicana.
O objetivo deste órgão é “gerar as condições, o mais rápido possível, para aproximar as partes dos mecanismos de solução pacífica de controvérsias estabelecidos na Carta das Nações Unidas”.
Segundo ele, esta proposta foi compartilhada nos últimos dias com o secretário-geral Guterres e as partes envolvidas.
O plano foi levado também às delegações da Índia e do Vaticano. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, acredita que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o Papa Francisco devem participar desses esforços, explicou Ebrard.
O comitê teria como objetivo também dar conta da “paralisia do Conselho de Segurança”, onde o México exerce mandato temporário.
O México se define como “um ator imparcial de boa fé, para gerar o maior apoio possível aos esforços e bons ofícios de António Guterres”, e de um comitê “cuja formação esperamos que prossiga com o apoio dos Estados membros da ONU”.
O Conselho de Segurança da ONU “não conseguiu cumprir o mandato que lhe é conferido pela Carta das Nações Unidas, pois não conseguiu evitar a guerra, nem tomou as medidas para pôr fim à agressão armada”, disse o chanceler. O órgão, segundo ele, tampouco conseguiu direcionar qualquer processo diplomático para buscar uma solução por meio do diálogo e da negociação.
“Esta guerra se soma a outros conflitos armados que permanecem sem solução e, pela mesma razão, mina seriamente a harmonia e a ordem internacionais baseadas no direito internacional”, acrescentou.
O diplomata mexicano também destacou que a ONU não conseguiu garantir que todos os suprimentos de assistência humanitária necessários cheguem, “nem acesso aos mercados de grãos e fertilizantes produzidos pela Rússia e pela Ucrânia”.