Teste: Chevrolet Blazer EV prova que do antigo SUV só restou o nome


O ano era 2011 e muitos acontecimentos impactavam o Brasil e o mundo. A posse da primeira presidente mulher do país, o tsunami do Japão e a marca de 7 bilhões de pessoas no planeta são alguns exemplos bem importantes. Por outro lado, uma das principais notícias da indústria automotiva é que o Chevrolet Blazer, SUV da S10 de primeira geração, estava saindo de linha na época.

Treze anos depois, muita coisa mudou. Para ser ter uma ideia, agora o Chevrolet Blazer está de volta, mas como um SUV elétrico que nada tem a ver com a picape S10 – esse papel continua a ser desempenhado pelo Trailblazer. Traz um design futurista, muita potência e uma das maiores autonomias entre todos os carros elétricos vendidos no país.

Autoesporte testou o novo Chevrolet Blazer EV durante algumas voltas na pista da Fazenda Capuava, um circuito com 2.700 metros de extensão no interior de São Paulo, e conta as primeiras impressões do SUV elétrico em um teste rápido.

Antes, é preciso que você esqueça qualquer relação com aquele SUV baseado na S10 e que você viu muito nas ruas como viatura policial . Afinal, o novo Blazer chega para ser o SUV mais caro (e tecnológico) da marca à venda no Brasil. O preço ainda não foi revelado, mas apuramos que ficará na faixa de R$ 450 mil em sua versão única, a RS, que tem apelo esportivo.

E o que significa exatamente ter apelo esportivo? Explico agora. Em toda a gama da Chevrolet, a versão RS significa um visual com detalhes exclusivos voltados à esportividade. A sigla, aliás, significa “Rally Sport”, em alusão às provas de rali. A Chevrolet oferece essa configuração em outros carros de seu catálogo, como a Montana e o Tracker, por exemplo.

Dito isso, na lateral, as rodas são de 21 polegadas e têm um desenho específico, com seis raios duplos e pontos cromados. Na frente, os faróis lembram os do Volvo EX30 e são interligados por uma barra iluminada. A gravatinha da Chevrolet também traz esse detalhe de iluminação. Já a grade, quase toda fechada, é em preto brilhante, assim como o para-choque e outros detalhes da carroceria.

A traseira é equipada com lanternas de LED imponentes que chegam a invadir as laterais do carro em formato de “T”. Na parte de trás, o logotipo da marca é preto. Dito isso, não dá para negar que o visual chama a atenção de uma forma positiva. Afinal, também é bem diferente do design da concorrência.

Outro ponto que faz com que o Blazer EV seja notado é o seu porte: comprido, largo e baixo, quase como se fosse um hot hatch gigante. Suas dimensões são 4,88 metros de comprimento, 1,98 m de largura e 1,65 m de altura, semelhantes às de um Trailblazer, exceto a altura. O entre-eixos, de 3,09 metros, é o mesmo de uma Kia Carnival.

Portanto, saiba que o espaço interno da segunda fileira é excelente e possibilita que três adultos viajem no local de forma confortável. Para finalizar, o porta-malas (que tem abertura e fechamento elétricos) tem capacidade para 436 litros. Comparando, o número é quase igual ao do sedã Cruze.

Quem senta na parte de trás ainda tem saídas de ar-condicionado, duas entradas USB do tipo C e aquecimento e ventilação de bancos. Normalmente, essa última opção só é oferecida nos assentos da frente.

Falando nisso, quando sentamos no banco do motorista é impossível não notar as telas disponíveis. No para-brisa, o head-up display mostra informações de velocidade e sinalizações de trânsito. Mais embaixo, o painel de instrumentos tem 11 polegadas e é totalmente digital e configurável, o que é um ponto bem positivo, já que o condutor consegue selecionar suas preferências.

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Por fim, a central multimídia ainda é de 17,7″, uma das maiores da categoria. A conexão com Apple CarPlay e Android Auto é sem fio e o funcionamento é simples e intuitivo, com ícones autoexplicativos. Ainda assim, a Chevrolet optou por não entrar na onda do minimalismo e, por isso, ainda vemos botões físicos no console central. Durante a condução, isso ajuda na segurança.

Um dos grandes destaques é o sistema Google Built-In, que utiliza recursos do Google instalados no próprio sistema multimídia, como o mapa de navegação, acionáveis por comando de voz. Compradores do Blazer EV receberão quatro anos de Wi-Fi grátis para usar o recurso. Nada mais justo para quem está comprando o SUV mais caro da Chevrolet no país.

O que pode atrapalhar os usuários do Blazer elétrico é que há apenas entradas USB do tipo C em todo o carro. No entanto, um carregador de celular por indução está disponível para colaborar com a bateria dos smartphones.

O acabamento entrega o que é esperado para um carro desta faixa de preço. Entre os materiais, vemos couro, tecido e suede. Fora isso, as costuras são vermelhas e azuis, como pede uma versão RS. O emblema da configuração, aliás, também aparece nos bancos e no volante. Para fechar, a cabine traz lembranças do Camaro. Isso principalmente pelo formato das saídas do ar-condicionado, que são inspiradas em turbinas de avião. E uma curiosidade: elas têm LED com 26 opções de cores.

Falando em ar-condicionado, o equipamento é dual zone e permite programar a climatização da cabine e dos bancos por dia e horário. Na prática, isso significa que o dono de um Blazer EV pode sair da academia, por exemplo, e entrar no carro já com a cabine climatizada. Teto solar panorâmico, som premium da Bose e retrovisor interno com câmera também fazem parte do pacote.

Na hora de dirigir, não é preciso apertar nenhum botão para ligar ou desligar o Blazer EV. Basta entrar ou sair do SUV em posse da chave — o que facilita a vida de quem está sempre atrasado. Com o cinto de segurança, é só engatar a marcha através da haste posicionada na coluna de direção, assim como acontece nos carros da Mercedes-Benz. Já falei em outros testes e agora repito: não sou fã desse formato. Mas isso, claro, é um mero detalhe.

O que é bem relevante é o conjunto mecânico. O Blazer EV é equipado com um motor elétrico traseiro e, portanto, tem tração traseira. São 347 cv de potência e 44,8 kgfm de torque. Segundo a General Motors, o 0 a 100 km/h é feito em bons 5,8 segundos e a velocidade máxima é de 190 km/h.

Em outros mercados, a Chevrolet oferece uma opção com tração integral de 290 cv. Fora isso, a fabricante americana também vai lançar uma configuração esportiva nos Estados Unidos, chamada de SS, que traz dois motores elétricos e potência combinada de 557 cv.

Imagino que a escolha de uma versão mais potente tenha relação com o peso do SUV elétrico. Afinal, são praticamente 2,5 toneladas — e todo esse peso se faz sentir na hora de acelerar. Não estou dizendo que o Blazer EV deixe algo a desejar, mas a roupagem esportiva e suas características visuais dão a entender que há mais desempenho ali do que de fato o modelo entrega. Na prática, a sensação que fica é a de guiar um SUV de sete lugares, com bom fôlego, mas não tão ágil.

O que colabora para todo esse peso são as baterias de 102 kWh da plataforma Ultium. A Chevrolet informa que escolheu essa versão para o Brasil justamente por conta do alcance proporcionado pelo conjunto de íons de lítio: 481 km de autonomia, já no padrão do Inmetro. Esse número faz o SUV ter o segundo maior alcance do país, atrás apenas do BMW iX xDrive 50 e seus 528 km.

As recargas podem ser feitas a até 22 kW em corrente alternada (AC) ou até 190 kW em corrente contínua (DC), por um bocal que também tem abertura e fechamento elétricos. Isso significa que dá para recarregar até 80% da bateria em 40 minutos. Obviamente, só vamos conseguir testar esses dados quando tivermos uma experiência mais duradoura com o carro.

Por enquanto, posso dizer que o SUV elétrico é estável. Como realizamos um teste dentro de um circuito controlado, foi possível acelerar e realizar frenagens mais bruscas. Ainda assim, em nenhum momento — nem mesmo em curvas fechadas — senti algum tipo de insegurança. A carroceria baixa, com as baterias no assoalho, ajudam a reduzir a altura do centro de gravidade e contribuem para a estabilidade.

Claro que o ambiente de pista fechada com asfalto lisinho não nos permitiu ter uma percepção completa da suspensão, independente nos dois eixos. De qualquer forma, o conjunto teve um saldo positivo durante a passagem pelas zebras.

Uma coisa bem legal do Blazer EV é que, além dos modos de condução (que neste caso são três: Normal, Esportivo e Neve), ainda é possível escolher o nível de sensibilidade do volante, do freio e do acelerador. Isso com certeza faz toda a diferença e deixa a dirigibilidade muito mais confortável para o motorista.

Para completar a lista de tecnologias, o pacote de segurança é (bem) recheado. São oito airbags, câmeras 360º de alta definição, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, alerta de colisão dianteira, de abertura de porta e de pressão dos pneus. Há ainda assistente de tráfego cruzado dianteiro e traseiro, de estacionamento, de permanência em faixa com correção de rota, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e faróis inteligentes.

De fato, o Chevrolet Blazer EV foi o carro mais interessante da Chevrolet do qual já cheguei perto. Fica claro que do Blazer original só restou o nome. O novato elétrico tem todas as características necessárias para fazer parte de um segmento em que a fabricante ainda não está presente no Brasil: o premium. Será que a marca estará preparada para isso? A tarefa de tentar brigar com Audi, BMW e Porsche certamente não será fácil.

Ponto positivo: lista de equipamentos recheada faz o Blazer ser o carro mais tecnológico da Chevrolet à venda no Brasil;
Ponto negativo: Peso do SUV elétrico compromete o desempenho e faz o motorista se sentir a bordo de um SUV de sete lugares.

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Fonte: direitonews

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