Com a recente notícia de que a fábrica da Troller será reativada para produzir veículos elétricos de diferentes marcas (ainda não reveladas), todas as unidades que eram da Ford finalmente receberam alguma destinação. Autoesporte fez um balanço e mostra, nos próximos parágrafos o que aconteceu com as instalações de São Bernardo do Campo, Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE).
Antes, é preciso relembrar que o processo de fechamento aconteceu em duas etapas. A primeira foi anunciada ainda no começo de 2019, quando a Ford disse que, no final daquele ano, encerraria as atividades na sua mais antiga fábrica em operação, em São Bernardo do Campo (SP), dando fim também às operações de veículos pesados no país em outubro daquele ano.
Menos de dois anos depois, ainda nos primeiros dias de 2021, a marca anunciou o encerramento definitivo da produção de veículos no Brasil, dando fim não apenas aos modelos Ka e EcoSport, como também encerrando a trajetória da marca Troller, fundada em 1995 e comprada pela Ford em 2007.
A fábrica da Troller foi exatamente a última a ter seu destino definido. Somente na sexta-feira da semana passada (9), o Governo do Ceará anunciou que o local será assumido pela Comexport, gigante do setor de comércio exterior.
Em troca da fábrica de quase 12 hectares, a Comexport se comprometeu a investir R$ 400 milhões e reativar a unidade com estimativa de produzir 40 mil veículos por ano. O mais curioso é que a empresa vai trabalhar com outras fabricantes, terceirizando a montagem no local.
Segundo o comunicado, já há acordo com três marcas de carro para produzir seis modelos elétricos ou híbridos já a partir do primeiro semestre do ano que vem no local. Seria um modelo semelhante ao que acontece no Uruguai com a Nordex, que tem uma fábrica e produz, atualmente, veículos tão diversos como Fiat Titano, Peugeot Expert, Citroën Jumpy, Kia Bongo e Ford Transit.
A unidade da Avenida do Taboão foi uma das primeiras fábricas de automóveis do país. Antes de ficar nas mãos da Ford por mais de cinco décadas, ela foi idealizada e construída pela extinta Willys-Overland do Brasil. A inauguração foi em 1954, com a produção do Jeep Willys.
Em 1967, a Ford comprou a Willys e assumiu a fábrica. Além da unidade, a empresa do oval azul terminou o desenvolvimento do Corcel, o primeiro Ford a ser produzido ali no ano seguinte. Anos depois, vieram os caminhões e projetos mais modernos, como o primeiro Ka e o Fiesta.
Até que, após perder espaço para a unidade de Camaçari (BA), mais moderna, a Ford decidiu fechar as linhas de produção e vender o local. Em 2020, a venda para a Construtora São José por R$ 550 milhões foi concretizada.
O objetivo era criar um dos principais centros logísticos de São Paulo, mas a nova proprietária acabou repassando o terreno de 1 milhão de metros quadrados para outra empresa, a Prologis. Segundo o Valor, essa nova negociação girou perto de R$ 850 milhões.
De todo modo, o local está desfigurado há anos, após a demolição de quase todos os galpões, como mostra o vídeo abaixo. Atualmente, a Mercedes-Benz aluga parte do espaço e usa como estacionamento de caminhões novos, já que sua fábrica faz divisa de terrenos com a antiga unidade da Ford.
A antiga fábrica de motores da Ford também foi arrematada pela construtora São José. Porém, o negócio foi fechado apenas em 2022. Após especulações de que o terreno de mais de 800 mil m² virasse um centro logístico ou um shopping, a nova dona confirmou que ali seria instalada uma unidade industrial.
A CSN, uma das maiores siderúrgicas do país, vai instalar no local uma fábrica de suas subsidiárias, a Prada Embalagens. Com investimentos de R$ 100 milhões, o local será responsável por produzir embalagens metálicas. Autoesporte procurou a empresa para saber detalhes da inauguração, mas não houve resposta.
Por fim, a maior e mais conhecida fábrica da Ford. A unidade de Camaçari (BA), inaugurada em 2001 e responsável pelos maiores sucessos recentes da Ford, viveu uma novela antes de ter seu destino selado. Entre novembro de 2022 e junho de 2023, o namoro com a chinesa BYD aqueceu e esfriou diversas vezes.
Tudo começou com a assinatura da intenção de compra, ainda no final de 2022. Em março, a marca disse que “estava por detalhes” de fechar negócio. Mas as questões pareceram mais complicadas e o anúncio só aconteceu, mesmo, em julho. Um mês depois, o governo da Bahia finalmente entregou as chaves para a BYD.
Atualmente, a previsão é que as primeiras unidades sejam montadas ainda em 2024, mas a produção plena só será iniciada no ano que vem. O primeiro a sair das linhas de produção será o SUV híbrido Song Pro.
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Fonte: direitonews